Quaresma
com São José! A cada semana da Quaresma, o Pe. Rafhael Silva Maciel propõe uma
pequena catequese, que este ano terá como linha guia o Ano de S. José,
proclamado pelo Papa Francisco. Esta semana o tema é: A “Paixão” com São José.
Pe. Rafhael é Missionário da Misericórdia e Mestre em Sagrada Liturgia. Confira
a sétima reflexão.
Vatican News
Estamos chegando ao final da Quaresma, que devemos
ter aproveitado como caminho favorável de conversão, oferecido a nós pelo
Senhor e pela sua Igreja. Nesse ano nos propomos a fazer esse caminho
acompanhados pelo glorioso São José.
Uma das práticas devocionais da tradição popular da
Igreja são as 7 dores e alegrias de São José e nessa
última catequese da Quaresma com São José vamos nos aproximar das dores do
Santo Patriarca, e perceber através delas como o Chefe da Santa Família pôde
estar unido, antecipadamente, ao mistério da Páscoa de Jesus Cristo.
As sete dores de São José são retiradas
de trechos dos Evangelhos em que ele, de algum modo, sofreu junto com Jesus e
Maria no cumprimento da vontade do Pai: 1ª. A angústia ao ter de aceitar a
ideia de abandonar a sua castíssima noiva por algo que não conseguia
compreender (Mt 1,18s); 2ª. Ver nascer em meio à pobreza o Deus Menino (Jo
1,11/Lc 2,6-7); 3ª. Ver o sangue de Jesus sendo derramado na circuncisão (Lc
2,21); 4ª. Ouvir a profecia de Simeão a respeito dos sofrimentos pelos
passariam Jesus e Maria (Lc 2,34s); 5ª. Ter que sustentar o Filho do Altíssimo
e sua esposa, na fuga para o Egito (Mt 2,13); 6ª) O medo de reconduzir do Egito
o Filho e a esposa, por temor de Arquelau (Mt 2, 22); 7ª. A perda do Menino
Jesus, que teve de procurar por três dias (Lc 2,44s).
Na da Paixão de Cristo São José, seu pai adotivo,
não estava, já havia morrido. Mas, a perseverança até o fim da parte de Jesus e
a força incomparável de Maria, sem dúvida receberam luzes, também, da memória
do tempo com José em Nazaré. Na Cruz, a profecia de Simeão, que José ouviu, no
Templo, cumpriu-se. Ele havia escutado o anúncio de que a Paixão viria e que,
Aquele que lhe chamou de pai, na terra, resgataria toda a humanidade do pecado
e da morte, debaixo de sofrimento.
José ouviu o choro e a dor que o seu Filho passou
para que se cumprisse o ato religioso da circuncisão. Certamente, se estivesse
presente ao dia da Cruz, lembrar-se-ia do sangue que Jesus, ainda
recém-nascido, já havia “derramado” no momento da circuncisão ritual.
Ao nos aproximarmos da Sexta-feira da Paixão,
sabemos que, mais do que aquela pequena quantidade de sangue derramado pela
circuncisão, Jesus derramou seu sangue durante os flagelos que sofreu até
chegar à Cruz. Na verdade, toda a vida de Jesus foi “derramamento” de sangue,
foi sacrifício agradável a Deus Pai.
Terminando os exercícios quaresmais, com São José,
aprendamos a oferecer os pequenos e grandes sacrifícios, “derramando nosso
sangue” como Jesus, fazendo oferta de nós mesmos ao Pai, com Cristo no
Espírito. Falar de sacrifício parece algo “fora de moda”, mesmo em alguns
ambientes eclesiais. Mas, não podemos perder de vista que o preço do nosso
resgate foi o Sacrifício perfeito e santo do “filho do carpinteiro”.
Papa Francisco diz que “a vida cristã é uma
luta permanente. Requer-se força e coragem para resistir às tentações do
demônio e anunciar o Evangelho. Esta luta é magnífica, porque nos permite
cantar vitória todas as vezes que o Senhor triunfa na nossa vida” (Gaudete
et exultate, n.158).
Em tempo de pandemia, de dores e mortes que afligem
nossos povos, causadas pelo vírus, ou por doenças psicológicas e espirituais,
seja pelo desemprego e a miséria, o Santo Carpinteiro nos acompanha, na
contemplação da dor da Paixão, ama-nos “com coração de pai: assim
[como] amou a Jesus” (Patris corde).
A Quaresma nos prepara para recomeçarmos com
Cristo. Da sétima dor de S. José sabemos que perder alguém dói muito, o coração
aperta e angustia-se. Como fruto quaresmal, queiramos de todo coração que nunca
nos suceda perdermos a Jesus por culpa grave, e se acontecer de o perdermos,
com contínua dor o procuremos e o encontremos.
Como um último gesto concreto quaresmal,
na escola de S. José, “pai na Paixão” durante essa Semana Santa
procuremos ser portadores da Boa Notícia para aqueles com quem nos
encontrarmos, deixando de lado qualquer murmuração! Outro
gesto permanece: a obra de caridade de fazer alguma doação de
alimentos, entre outros bens para irmãos que passam necessidade nessa hora tão
difícil.
São José, providenciai!
Boa oração, abençoada meditação!
Roma, 31 de março de 2021
Quarta-feira da Semana Santa
Pe. Rafhael Silva Maciel
Missionário da Misericórdia
Mestre em Sagrada Liturgia
Fonte: Vatican News
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