O
Papa ressaltou à comunidade do Pontifício Colégio Mexicano de Roma que os
problemas atuais exigem dos sacerdotes a necessidade de se configurarem ao
Senhor e ao olhar de amor com que Ele nos contempla. "Ao conformar o nosso
olhar com o seu, o nosso se transforma em olhar de ternura, reconciliação e
fraternidade", disse Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta
segunda-feira (29/03), na Sala Clementina, no Vaticano, os membros da
Comunidade do Pontifício Colégio Mexicano.
O Pontífice iniciou o seu discurso, recordando o
seu encontro com o povo mexicano durante sua viagem apostólica ao México, em
2016, "que de certa forma se renova a cada ano com a celebração da
Solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe aqui na Basílica Vaticana", disse
ele.
A seguir, Francisco ressaltou que os problemas
atuais exigem dos sacerdotes a necessidade de se configurarem ao Senhor e ao
olhar de amor com que Ele nos contempla. "Ao conformar o nosso olhar com o
seu, o nosso se transforma em olhar de ternura, reconciliação e
fraternidade", disse o Papa, destacando esses três pontos.
O primeiro, "a necessidade de ter um olhar de
ternura com que nosso Deus Pai vê os problemas que afligem a sociedade:
violência, desigualdades sociais e econômicas, polarização, corrupção e falta
de esperança, especialmente entre os jovens". "A configuração cada
vez mais profunda com o Bom Pastor desperta em cada sacerdote uma autêntica
compaixão, tanto pelas ovelhas a ele confiadas quanto por aquelas que se extraviaram.
Somente deixando-nos moldar por Ele se intensifica a nossa caridade pastoral,
onde ninguém é excluído de nossa solicitude e oração", sublinhou
Francisco.
Em segundo lugar, o Papa destacou que "é
preciso ter um olhar de reconciliação".
As dificuldades sociais que estamos atravessando,
as enormes diferenças e a corrupção exigem de nós um olhar que nos torne
capazes de tecer juntos os vários fios que se fragilizaram ou foram cortados na
tilma multicolorida de culturas que compõem o tecido social e religioso da
nação, prestando atenção, sobretudo, àqueles que foram descartados por causa de
suas raízes indígenas ou de sua particular religiosidade popular. Nós pastores
somos chamados a ajudar a reconstruir relações respeitosas e construtivas entre
pessoas, grupos humanos e culturas dentro da sociedade, propondo a todos
"deixar-se reconciliar por Deus" e comprometer-se com o
restabelecimento da justiça.
Por fim, "o nosso tempo atual nos impele a ter
uma visão de fraternidade. Os desafios que enfrentamos são de tal magnitude que
abrangem o tecido social e a realidade globalizada interconectada pelas redes
sociais e os meios de comunicação. Por isso, junto com Cristo, Servo e Pastor,
devemos ser capazes de ter uma visão de conjunto e unidade, que nos impulsiona
a criar fraternidade, que nos permite evidenciar os pontos de conexão e
interação no coração das culturas e na comunidade eclesial".
Um olhar que facilite a comunhão e a participação
fraterna, que anime e oriente os fiéis a respeitarem a nossa Casa comum e serem
construtores de um mundo novo, em colaboração com todos os homens e mulheres de
boa vontade. Para ser assim, precisamos da luz da fé e da sabedoria de quem
sabe “tirar as sandálias” para contemplar o mistério de Deus e, desse ponto de
vista, ler os sinais dos tempos.
Segundo o Papa, "é fundamental harmonizar na
formação permanente as dimensões acadêmica, espiritual, humana e pastoral. Ao
mesmo tempo, precisamos nos conscientizar de nossas deficiências pessoais e
comunitárias, bem como das negligências e faltas que temos que corrigir em
nossa vida. Somos chamados a não subestimar as tentações mundanas que podem
levar a um conhecimento pessoal insuficiente, a atitudes autorreferenciais, ao
consumismo e às várias formas de evasão de nossas responsabilidades".
O
Papa concluiu, pedindo a Nossa Senhora de Guadalupe e a São José para que
cuidem de todo o Clero do México e da comunidade do Pontifício Colégio
Mexicano.
Fonte: Vatican News
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