Mariangela Jaguraba - Vatican News
"O Tríduo Pascal" foi o tema da catequese
do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, realizada na
Biblioteca do Palácio Apostólico.
"Já imersos na atmosfera espiritual da Semana
Santa, estamos na vigília do Tríduo pascal. De amanhã até domingo viveremos os
dias centrais do Ano" litúrgico, celebrando o mistério da Paixão, Morte e
Ressurreição do Senhor. Vivemos este mistério todas as vezes que celebramos a
Eucaristia. Quando vamos à missa, vamos não apenas para rezar, mas para renovar
este mistério. É como se fôssemos ao Calvário para renovar o mistério
pascal", disse o Pontífice no início de sua catequese.
A seguir, o Papa recordou que "na noite
de Quinta-feira Santa, ao entrarmos no Tríduo pascal, reviveremos
na Missa in Coena Domini o que aconteceu na Última Ceia. É a
noite em que Cristo entregou aos seus discípulos o testamento do seu amor na
Eucaristia, não como uma lembrança, mas como um memorial, como a sua presença
perene. É a noite em que Ele nos pede para nos amarmos uns aos outros, tornando-nos
servos uns dos outros, como fez ao lavar os pés dos discípulos. É um gesto que
antecipa a cruenta oblação na cruz".
"A Sexta-feira Santa é um dia de penitência,
jejum e oração", recordou o Papa. "Através dos textos da Sagrada
Escritura e das orações litúrgicas, estaremos como que reunidos no Calvário
para celebrar a Paixão e a Morte Redentora de Jesus Cristo. Teremos na mente e
no coração o sofrimento dos doentes, dos pobres, dos descartados deste mundo;
recordaremos os “cordeiros imolados”, vítimas inocentes de guerras, ditaduras,
violência diária, abortos. Levaremos diante da imagem do Deus crucificado, em
oração, os muitos, demasiados crucificados de hoje, que só d'Ele podem receber
o conforto e o significado do seu sofrimento. Hoje, existem muitos! Não se
esqueçam dos crucificados de hoje que São a imagem do crucificado, Jesus. Neles
está Jesus", disse ainda Francisco, acrescentando:
Desde que Jesus tomou sobre si as chagas da
humanidade e da própria morte, o amor de Deus irrigou estes nossos desertos,
iluminou estas nossas trevas. Porque o mundo está nas trevas! Recordemos todas
as guerras em andamento neste momento. De todas as muitas crianças que morrem
de fome, das crianças que não têm escola, de povos inteiros destruídos pela
guerra, pelo terrorismo, de muitas pessoas que para se sentirem melhor precisam
da droga, da indústria da droga que mata, mas é uma calamidade! É um deserto!
Existem pequenas ilhas do povo de Deus, tanto cristão quanto de qualquer outra
fé, que guardam no coração o desejo de serem melhores. Mas, vejamos a
realidade: neste Calvário de morte, é Jesus que sofre nos seus discípulos.
A seguir, o Papa recordou que "o Sábado
Santo é o dia do silêncio: há um grande silêncio em toda a Terra; um
silêncio, vivido no pranto e na perplexidade pelos primeiros discípulos,
perturbados com a morte ignominiosa de Jesus. Enquanto o Verbo está em
silêncio, enquanto a Vida está no túmulo, aqueles que tinham esperança n'Ele
são postos à prova, sentem-se órfãos, talvez até órfãos de Deus. Este sábado é
inclusive o dia de Maria: também ela o vive em lágrimas, mas o seu coração está
cheio de fé, cheio de esperança, cheio de amor".
"Na escuridão do Sábado santo, irromperão a
alegria e a luz com os ritos da Vigília pascal e o canto
jubiloso do Aleluia", frisou o Papa. "Será um
encontro de fé com o Cristo ressuscitado, e a alegria pascal continuará ao
longo dos cinquenta dias que se seguirão. Aquele que foi crucificado,
ressuscitou! O Ressuscitado dá-nos a certeza de que o bem triunfa sempre sobre
o mal, que a vida vence sempre a morte. O Ressuscitado é a confirmação de que
Jesus tem razão em tudo: em prometer-nos vida para além da morte e perdão para
além dos pecados. Os discípulos duvidaram, não acreditaram. A primeira a crer e
a ver foi Maria Madalena, ela foi a apóstola da ressurreição. Ela foi contar
que Jesus a tinha visto, que a tinha chamado pelo nome. E então, todos os
discípulos viram." A seguir, o Papa disse:
Mas, eu gostaria de me deter nisto: os guardas, os
soldados, que estavam no sepulcro para não deixar que os discípulos viessem e
levassem o corpo, o viram: eles o viram vivo e ressuscitado. Os inimigos o
viram, mas fingiram que não o tinham visto. Por que? Porque foram pagos. Eis o
mistério, eis o verdadeiro mistério do que Jesus disse uma vez: “Há dois
senhores no mundo, dois, não mais que dois: Deus e o dinheiro. Quem serve ao
dinheiro é contra Deus”. Aqui foi o dinheiro que mudou a realidade. Eles viram
a maravilha da ressurreição, mas foram pagos para ficar em silêncio.
Francisco convidou a pensar "nas muitas vezes
que homens e mulheres cristãos foram pagos por não reconhecerem na prática a
ressurreição de Cristo e não fazem o que Cristo nos pediu para fazer, como
cristãos". O Papa concluiu sua catequese com as seguintes palavras:
Estimados
irmãos e irmãs, também este ano viveremos as celebrações da Páscoa no contexto
da pandemia. Em tantas situações de sofrimento, especialmente quando quem as
padece são indivíduos, famílias e povos já provados pela pobreza, calamidade ou
conflito, a Cruz de Cristo é como um farol que aponta o porto para os navios
ainda a flutuar num mar tempestuoso. A Cruz de Cristo é o sinal de esperança
que não desilude; e nos diz que nem uma lágrima, nem sequer um gemido, são
perdidos no desígnio de salvação de Deus. Peçamos ao Senhor que nos dê a graça
de servir, de reconhecer esse Senhor e de não nos deixar pagar para esquecê-lo.
Fonte: Vatican News
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