Dois amigos, a mesma vocação para o sacerdócio, moravam em Buenos Aires, a poucos passados de distância. A confissão do jovem Bergoglio durante uma festa mudou a vida de Lorenzo. O sacerdote morreu de Covid na quinta-feira (18) em Roma
Sergio Centofanti
Faleceu na quinta-feira (18) em Roma aos 83 anos de
idade, o padre Lorenzo Vecchiarelli, ex-pároco da Igreja romana de São Timóteo:
ele estava infectado com a Covid-19.
Padre Lorenzo nasceu em Mogadíscio, Somália, em 3
de agosto de 1937, e logo se mudou com sua família para a Argentina, para
Buenos Aires, onde se tornou amigo do jovem Jorge Mario Bergoglio. Eles moravam
no mesmo bairro.
Em uma entrevista à Rádio Vaticano, poucos dias
após a eleição do Papa Francisco, padre Lorenzo havia lembrado quando, durante
uma festa, ao ver Bergoglio pensivamente de lado, perguntou-lhe o porquê. A
resposta fora surpreendente nesse contexto: "Amanhã eu entro no
seminário". Uma decisão que tocou o coração de Lorenzo e pouco tempo
depois ele também entraria no seminário. Lorenzo lembrava no jovem Jorge a
simplicidade e a profunda seriedade e mais tarde, uma vez arcebispo, o amor
evangélico pelos pobres. "O nome Francisco se encaixa exatamente na
escolha de pobreza, porque ele é um homem que vive como um pobre. Todos sabem
disso. Ele é um homem que tem um coração aberto aos outros e pode se tornar um
farol para a Igreja: um farol não de palavras, mas de testemunho vivo".
Lorenzo falou pelo telefone com seu amigo Jorge na
véspera do conclave e eles tinham concordado em se reunir após a eleição do
Papa, antes de Bergoglio retornar a Buenos Aires. Depois, sabemos o que
aconteceu. Eles se viram novamente, sim, mas em Santa Marta, alguns meses
depois:
Lorenzo abraçou novamente seu amigo, agora Papa
Francisco, e falando em espanhol contou-lhe de sua atividade pastoral, seu
desejo de continuar a proclamar o Evangelho mesmo depois de seu mandato como
pároco ter terminado. Ele guiava uma comunidade espiritual, chamada
"Anawim", formada por pessoas que tentam viver a fé abandonando-se a
Deus com simplicidade. Não quis reconhecimento jurídico. A bênção do Papa era
suficiente. Francisco o abençoou e o encorajou: "Adelante!".
Os
últimos anos de vida do padre Lorenzo não foram fáceis, com as consequências de
uma leucemia da qual ele tinha se recuperado, mas que o debilitou gravemente.
Alguns dias atrás, foi infectado pelo coronavírus. Faleceu na manhã de
quinta-feira (18), pouco antes das 7h da manhã. Muitos o recordam com afeto e
gratidão: transmitiu a fé, narrando o frescor do Evangelho, anunciando o amor,
a essência do cristianismo, com particular atenção aos mais pobres, e a
fidelidade à Igreja. Citava com frequência os três amores brancos de Dom Bosco:
a Eucaristia, Nossa Senhora, o Papa.
Fonte: Vatican News
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