quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

ABERTA A CAMPANHA DA FRATERNIDADE ECUMÊNICA 2021




Com uma entrevista coletiva, de maneira virtual, devido a decreto do Governo do Estado para combater a pandemia, dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de Fortaleza, e a pastora Elizabeth Cristina Oliveira, da Igreja Metodista, foram os entrevistados da solenidade de abertura da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2021, que teve a duração de 1 hora e 11 minutos.

A solenidade foi coordenada por Marta Andrade, coordenadora da Pascom (Pastoral da Comunicação) da Arquiocese de Fortaleza, que depois de um breve histórico da Campanha da Fraternidade Ecumênica, uma realização da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC), convidou a Dom José a abrir o evento.

Dom José Antonio acolheu e saudou a todos, de maneira especial a pastora Elizabeth. Aos dois foi dirigido um grande número de perguntas, mas antes o arcebispo de Fortaleza  ressaltou que a Campanha todos os anos tem um tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor e  um lema: “Cristo é a nossa paz: do que era dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14).

MENSAGEM

Antes de ser iniciada a entrevista Coletiva, dom José Antonio anunciou a divulgação de uma mensagem lida na voz do jornalista do Vatican News, Silvonei José, enviada pelo papa Francisco sobre a início da Quaresma e da abertura da Campanha da Fraternidade no Brasil. No texto, o Santo Padre afirma que a Quaresma convida a todos para um tempo de intensa reflexão e revisão de vida.




Eis a Mensagem do Papa Francisco

 

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

 

Com o início da Quaresma, somos convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade entre as pessoas de boa vontade.

Convoca-nos a cuidarmos de nós mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti, «passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através da oração, do jejum e da esmola.

Como é tradição há várias décadas, a Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a «sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo, estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).

Por outro lado, ao promover o diálogo como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort. Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC).

Desse modo, os cristãos brasileiros, na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de modo especial, a vida dos mais vulneráveis.

Desejando a graça de uma frutuosa Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim e expressão humana

Roma, São João de Latrão, 17 de fevereiro de 2021

Francisco

Foto: VaticanNews

Dom José Antonio deu sequência a sua participação dizendo que “Para nós da Igreja católica é o quinquagésimo sétimo ano  que  estamos idealizando a Campanha da Fraternidade  sempre nesta época  da Quaresma,  a grande   caminhada de  preparação  anual da páscoa  e  da morte de Jesus. Estabelecimento do Reino de Deus como meta de sua missão e  como abrangência de toda humanidade e de toda criação”.

 A Fraternidade é expressão humana nesse projeto de Deus e está no coração da própria missão de Jesus e do Evangelho. Por isso ela é extendida como uma grande proposta de Campanha, à toda a sociedade e a todas as pessoas disponíveis e de boa vontade que queiram se unir num movimento geral, humano, de fraternidade universal.

 O Arcebispo de Fortaleza disse “Nós estamos  com alegria, celebrando mais uma vez esta campanha da fraternidade ecumênicamente  num conjunto com diversas Igrejas que  já se reúnem e fazem parte de um caminho de diálogo, de fraternidade e de unidade. Um caminho ecumênico,  que é voltado àquilo que é comum entre nós, que temos comum de   nossas convicções de fé no nosso seguimento de Jesus como cristãos e no serviço comum aquilo que a dignidade humana,  na vida humana e de toda a   casa comum, da criação de Deus para nós.

Sobre a unidade ele fala: O  desafio da unidade necessita de muita clareza. É Graça. É dom de Cristo. A  abertura à Graça de Deus nos leva unidade. Sem a Graça de Deus nada será possível. Não se pode polarizar, criar barreiras se temos a Graça de Deus. O diálogo não é uniformidade. Existem pontos de vistas diferentes. Somos chamados a amar o outro na medida de Jesus. A nossa consciência nos mostra o que nos une.. Não é um catecismo ou dogma de fé. É uma ajuda para se aprofundar o que a Campanha nos propõe.

  A pastora Elizabeth Oliveira, muito participativa,  falou do  aprofundamento da fé na vivência deste amor profundo de Cristo que chega a negação de si e uma abertura total ao outro. Vivemos num contexto muito difícil que a experiência de fé religiosa, sem intolerar sem desejar que o outro não exista, sem desejar que o outro não possa experimentar   e experenciar sua fé. E um desafio muito grande para nós.  O aprofundamento  na vivência e  na experiência deste amor profundo de Cristo que chega a negação de si, desse amor que chega  a um abertura total  e completa ao outro. É um caminho de se perceber e aprofundar.  Vivemos num contexto meio difícil para o aprofundamento das relações e das questões e no que concerne a Deus e as questões espirituais, temos visto a banalização do Evangelho como que a Graça fosse algo barato. E a Graça não é barata. É um desafio nos dias de hoje, mas é uma meta um caminho a ser percorrido, um desejo de se realizar e que a gente possa  conseguir sensibilizar  outras pessoas a partir  desta Campanha, para  que, engrossar o vento desse Espirito  sopre amor, sopre paz  e nós temos sentido o vento do ódio, da desesperança e do medo. Precisamos usar de todos os meios, inclusive desta Campanha, para que o vento do amor da justiça e da paz possam correr novamente.

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