A
herança espiritual, o perdão e a conversão foram as palavras-chave do discurso
do Papa Francisco durante o encontro com a Comunidade de Qaraqosh no domingo, 7
de março. Na ocasião o Santo Padre rezou o Angelus com os presentes
Jane Nogara - Vatican News
Depois de fazer a oração pelas vítimas da guerra em
Mosul, o Papa Francisco foi a cidade de Qaraqosh para encontrar a comunidade
local. O encontro foi realizado na igreja da Imaculada Conceição. Depois de ser
acolhido pelo Patriarca sírio-católico, o Papa fez um discurso e em seguida
rezou o Angelus junto com a comunidade. O Santo Padre encontrou uma comunidade
com grande diversidade cultural e religiosa e disse que “isto mostra algo da
beleza que a vossa região tem para oferecer ao futuro. A vossa presença aqui
lembra que a beleza não é monocromática, mas resplandece pela variedade e as
diferenças”. Lembrando depois, “com grande tristeza, olhamos ao nosso redor e
vemos outros sinais: os sinais do poder destruidor da violência, do ódio e da
guerra”. Porém como recordou o Papa a “última palavra pertence a Deus e ao seu
Filho, vencedor do pecado e da morte".
“Mesmo
no meio das devastações do terrorismo e da guerra podemos, com os olhos da fé,
ver o triunfo da vida sobre a morte”
A herança espiritual é a vossa força
Falando sobre a herança espiritual dos pais e mães
na fé disse: “A grande herança espiritual que nos deixaram continua a viver em
vós. Abraçai esta herança! Esta herança é a vossa força. Agora é o momento de
reconstruir e recomeçar, confiando-se à graça de Deus, que guia o destino de
cada homem e de todos os povos”. Francisco recordou também que os filhos
não herdarão apenas uma terra, uma cultura e uma tradição, "mas também os
frutos vivos da fé, que são as bênçãos de Deus sobre esta terra".
“Animo-vos
a não esquecer quem sois e donde vindes; a preservar os laços que vos mantêm
unidos, a guardar as vossas raízes”
Conhecendo nossas fragilidades como homens o Papa
consolou: “Com certeza há momentos em que a fé pode vacilar, quando parece que
Deus não vê nem intervém. Sentistes a verdade disto nos dias mais negros da
guerra, e é verdade também nestes dias de crise sanitária mundial e de grande
insegurança. Nestes momentos, lembrai-vos que Jesus está ao vosso lado. Não
deixeis de sonhar. Não desistais, não percais a esperança”.
Perdão é a palavra-chave
Recordando o testemunho de uma senhora antes de seu
discurso afirmou: “Comoveu-me uma coisa que disse a Senhora Doha: o perdão é
necessário por parte daqueles que sobreviveram aos ataques terroristas. Perdão:
esta é uma palavra-chave. O perdão é necessário para permanecer no amor, para
se permanecer cristão”. “É preciso capacidade de perdoar e, ao mesmo tempo,
coragem de lutar. Sei que isto é muito difícil. Mas acreditamos que Deus pode
trazer a paz a esta terra. Confiamos n’Ele e, unidos a todas as pessoas de boa
vontade, dizemos 'não' ao terrorismo e à instrumentalização da religião”.
Conversão e proteção
Francisco pediu também orações pela conversão: “Não
nos cansemos de rezar pela conversão dos corações e pelo triunfo de uma cultura
da vida, da reconciliação e do amor fraterno, no respeito pelas diferenças,
pelas diversas tradições religiosas, no esforço por construir um futuro de
unidade e colaboração entre todas as pessoas de boa vontade". O Papa
recordou que a igreja conta com a proteção de Nossa Senhora e falou sobre a
imagem da Imaculada Conceição colocada no teto da igreja: “Aqui a sua estátua
foi danificada e espezinhada, mas o rosto da Mãe de Deus continua a olhar-nos
com ternura. Porque é assim que fazem as mães: consolam, confortam, dão
vida".
Por fim fez uma particular saudação às mulheres:
“Gostaria
de agradecer cordialmente a todas as mães e mulheres deste país, mulheres
corajosas que continuam a dar vida não obstante os abusos e as feridas. Que as
mulheres sejam respeitadas e protegidas! Que lhes sejam dadas atenção e
oportunidades!”
Fonte: Vatican News
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