Com uma
entrevista coletiva, de maneira virtual, devido a decreto do Governo do Estado para
combater a pandemia, dom José Antonio Aparecido Tosi Marques, arcebispo de
Fortaleza, e a pastora Elizabeth Cristina Oliveira, da Igreja Metodista, foram
os entrevistados da solenidade de abertura da Campanha da Fraternidade
Ecumênica 2021, que teve a duração de 1 hora e 11 minutos.
A solenidade
foi coordenada por Marta Andrade, coordenadora da Pascom (Pastoral da
Comunicação) da Arquiocese de Fortaleza, que depois de um breve histórico da
Campanha da Fraternidade Ecumênica, uma realização da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil) e do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs (CONIC),
convidou a Dom José a abrir o evento.
Dom José
Antonio acolheu e saudou a todos, de maneira especial a pastora Elizabeth. Aos
dois foi dirigido um grande número de perguntas, mas antes o arcebispo de
Fortaleza ressaltou que a Campanha todos
os anos tem um tema: “Fraternidade e diálogo: compromisso de amor e um lema: “Cristo é a nossa paz: do que era
dividido, fez uma unidade” (Ef 2,14).
MENSAGEM
Antes de ser
iniciada a entrevista Coletiva, dom José Antonio anunciou a divulgação de uma
mensagem lida na voz do jornalista do Vatican News, Silvonei José, enviada pelo
papa Francisco sobre a início da Quaresma e da abertura da Campanha da
Fraternidade no Brasil. No texto, o Santo Padre afirma que a Quaresma convida a todos para
um tempo de intensa reflexão e revisão de vida.
Eis a Mensagem do Papa Francisco
Queridos
irmãos e irmãs do Brasil!
Com o início da Quaresma, somos
convidados a um tempo de intensa reflexão e revisão de nossas vidas. O Senhor
Jesus, que nos convida a caminhar com Ele pelo deserto rumo à vitória pascal
sobre o pecado e a morte, faz-se peregrino conosco também nestes tempos de
pandemia. Ele nos convoca e convida a orar pelos que morreram, a bendizer pelo
serviço abnegado de tantos profissionais da saúde e a estimular a solidariedade
entre as pessoas de boa vontade.
Convoca-nos a cuidarmos de nós
mesmos, de nossa saúde, e a nos preocuparmos uns pelos outros, como nos ensina
na parábola do Bom Samaritano (cf. Lc 10, 25-37). Precisamos vencer a pandemia
e nós o faremos à medida em que formos capazes de superar as divisões e nos
unirmos em torno da vida. Como indiquei na recente Encíclica Fratelli tutti,
«passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo
febril e em novas formas de autoproteção egoísta» (n. 35). Para que isso não
ocorra, a Quaresma nos é de grande auxílio, pois nos chama à conversão através
da oração, do jejum e da esmola.
Como é tradição há várias décadas, a
Igreja no Brasil promove a Campanha da Fraternidade, como um auxílio concreto
para a vivência deste tempo de preparação para a Páscoa. Neste ano de 2021, com
o tema “Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”, os fiéis são convidados a
«sentar-se a escutar o outro» e, assim, superar os obstáculos de um mundo que é
muitas vezes «um mundo surdo». De fato, quando nos dispomos ao diálogo,
estabelecemos «um paradigma de atitude receptiva, de quem supera o narcisismo e
acolhe o outro» (Ibidem, n. 48). E, na base desta renovada cultura do diálogo
está Jesus que, como ensina o lema da Campanha deste ano, «é a nossa paz: do
que era dividido fez uma unidade» (Ef 2,14).
Por outro lado, ao promover o diálogo
como compromisso de amor, a Campanha da Fraternidade lembra que são os cristãos
os primeiros a ter que dar exemplo, começando pela prática do diálogo
ecumênico. Certos de que «devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e
peregrinamos juntos», no diálogo ecumênico podemos verdadeiramente «abrir o
coração ao companheiro de estrada sem medos nem desconfianças, e olhar
primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus» (Exort.
Apost. Evangelii gaudium, n. 244). É, pois, motivo de esperança, o fato de que
este ano, pela quinta vez, a Campanha da Fraternidade seja realizada com as
Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil
(CONIC).
