REDAÇÃO
CENTRAL, 24 jan. 21 / 05:00 am (ACI).- “O amor é a
perfeição do espírito e a caridade é a perfeição do amor”, dizia São Francisco
de Sales. Conhecido como o santo da amabilidade, lutou vários anos de sua vida para
dominar sua ira e obteve a conversão de muitos. A festa deste Doutor da Igreja e
padroeiro dos jornalistas e comunicadores é a celebrada neste 24 de janeiro.
São Francisco de Sales nasceu no castelo de Sales, na Saboya, em
1567. Desde menino era muito inquieto e brincalhão, tanto que sua mãe e sua ama
tinham que estar constantemente vendo o que estava fazendo.
Sua luta contra a ira foi constante. Certo dia, um calvinista
visitou o castelo, o pequeno Francisco se inteirou, tomou um pau e foi brincar
de correr atrás das galinhas gritando: “Fora os hereges, não queremos hereges”.
Teve como mestre o Pe. Deage, sacerdote muito perfeccionista em
suas exigências. Este preceptor lhe faria passar momentos amargos, mas lhe
ajudaria muito em sua formação.
Aos 10 anos, recebeu a primeira comunhão e confirmação e, desde
esse dia, comprometeu-se a visitar frequentemente o Santíssimo. Mais adiante,
conseguiu que seu pai o enviasse ao Colégio do Clermont, dirigido pelos
jesuítas e conhecido pela piedade e o amor à ciência.
Acompanhado pelo Pe. Deage, Francisco se confessava e comungava
a cada semana, era dedicado aos estudos e reservava um par de horas diárias aos
exercícios de equitação, esgrima e dança.
Muitas vezes o sangue lhe subia à cabeça pelas brincadeiras e
humilhações. Mas, conseguia se conter de tal maneira que muitos nem imaginavam
o seu mau gênio. Entretanto, o inimigo lhe fez sentir que seria condenado ao
inferno para sempre. Este pensamento o atormentava até o ponto que perdeu o
apetite e já não dormia.
Então, disse a Deus: “Não me interessa que me mande todos os
suplícios que queira, desde que me permita seguir te amando sempre”. Logo, na
Igreja de Santo Estêvão, em Paris, ajoelhado diante da imagem da Virgem,
pronunciou a famosa oração de São Bernardo: “Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria…”.
Assim, recuperou a paz.
Esta provação o ajudou muito a se curar do orgulho e saber
compreender as pessoas em crise para assim tratá-las com bondade. Obedecendo
seu pai, foi estudar direito em Pádua, tempo que aproveitou para estudar também
teologia por seu grande desejo de ser sacerdote.
Aos 24 anos, obteve seu doutorado em leis e mais tarde, junto a
sua família, manteve uma vida típica de jovem da nobreza. Seu pai desejava que
se casasse e que obtivesse postos importantes, mas Francisco se mantinha em
reserva por sua inquietação de consagrar-se a serviço de Deus.
Com a morte do decano do Capítulo de Genebra, seu primo Luis de
Sales, alguns conhecidos fizeram com que o Papa lhe outorgasse este cargo. O
jovem santo, por outro lado, começou a dialogar com seu pai sobre sua
inquietação vocacional e pouco a pouco o convenceu.
Vestiu a batina no dia em que obteve a aprovação de seu pai e
recebeu a ordem do sacerdócio seis meses depois. Exercia os ministérios entre
os mais necessitados com muito carinho e seus prediletos eram os de berço
humilde.
Entre os habitantes do Chablais, os protestantes tinham
dificultado a vida dos católicos e Francisco se ofereceu para ir até lá com
permissão do Bispo.
A fim de tocar os corações da população, o santo começou a
escrever panfletos nos quais expunha a doutrina da Igreja e refutava os
calvinistas. Estes escritos mais tarde formariam o volume das “Controvérsias”.
O que as pessoas mais admiravam era a paciência com que o santo
vivia as dificuldades e perseguições.
Francisco caiu em uma grave enfermidade e, ao recuperar a saúde,
foi à Roma onde o Papa estava. Lá, teólogos e sábios que tinham ouvido de suas
qualidades fizeram-lhe perguntas difíceis de teologia. Todos ficaram
maravilhados pela simplicidade, modéstia e ciência de suas respostas.
O Pontífice o confirmou como coadjutor de Genebra e o santo
retornou à sua diocese para trabalhar com mais empenho. Quando o Bispo morreu,
Francisco o sucedeu no governo e fixou sua residência em Annecy.
Teve como discípula Santa Joana de Chantal e do encontro destes
dois santos surgiu a fundação da Congregação da Visitação, em 1610. Das notas
com que instruía a santa, surgiu o livro “Introdução à vida devota”. Mais
tarde, São Francisco de Sales o publicou, tendo sido traduzido em muitos
idiomas.
Em 1622, o duque da Saboya convidou o santo para se reunir em
Aviñón. O santo Bispo aceitou, pela parte francesa de sua diocese, mas
arriscando muito sua saúde devido à longa viagem em pleno inverno.
Deixou tudo em ordem, como se soubesse que não voltaria. Quando
chegou a Aviñón, as multidões se apinhavam para vê-lo e as congregações queriam
que pregasse para elas.
Ao regressar, São Francisco se deteve em Lyon e se hospedou na
casinha do jardineiro do Convento da Visitação. Atendeu as religiosas durante
um mês inteiro e quando uma delas lhe pediu uma virtude para praticar, o santo
escreveu “humildade”.
No cruel inverno, prosseguiu sua viagem pregando e administrando
os sacramentos, mas sua saúde ia piorando até que
partiu para a Casa do Pai. Sua última palavra foi o nome de Jesus. São
Francisco de Sales expirou aos 56 anos, em 28 de dezembro de 1622, sendo Bispo
por 21 anos.
No dia seguinte, a população inteira do Lyon passou pela humilde
casa onde faleceu. Em 1632, abriram seu túmulo para saber como estava. Parecia
que se encontrava em um aprazível sonho.
Santa Joana de Chantal foi ver o corpo do santo junto a suas
religiosas e, quando lhe disseram que podia se aproximar, a santa se ajoelhou,
tomou a sua mão e a pôs sobre a sua cabeça para lhe pedir a bênção.
Nesse momento, todas as irmãs viram que a mão do santo parecia
recuperar vida e, movendo os dedos, acariciava a humilde cabeça de sua
discípula. Hoje, em Annecy, as irmãs da Visitação conservam o véu que Santa
Joana usava naquele dia.
São Francisco de Sales foi canonizado em 1665. Em 1878, o Papa
Pio IX o declarou Doutor da Igreja. São João Bosco adotou o “santo da
amabilidade” como patrono de sua congregação e como modelo para o serviço que
os salesianos devem oferecer aos jovens.
Fonte:
ACI Digital
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