O Papa chegou ao Iraque
pouco antes do meio-dia desta sexta-feira, recebendo uma calorosa acolhida no
Aeroporto Internacional de Bagdá.
Jackson Erpen -
Vatican News
"Obrigado
pelo seu testemunho. Que os muitos, demasiados mártires que vocês conheceram
nos ajudem a perseverar na humilde força do amor. Gostaria de lhes trazer o
carinho afetuoso de toda a Igreja, que está próxima de vocês e ao mortificado
Oriente Médio e os encoraja a seguir em frente”, disse o Papa Francisco na
mensagem aos iraquianos divulgada no dia anterior a sua viagem.
E como mensageiro de
paz, o Papa Francisco chegou ao Iraque no final da manhã desta sexta-feira, 5
de março. O voo AZ 4000 da Alitália aterrissou no Aeroporto Internacional
de Bagdá pouco antes das 12 horas, horário local.
O chefe do protocolo
no Iraque subiu as escadas dianteiras do avião para saudar o Papa, antes de
descer e ser recebido na pista pelo primeiro ministro Mustafa Abdellatif
Mshatat, conhecido como Al-Kadhimi e pelo Sr. Rahman Farhan Abdullah Al-Ameri,
Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Iraque junto à Santa Sé, além
de outras autoridades civis e religiosas. Duas crianças em vestes tradicionais
ofereceram flores amarelas ao Papa, que durante todo o tempo usou máscara
protetora. Na acolhida oficial não são proferidos discursos.
Após a apresentação
das delegações e a passagem pela Guarda de Honra, o primeiro ministro e o Pontífice
dirigiram-se à Sala VIP do aeroporto, mas logo ao entrar no saguão do
aeroporto, Francisco foi acolhido calorosamente por jovens vestindo vestes
tradicionais, que cantavam músicas típicas em árabe, dançavam e acenavam
bandeiras o Iraque e do Vaticano. Seguiu o encontro privado entre o Pontífice e
o primeiro-ministro.
Francisco oferecerá a
Al-Kadhimi um Trítico, uma medalha de prata alusiva à viagem e uma edição
especial da "Fratelli tutti". Do aeroporto, o
Papa segue para o Palácio Presidencial.
Durante
o voo Papa recebe Prêmio de Jornalismo Maria Grazia Cutuli
Durante o voo, os
jornalistas conferiram ao Papa Francisco o
Prêmio de Jornalismo Maria Grazia Cutuli, intitulado à
jornalista italiana morta há 20 anos no Afeganistão. Os jornalistas ficaram
muito tocando pela última Mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações
Sociais, quando disse “a crise editorial corre o risco de levar
a uma informação construída nas redações, diante do computador, nos terminais
das agências, nas redes sociais, sem nunca sair à rua, sem «gastar a sola dos
sapatos», sem encontrar pessoas para procurar histórias ou verificar com os
próprios olhos determinadas situações. Mas, se não nos abrimos ao encontro,
permanecemos espectadores externos, apesar das inovações tecnológicas com a
capacidade que têm de nos apresentar uma realidade engrandecida onde nos parece
estar imersos. Todo o instrumento só é útil e válido, se nos impele a ir e ver
coisas que de contrário não chegaríamos a saber, se coloca em rede
conhecimentos que de contrário não circulariam, se consente encontro que de
contrário não teriam lugar.” E o Papa dá o exemplo disso, como atesta
essa viagem. Francisco que, como um "enviado especial", “gasta a
sola” de seus sapatos pretos, sendo um exemplo para todos os jornalistas para
fazer com seriedade este trabalho.
Primeiro
dia do Papa no Iraque
O primeiro
compromisso oficial do Papa Francisco em terras iraquianas será a Cerimônia de
boas-vindas no Palácio Presidencial, com a visita de cortesia ao presidente da
República, Barham Ahmed Salih Qassim. Segue o encontro com as Autoridades, a
Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, no grande salão do Palácio Presidencial.
Após a saudação do
presidente e o discurso do Santo Padre, Francisco dirige-se para a Catedral de
Sayidat al-Nejat (Nossa Senhora da Salvação), distante 8,4 km, para o encontro
com os bispos, sacerdotes, religiosos/as, seminaristas e catequistas.
Ao final, Francisco
se desloca para a Nunciatura Apostólica de Bagdá, distante 3,3 km, onde passará
a noite.
