Em 21 de fevereiro de 2001,
João Paulo II criou o arcebispo de Buenos Aires como cardeal. O aniversário foi
lembrado durante um programa especial em língua italiana da Rádio Vaticano,
que, entre os convidados, contou com o diretor editorial do Dicastério para a
Comunicação, Andrea Tornielli.
Amedeo Lomonaco –
Vatican News
Era 21 de fevereiro
de 2001. O Papa João Paulo II, na homilia por ocasião do Consistório ordinário
público, destacou que era um dia especial: "hoje é uma grande festa para a
Igreja universal, que é enriquecida com 44 cardeais". Entre os novos
purpurados estava também o então arcebispo de Buenos Aires, Jorge Mario
Bergoglio, que será eleito Sumo Pontífice no dia 13 de março de 2013.
"A Roma
'católica'", acrescentou o Papa Wojtyla, pronunciando palavras já
projetadas para o futuro, "se une em torno dos novos cardeais num abraço
caloroso, conscientes que se está escrevendo uma outra página significativa da
sua história de dois mil anos”. “O navio da Igreja", disse ainda João
Paulo II naquela ocasião, "está prestes a 'zarpar novamente' para levar ao
mundo a mensagem de salvação". Juntos queremos navegar ao vento do
Espírito, examinando os sinais dos tempos e interpretando-os à luz do Evangelho
para responder às questões perenes dos homens sobre o sentido da vida presente e
futura e sobre as suas relações recíprocas (Gaudium et spes, 4)".
Uma Igreja que abre
as portas
Aquela de 20 anos
atrás é uma data distante, mas ainda relevante. "O mundo", disse o
Papa Wojtyla durante o Consistório de 2001, "está se tornando cada vez
mais complexo e em mudança, a consciência aguda das discrepâncias existentes
gera ou aumenta contradições e desequilíbrios". Aquele mundo, como o mundo
de hoje abalado pela pandemia e por uma cultura desenfreada de descarte,
repetidamente denunciada pelo Papa Francisco, está precisando de amor.
"Tem sede de um
coração", escreveu o arcebispo de Buenos Aires na mensagem de 28 de março
de 2001 dirigida às comunidades educativas, "que acolhe, que abre as
portas", para uma "cura da pessoa humana através do amor
hospitaleiro". O seu coração bate por uma humanidade ferida e descartada,
por uma humanidade que possa ser acolhida por uma Igreja que seja "um
hospital de campo". E também por uma "Igreja pobre para os
pobres".
Quando, em 28 de
fevereiro de 1998 Jorge Mario Bergoglio - nascido em 17 de dezembro de 1936 em
Buenos Aires em uma família de emigrantes italianos do Piemonte - foi nomeado
arcebispo da capital argentina, ele escolheu morar em um apartamento e preparar
o próprio jantar. "O meu povo", disse certa vez para explicar essa
escolha, "é pobre e eu sou um deles".
Um coração que acolhe
Como arcebispo de
Buenos Aires, Jorge Mario Bergoglio pensou em um programa missionário centrado
na comunhão e na evangelização. Esse projeto tinha quatro objetivos principais:
comunidades abertas e fraternas, o protagonismo de um laicato consciente, a evangelização
dirigida a cada habitante da cidade, a assistência aos pobres e aos doentes.
Ordenado sacerdote em
13 de dezembro de 1969, 4 dias antes do seu aniversário de 33 anos, ele sempre
indicou aos seus sacerdotes o caminho da misericórdia, das portas abertas e da
compaixão. Quando subiu ao trono de Pedro, guardou o brasão que havia escolhido
desde sua consagração episcopal: "miserando atque eligendo". A
misericórdia tem um significado particular em seu itinerário espiritual.
Na festa de São
Mateus em 1953, o jovem Jorge Bergoglio experimentou, aos 17 anos de idade, de
maneira muito especial, a presença amorosa de Deus na sua vida. Naquele dia,
ele sentiu seu coração tocado. Ele sentiu a descida da misericórdia de Deus
chamando-o à vida religiosa, seguindo o exemplo de Santo Inácio de Loyola. E,
em 11 de março de 1958, entrou na Companhia de Jesus como noviço.
Nos anos em que Jorge
Mario Bergoglio foi arcebispo de Buenos Aires, foi uma figura de destaque em
todo o continente latino-americano. Um pastor muito amado na sua diocese, que
viaja para longe, mesmo de metrô e ônibus. Antes de partir para Roma para o
Consistório de 21 de fevereiro de 2001, não comprou um hábito novo, mas mandou
consertar o de seu predecessor, Antonio Quarracino, que morreu em 1998. O Papa
João Paulo II lhe confiou o título de cardeal da Igreja romana de São Roberto
Bellarmine, o santo jesuíta e doutor da Igreja.
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário