quinta-feira, 22 de abril de 2021

FOSSIL RETORNA AOS ESTÚDIOS E OANÇA NOV DISCO, REPLETO DE QUESTIONAMENTOS E EXPERIMENTALISMOS



Intitulado “4”, o álbum foi gravado e produzido em Fortaleza e São Paulo e conta com seis faixas que exploram, entre ritmos e distorções, o atual cenário de incertezas em meio à pandemia

 

Após um hiato de cinco anos, a banda Fossil volta aos estúdios para a gravação do seu quarto álbum, que já está disponível nas principais plataformas digitais. O grupo, que surgiu na cena independente cearense em 2004, foi um dos pioneiros na cidade ao levar o rock para o contexto da música instrumental e experimental, conquistando público e espaço nos principais festivais do Nordeste e São Paulo. Intitulado “4”, este novo trabalho foi gravado à distância pelo quarteto, formado por cozilos Vitor e rodrigo éh @rudriquix, em Fortaleza, e Klaus Sena e Victor Bluhm, na capital paulista. O disco também conta com a participação de músicos como Negro Leo, Thomas Harres, Clau Aniz, Clarisse Aires e Gabriel de Sousa.

 

Conforme explica cozilos Vitor, guitarrista e um dos fundadores da Fossil, o álbum, que possui seis faixas, tem como fio condutor a urbanicidade brasileira, com seus contrastes, desigualdades, peculiaridades e, principalmente, os sentimentos que esses grandes centros urbanos evocam. Como a gravação e a produção de “4” ocorreu no período da pandemia, esse processo criativo, entre dúvidas e (in)certezas, torna-se ainda mais evidente. 

 

“Esse é um disco de reencontro em meio a todo esse caos em que estamos vivendo, o que não deixa de ser uma dualidade de sentimentos. É a alegria de estar produzindo algo novo depois de cinco anos, mas, ao mesmo tempo, temos muitas dúvidas sobre o futuro. O álbum tem ritmos que podem ser dançados, despertando um sentimento obscuro ou até uma possibilidade de luz no fim de túnel. Tudo com um quê de ironia, humor denso e essa mistura de otimismo e pessimismo”, destaca cozilos Vitor.  

 

Já o baixista Klaus Sena explica que a inspiração para “4” vem em boa parte de gravações antigas de jazz, com o improviso conduzindo todas as canções, além de ser um “mergulho interior de sentimentos, sonhos e lembranças”, como o artista faz questão de ressaltar. 

 

Novas formas de criar

 

Pela primeira vez na história da Fossil, a criação de um álbum foi feita de maneira diferente em relação aos três primeiros trabalhos, Desconforto (2004), Insônia (2008) e Mocumentário (2012), muito em razão da separação geográfica e também pela pandemia. Se antes, as composições nasciam a partir de encontros e convivências, que posteriormente eram trabalhadas pelo grupo no estúdio, no “4”, os músicos acabaram encontrando um formato diferente, mas sem perder a essência que sempre norteou o processo criativo da Fossil, como destaca rodrigo éh @rudriquix.

“Neste trabalho, tivemos que buscar uma nova maneira de criação, um processo um pouco mais frio, até, mas sempre buscando não perder o calor do improviso”, reforça. Victor Bluhm, por sua vez, também destaca o aspecto livre que norteou este álbum. O improviso, que antes era trabalhado entre os integrantes, fluiu naturalmente na própria gravação das músicas, tudo “take one”.

O resultado, para rodrigo éh @rudriquix, é um “pós-rock brasileiro”, que por sua vez também passeia por estilos e climas diferentes, na tentativa de narrar distâncias imensuráveis de um novo momento da humanidade, que afetou – e afeta – diretamente o quarteto cearense. “Foi tudo no nosso tempo, no ritmo natural das coisas, que começou ainda em 2019”, ressalta.

Assim, nesse misto de sentimentos, que os integrantes comemoram o retorno do grupo com o disco “4”, mesmo nesse período de incertezas, uma vez que a arte não deixa de ser uma maneira de questionar e transformar a realidade em que vivemos atualmente. “Mais do que nunca, é importante que cada um esteja ligado no que acontece na sua própria cidade, no seu bairro, nas cenas, nos trabalhos e comunidade/coletivos das quais fazemos faz parte. Apoie iniciativa independente e chegue junto”, finaliza cozilos Vitor.

  


Com informações da Jornalista Bebel Medal

Foto: Melina Aragão

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