No futuro do mundo e nas esperanças da Igreja há os “pequeninos”: aqueles que não se consideram melhores do que os outros, que estão conscientes dos próprios limites e dos seus pecados, que não querem dominar os outros, que em Deus Pai se reconhecem todos irmãos”, disse ainda Francisco.
Mariangela Jaguraba - Vatican News
“A oração de louvor” foi o tema da catequese do
Papa Francisco na Audiência Geral, desta quarta-feira (13/01), realizada na
Biblioteca do Palácio Apostólico.
O Pontífice se inspirou “numa passagem crítica da
vida de Jesus” para falar sobre a dimensão do louvor. “Depois dos primeiros
milagres e da participação dos discípulos no anúncio do Reino de Deus, a missão
do Messias sofre uma crise. João Batista duvida, e lhe faz chegar esta mensagem.
João está na prisão: «És tu aquele que há de vir, ou devemos esperar outro?»
João Batista “sente esta angústia por não saber se
errou no anúncio. Existem na vida momentos sombrios, momentos de noites
espirituais e João está passando por esse momento. Há hostilidade nas aldeias
perto do lago, onde Jesus tinha realizado muitos sinais prodigiosos. Naquele
momento de desilusão, Mateus relata um acontecimento surpreendente: Jesus não
eleva ao Pai uma lamentação, mas um hino de júbilo: «Eu te louvo, Pai, Senhor do
céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as
revelaste aos pequeninos». Em plena crise, em plena escuridão na alma de muitas
pessoas, como João Batista, Jesus bendiz o Pai, Jesus louva o Pai”.
Primeiramente, Jesus louva o Pai pelo que
é: «Pai, Senhor do céu e da terra». “Jesus rejubila-se no seu espírito
porque sabe e sente que o seu Pai é o Deus do universo e, vice-versa, o Senhor
de tudo o que existe é Pai, “meu Pai”. O louvor brota desta experiência de
sentir-se “filho do Altíssimo”. Jesus se sente filho do Altíssimo.”
Depois, “disso Jesus louva o Pai porque prefere
os pequeninos. É o que Ele próprio experimenta, pregando nas aldeias: os
“entendidos” e os “sábios” permanecem desconfiados e fechados, enquanto os
“pequeninos” se abrem e acolhem a mensagem”. A seguir, acrescentou:
Também nós devemos nos regozijar e louvar a Deus
porque as pessoas humildes e simples aceitam o Evangelho. Quando vejo as
pessoas simples, pessoas humildes que vão em peregrinação a rezar, que cantam,
que louvam, pessoas às quais que talvez faltam muitas coisas, mas a humildade
faz com que louvem a Deus.
“No futuro do mundo e nas esperanças da Igreja há
os “pequeninos”: aqueles que não se consideram melhores do que os outros, que
estão conscientes dos próprios limites e dos seus pecados, que não querem
dominar os outros, que em Deus Pai se reconhecem todos irmãos”, disse ainda
Francisco.
O Papa ressaltou que “naquele momento de aparente
fracasso, onde tudo é escuro, Jesus reza, louvando o Pai”.
A sua oração nos leva, também a nós leitores do
Evangelho, a julgar de um modo diferente as nossas derrotas pessoais, julgar de
modo diferente as situações em que não vemos claramente a presença e a ação de
Deus, quando parece que o mal prevalece e não há maneira de o deter. Jesus, que
tanto recomendou a oração de súplica, precisamente no momento em que teria
motivos para pedir explicações ao Pai, ao contrário passa a louvá-lo. Parece
uma contradição. Mas a verdade está ali.
“Para quem é útil o louvor? Para nós ou para
Deus?”, perguntou o Papa.
“A prece de louvor é útil para nós”, disse ele. A
oração de louvor “deve ser praticada não só quando a vida nos enche de
felicidade, mas sobretudo nos momentos difíceis, momentos sombrios quando o
caminho é íngreme. Aprendemos que através daquela escalada, daquele caminho
cansativo, daquelas passagens desafiadoras, chegamos a ver um novo panorama, um
horizonte mais aberto. Louvar é como respirar oxigênio puro, que
nos purifica a alma e nos faz olhar distante, e a não permanecer
aprisionado no momento escuro, de dificuldade”.
Francisco concluiu, citando o “Cântico do irmão
sol” ou “das criaturas” de São Francisco de Assis. “O Pobrezinho não o compôs
num momento de alegria, de bem-estar, mas, pelo contrário, no meio das dificuldades.
Francisco estava quase cego e sentia na sua alma o peso de uma solidão que
nunca tinha sentido antes: o mundo não mudou desde o início da sua pregação,
ainda há aqueles que se deixam dilacerar por disputas e, além disso, ele ouve
aproximar-se os passos da morte. Poderia ser o momento de extrema desilusão e a
percepção do próprio fracasso. Mas naquele instante de tristeza, naquele
instante escuro Francisco reza: «Louvado seja, meu Senhor…». Reza louvando.
Francisco louva a Deus por tudo, por todos os dons da criação e até pela morte,
que ele corajosamente consegue chamar “irmã”. A irmã morte. Estes exemplos dos
santos, dos cristãos e também de Jesus de louvar a Deus nos momentos difíceis
nos abrem as portas de um caminho muito grande rumo ao Senhor. Nos purificam
sempre. O louvor purifica sempre.
“Os
Santos e as Santas mostram-nos que podemos louvar sempre, nos momentos bons e
maus, porque Deus é o Amigo fiel, este é o fundamento do louvor. Deus é o Amigo
fiel e o seu amor nunca desilude. Ele está sempre junto de nós, Ele nos espera
sempre. Alguém disse é a sentinela perto de nós que nos faz ir adiante com
segurança. Nos momentos difíceis e sombrios tenhamos a coragem de dizer
Louvado seja o Senhor e isso nos fará bem.”
Fonte:
Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário