A
emoção marca a voz do Padre Pierluigi Maccalli no final da audiência de hoje
com o Papa Francisco, que há muito reza por ele junto com toda a Igreja. Eles
se encontraram um mês após a libertação do missionário em Mali: há gratidão e
incredulidade diante do Vigário de Cristo que se inclina para beijar as mãos do
sacerdote
Vatican News
Após o abraço com o Papa, não há palavras a não ser
"obrigado". Padre Pierluigi Maccalli, missionário da Sociedade de
Missões Africanas, originário de Madignano, na Itália, foi libertado em 8 de
outubro passado, após dois anos de prisão entre o Níger e Mali. Nesta manhã
(09) com Francisco recorda o que viveu e lhe confia a sua África, deixada sem
um guia missionário. Há incredulidade e dificuldade em expressar o dom do amor recebido
do Papa, um missionário das periferias que toda a Igreja carregou em seu
coração, também graças à solicitação do Papa.
Entrevista
Padre Maccalli: Foi
um encontro muito, mas muito belo. Fiquei emocionado, especialmente por contar
ao Papa o que eu passei e depois confiando à sua oração, especialmente as
comunidades para as quais eu me dedicava e que agora estão sem uma presença
missionária e um padre há mais de dois anos. Eu disse ao Papa para levar a
Igreja do Níger com ele em oração. O Papa estava muito atento, me ouviu com
muita atenção. Eu também lhe disse um grande "obrigado" por ter
rezado por mim, junto com a Igreja, e depois no Angelus do Dia Mundial das Missões, quando ele pediu um
aplauso da praça pela minha libertação. Eu lhe agradeci e ele respondeu:
"Nós o apoiamos, mas você apoiou a Igreja". Eu não tinha palavras
diante disso: eu, um pequeno missionário e ele me dizendo isso... Realmente não
tenho palavras”.
O que representa para o senhor e sua história como
missionário marcado, principlamente, por este longo sequestro receber este
carinho do Papa Francisco?
Padre Maccalli: Era o abraço de um pai, este pai que eu carrego em oração
todos os dias. Encontrá-lo diante de mim foi uma grande emoção e um sentimento
de grande gratidão. Eu jamais pensaria que um missionário que vai para a
periferia do mundo pudesse um dia encontrar-se diante do próprio Papa, que
apóia a Igreja universal. São emoções difíceis de expressar... Continuo
dizendo, obrigado, obrigado, obrigado.
Há uma palavra em particular que o Papa lhe disse e
que o senhor levará em seu coração para sempre?
Padre Maccalli: Mais do que uma palavra, um gesto. Quando nos despedimos,
eu apertei a sua mão e ele beijou as minhas mãos. Isso eu não esperava....
Papa Francisco e o padre Maccalli no Vaticano
Na sua homilia de ontem (08/11) em Roma o senhor
disse: rezei com lágrimas e o deserto foi uma experiência de essencialidade. O
quanto esses dois anos afetaram sua fé?
Padre
Maccalli: As lágrimas foram meu pão por
muitos dias e foram minha oração quando eu não sabia o que dizer. Um dia até o
anotei. Li em alguma história rabínica que Deus conta o número de lágrimas das
mulheres e eu lhe disse: "Senhor, quem sabe conta também as dos
homens". Eu as ofereço em oração para regar a terra árida da missão, mas
também a terra árida dos corações que sentem ódio causando guerra e
violência". No deserto se vai sempre ao essencial. Lá você percebe
que o essencial é ter água para beber, ter algo para comer, mesmo que seja a
mesma comida todos os dias, cebolas, lentilhas e sardinhas. Mas você vê que não
são os pratos refinados que fazem a substância. Este também é o caso na vida
espiritual: o que conta é shalom, perdão e fraternidade, e como missionário me
sinto ainda mais encorajado a ser um testemunho de paz, fraternidade e perdão,
hoje e sempre.
Fonte:
Vatican News

Nenhum comentário:
Postar um comentário