Desse modo, os cristãos brasileiros,
na fidelidade ao único Senhor Jesus que nos deixou o mandamento de nos amarmos
uns aos outros como Ele nos amou (cf. Jo 13,34) e partindo «do reconhecimento
do valor de cada pessoa humana como criatura chamada a ser filho ou filha de
Deus, oferecem uma preciosa contribuição para a construção da fraternidade e a
defesa da justiça na sociedade» (Carta Enc. Fratelli tutti, n. 271). A
fecundidade do nosso testemunho dependerá também de nossa capacidade de
dialogar, encontrar pontos de união e os traduzir em ações em favor da vida, de
modo especial, a vida dos mais vulneráveis.
Desejando a graça de uma frutuosa
Campanha da Fraternidade Ecumênica, envio a todos e cada um a Bênção
Apostólica, pedindo que nunca deixem de rezar por mim e expressão humana
Roma, São João de
Latrão, 17 de fevereiro de 2021
Francisco
Foto: VaticanNews
Dom José
Antonio deu sequência a sua participação dizendo que “Para nós da Igreja
católica é o quinquagésimo sétimo ano que estamos
idealizando a Campanha da Fraternidade sempre nesta época da Quaresma,
a grande caminhada de preparação anual da páscoa e da
morte de Jesus. Estabelecimento do Reino de Deus como meta de sua missão e como abrangência de toda humanidade e de toda
criação”.
A Fraternidade é expressão humana nesse
projeto de Deus e está no coração da própria missão de Jesus e do Evangelho.
Por isso ela é extendida como uma grande proposta de Campanha, à toda a
sociedade e a todas as pessoas disponíveis e de boa vontade que queiram se unir
num movimento geral, humano, de fraternidade universal.
O Arcebispo de Fortaleza disse “Nós estamos com alegria, celebrando mais uma vez esta
campanha da fraternidade ecumênicamente num
conjunto com diversas Igrejas que já se reúnem
e fazem parte de um caminho de diálogo, de fraternidade e de unidade. Um caminho
ecumênico, que é voltado àquilo que é
comum entre nós, que temos comum de nossas convicções de fé no nosso seguimento
de Jesus como cristãos e no serviço comum aquilo que a dignidade humana, na vida humana e de toda a casa
comum, da criação de Deus para nós.
Sobre a
unidade ele fala: O desafio da unidade
necessita de muita clareza. É Graça. É dom de Cristo. A abertura à Graça de Deus nos leva unidade.
Sem a Graça de Deus nada será possível. Não se pode polarizar, criar barreiras
se temos a Graça de Deus. O diálogo não é uniformidade. Existem pontos de
vistas diferentes. Somos chamados a amar o outro na medida de Jesus. A nossa
consciência nos mostra o que nos une.. Não é um catecismo ou dogma de fé. É uma
ajuda para se aprofundar o que a Campanha nos propõe.
A
pastora Elizabeth Oliveira, muito participativa, falou do aprofundamento da fé na vivência deste amor
profundo de Cristo que chega a negação de si e uma abertura total ao outro.
Vivemos num contexto muito difícil que a experiência de fé religiosa, sem intolerar
sem desejar que o outro não exista, sem desejar que o outro não possa experimentar
e
experenciar sua fé. E um desafio muito grande para nós. O aprofundamento na vivência e na experiência deste amor profundo de Cristo
que chega a negação de si, desse amor que chega a um abertura total e completa ao outro. É um caminho de se perceber
e aprofundar. Vivemos num contexto meio difícil
para o aprofundamento das relações e das questões e no que concerne a Deus e as
questões espirituais, temos visto a banalização do Evangelho como que a Graça
fosse algo barato. E a Graça não é barata. É um desafio nos dias de hoje, mas é
uma meta um caminho a ser percorrido, um desejo de se realizar e que a gente
possa conseguir sensibilizar outras pessoas a partir desta Campanha, para que, engrossar o vento desse Espirito sopre amor, sopre paz e nós temos sentido o vento do ódio, da desesperança
e do medo. Precisamos usar de todos os meios, inclusive desta Campanha, para
que o vento do amor da justiça e da paz possam correr novamente.
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