"Contemplemos
a paciência de Deus e imploremos a paciência confiante de Simeão, para que
também os nossos olhos possam ver a luz da Salvação e levá-la a todo o
mundo". Palavras de Francisco na homilia da Festa da Apresentação do
Senhor e Dia Mundial da Vida Consagrada nesta terça-feira, 2 de fevereiro
Jane Nogara - Vatican News
Na festa da Apresentação do Senhor e Dia Mundial da
Vida Consagrada o Papa Francisco presidiu a Santa Missa no Altar da Cátedra da
Basílica Vaticana. Na sua homilia falou sobre a paciência de Deus. Iniciou com
a paciência de Simeão: “Vejamos de perto a paciência de Simeão. Durante toda a
vida, esteve à espera exercitando a paciência do coração (…). Caminhando com
paciência, Simeão não se deixou quebrantar com o passar do tempo (…) não perdeu
a esperança; com paciência, guarda a promessa, sem se deixar consumir de
amargura pelo tempo passado nem por aquela melancolia resignada que surge
quando se chega ao crepúsculo da vida”.
E Francisco explica que em Simeão “a expectativa do
esperado traduziu-se na paciência quotidiana de quem, apesar de tudo,
permaneceu vigilante até que, finalmente, os seus ‘olhos viram a Salvação’ (Lc 2,
30)”.
“Onde
terá Simeão aprendido esta paciência? Recebeu-a da oração e da vida do seu
povo, que sempre reconheceu, no Senhor, o Pai que mesmo em presença da recusa e
da infidelidade não se cansa; antes, a sua ‘paciência suportou-os durante
muitos anos’ ,para conceder sempre a possibilidade da conversão”
A paciência de Deus
Francisco continua:
“Assim, a paciência de Simeão é espelho da paciência
de Deus. A partir da oração e da história de seu povo, Simeão aprendeu que
Deus é paciente. E com a sua paciência, como afirma São Paulo, ‘convida à
conversão’ (Rm 2, 4)”. E esclarece explicando que há de ser
sobretudo Jesus “a revelar-nos a paciência de Deus, o Pai que usa de
misericórdia para conosco e chama até à última hora, que não exige a perfeição,
mas a generosidade do coração”.
“O
seu amor não se mede com os pesos dos nossos cálculos humanos, mas sempre nos
infunde a coragem de recomeçar”
A nossa paciência
O Papa segue falando sobre “A nossa paciência” e
explica:
“Não é simples tolerância das dificuldades nem
suportação fatalista das adversidades. A paciência não é sinal de fraqueza: a
fortaleza de ânimo torna-nos capazes de suportar a carga dos problemas pessoais
e comunitários (…) impele-nos a caminhar mesmo quando nos assaltam o tédio e a
preguiça”.
Três lugares onde se concretiza a
paciência
Dirigindo-se particularmente aos consagrados
sugere: “Gostaria de indicar três ‘lugares’ onde se concretiza a
paciência".
O primeiro é a nossa vida pessoal. Um
dia respondemos o chamado do Senhor, oferecendo-nos a Ele com entusiasmo e
generosidade. Ao longo do caminho, a par das consolações, tivemos também
decepções e frustrações. Às vezes, o resultado esperado não corresponde ao
entusiasmo do nosso trabalho”, porém adverte o Pontífice:
“Devemos
ter paciência conosco e esperar, confiantes, os tempos e as modalidades de
Deus: Ele é fiel às suas promessas. Lembrar-nos disto permite repensar os
percursos e revigorar os nossos sonhos, sem ceder à tristeza interior e ao
desânimo”
O segundo lugar onde se concretiza a
paciência: a vida comunitária. As relações humanas, especialmente
quando se trata de partilhar um projeto de vida e uma atividade apostólica, nem
sempre são pacíficas (…), é preciso saber dar tempo ao tempo, procurar não
perder a paz, esperar o momento melhor para uma clarificação na caridade e na
verdade”.
“Lembremo-nos
disto: o Senhor não nos chama para ser solistas, mas para fazer parte dum coro,
que às vezes desafina, mas sempre deve tentar cantar em conjunto”
Paciência com o mundo
Enfim o terceiro “lugar”, a paciência com o
mundo. Francisco diz que precisamos da paciência de Simeão e Ana para não
entoar o lamento pelo que está errado, mas esperar com paciência a luz na
obscuridade da história.
“Precisamos
desta paciência, para não acabarmos prisioneiros das lamentações”
Concluindo o Santo Padre afirma:
“A
paciência ajuda-nos a olhar com misericórdia para nós mesmos, as nossas
comunidades e o mundo”. E sugere uma auto conscientização: “Acolhemos nós
a paciência do Espírito na nossa vida? Nas nossas comunidades, carregamo-nos
mutuamente aos ombros e mostramos a alegria da vida fraterna? E, com o mundo,
realizamos o nosso serviço com paciência ou julgamos com severidade? São desafios
para a nossa vida consagrada: não podemos ficar parados na nostalgia do
passado, nem limitar-nos a repetir sempre as mesmas coisas. Precisamos da
paciência corajosa de caminhar, explorar novos caminhos, procurar aquilo que o
Espírito Santo nos sugere”.
Fonte: Vatican News
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