O
cardeal de 90 anos foi sequestrado por um grupo de homens armados na região
noroeste, entre as cidades de Kumba e Bamenda, a capital regional. O bispo de
Douala, dom Kleda, informou que o cardeal ainda está nas mãos dos
sequestradores.
Gabriella Ceraso – Vatican News
O
cardeal Christian Wiyghan Tumi, arcebispo emérito de Douala (Camarões) e
primeiro purpurado camaronês, 90 anos de idade, ainda está nas mãos dos seus
sequestradores, depois que os meios de comunicação locais haviam noticiado a
sua libertação. Foi o arcebispo de Douala, dom Samuel Kleda, que desmentiu a
sua libertação. O sequestro ocorreu ontem à tarde, perpetrado por um comando
armado na estrada entre Bamenda e Kumbo. As autoridades do noroeste do país
confirmaram o ocorrido.
Também envolvido no sequestro o rei de Kumbo, o Fon de Nso, uma
autoridade moral tradicional. Elie Smith, um colaborador próximo ao cardeal,
conseguiu contatar os sequestradores por telefone e obter algumas informações:
o responsável pela ação armada teria sido o general dos Ambazonianos
(separatistas anglófonos da problemática região de Ambazonia, no sudoeste do
país) que se intitula Chaomao, um ex-pastor. Notícias também confirmadas por
membros da família do rei de Kumbo.
As razões do sequestro podem ser encontradas no encorajamento
dado pelo cardeal às crianças para irem à escola. Há alguns dias atrás, de
fato, um grupo armado sequestrara alguns professores que tinham sido libertados
ontem, 5 de outubro. No último dia 24 de outubro, oito crianças foram mortas
num ataque armado à escola bilingue internacional Madre Francisca. O Papa
Francisco expressou o seu pesar por este triste evento, apelando para o fim da
violência e pedindo a garantia da educação e do futuro dos jovens.
O cardeal Tumi, nascido em 15 de outubro de 1930 em Kikaikelaki,
na então paróquia de Kumbo, hoje diocese, como bispo e depois cardeal, esteve
sempre na vanguarda das dificuldades do território situado no extremo norte dos
Camarões, na fronteira com o Chade, quase esquecido pelas autoridades centrais,
e da pobreza, à qual se somam as profundas divisões étnicas nesta área. Por ter
promovido a paz após o início da crise no norte e sudoeste dos Camarões, e por
ter lutado contra a discriminação contra a minoria de língua inglesa nos
Camarões (cerca de 20% da população), o cardeal Christian Tumi recebeu o Prêmio
Nelson Mandela em julho de 2019.
Fonte: Vatican News
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