A
capital, Bagdá
A capital da
República do Iraque, foi fundada em 762 pelo califa abásside al-Mansur, no
local onde o curso do rio Tigre se aproxima ao Eufrates, em uma das áreas
culturais mais antigas da humanidade, a Mesopotâmia.
A posição favorável
para o comércio e a administração do território permitiu que a cidade crescesse
e prosperasse até se tornar um dos centros culturais mais importante do mundo.
Do esplendor alcançado pelos abássidas, ainda temos ecos nas histórias de
"As Mil e Uma Noites", em grande parte ambientadas na cidade, que
pelos maravilhosos palácios e jardins era conhecida como a "cidade da
paz".
Foi ali que ele
nasceu, como biblioteca privada do califa abássida Harun al Rashid (Harune
Arraxide), a Bayt al-Haikma, a "Casa da Sabedoria", ampliada mais
tarde por seu filho e sucessor al Ma'mun, um dos lugares de estudo mais
conhecidos da história. Partindo de uma biblioteca privada, este lugar
expandiu-se cada vez mais, tornando-se público e dando a oportunidade aos
estudiosos de consultar mais de meio milhão de livros.
A Bayt al Hikmah
representou no mundo o mais importante centro de conhecimento por vários
séculos. No entanto, não sobreviveu às devastações sofridas pela capital
abássida: incêndios, guerras civis e, por fim, a invasão devastadora dos
mongóis liderados pelo sobrinho de Genghis Khan, Hülegü. Com o fim do Califado,
no século XIII, teve início a decadência de Bagdá.
Saqueada pelos
mongóis em 1258, destruída por Timer em 1400, passou a fazer parte do Império
Otomano em 1638, até o século XX, sendo ocupada posteriormente pelos
britânicos, durante a Primeira Guerra Mundial.
Em 1932, com a
independência, voltou a ser um importante centro cultural no mundo árabe, e na
década de 1970, graças ao petróleo, conheceu um período de prosperidade, que
terminou definitivamente após o conflito com o Irã, as Guerras do Golfo, a
queda do ditador Saddam Hussein e ocupação militar em 2003.
Bagdá, cujo nome
parece derivar do antigo persa "Bagh" e "Dad", ou
"presente de Deus", pela forma perfeitamente circular do seu núcleo
original, sempre foi definida como "Cidade Redonda". Ali, dentro de
três círculos de muros concêntricos, Al-Mansur construiu seu palácio, o
opulento Golden
Gate Palace, com uma cúpula verde mais de 40 m de altura, e a
adjacente Grande Mesquita.
Na cidade atual,
abundam os monumentos construídos por ordem de Saddam Hussein, para celebrar
sua figura e suas vitórias. Entre os principais, o Arco de Mãos da Vitória, o
Monumento ao Soldado Desconhecido, e o monumento Al-Shaheed, que comemoram a
Guerra Irã-Iraque.
Hussein também mandou
construir algumas mesquitas, entre as quais a mesquita Umm al-Mahare, ou
"Mãe de todas as batalhas", na periferia, cujos minaretes têm a forma
de fuzis Kalashkinov e mísseis Scud; a mesquita kazimayn, localizada a noroeste
de Bagdá, típico exemplo de arte islâmica, onde são conservados os túmulos dos
Imames venerados por muçulmanos xiitas. E no bairro de Bab al-Sheik, a mesquita
al-Qadiriya, que já foi uma escola Alcorão.
Marcos de referência
da capital, separados pelo rio Tigre, são o Santuário Khadhimiya e a Mesquita
Abu Hanifa, em Adhamiya, uma das mais importantes mesquitas sunitas na capital;
o Palácio de Saddam Hussein, construído por sua vontade em 1988 em uma colina
no alto da cidade; o Museu Nacional iraquiano - fundado em 1926 pela arqueóloga
e viajante britânica Gertrude Bell, conhecida como a "Rainha de
Bagdá" - o qual, em 2003, após a invasão estadunidense, foi saqueado de
suas preciosas antiguidades, que datam de mais de 5.000 anos; o zoológico
construído em 1971, que em 2003 foi completamente devastado, mas agora
acessível novamente; os bairros característicos de Karrada e Al Mansour; e o
mercado histórico de Shorja, o maior souk ao ar livre da cidade, que remonta à
era abássida.
Fonte: Vatican News
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