No
vídeo de intenção de oração para este mês, Francisco traz a preocupação de que
a robótica e a inteligência artificial possam aumentar as desigualdades,
interrompendo um “progresso real” da humanidade. Por isso, o Papa pede que
rezemos para que os avanços tecnológicas, assim como tornam um mundo melhor
para se viver, estejam “vinculados ao bem comum" e orientados para “o
respeito pela dignidade” das pessoas. Enfim, “rezar para que o progresso seja
sempre humano”, concluiu o Pe. Frédéric Fornos.
Andressa
Collet – Vatican News
“A
inteligência artificial está na raiz da mudança de época que estamos vivendo. A
robótica pode tornar possível um mundo melhor se estiver unida ao bem comum.
Porque se o progresso tecnológico aumenta as desigualdades, não é um progresso
real. Os avanços futuros devem estar orientados para o respeito pela dignidade
da pessoa e da Criação. Rezemos para que o progresso da robótica e da
inteligência artificial esteja sempre a serviço do ser humano... podemos dizer,
que ‘seja humano’.”
No vídeo de intenção de oração para o mês de novembro, o Papa
Francisco reforça a necessidade de que os avanços tecnológicos sejam orientados
pelo bem comum de todos. Na mensagem, o Pontífice traz a preocupação de que a
robótica e a inteligência artificial possam aumentar as desigualdades,
interrompendo um “progresso real” da humanidade. Assim, confia a toda Igreja
Católica por meio da Rede Mundial de Oração do Papa, orações para que, em meio
à mudança histórica pela qual vivemos, o progresso tecnológico esteja sempre “a
serviço do ser humano”, respeitando a sua dignidade e zelando pela Criação.
Não é novidade que, nos últimos anos, a Inteligência Artificial
(IA) avançou de forma exponencial em diferentes áreas do conhecimento. Em sua
essência, ela permite que sistemas simulem uma inteligência similar à humana,
que tomam decisões de forma independente em base a uma infinidade de dados
digitais. Atualmente, 37% das organizações no mundo implementaram as chamadas
“máquinas inteligentes” de alguma forma, um aumento de 270% nos últimos 4 anos.
A inteligência artificial, assim, faz parte de uma nova onda que os economistas
chamam de quarta revolução industrial, marcada pela convergência de tecnologias
digitais, físicas e biológicas.
As tecnologias pelo bem comum
O Papa Francisco esclarece que esse avanço, como o da robótica,
"pode tornar possível um mundo melhor se estiver vinculado ao bem
comum", porque a inteligência artificial é capaz de resolver muitas
questões que têm o ser humano como centro, como por exemplo: avaliar a
capacidade de aprendizagem dos alunos para detectar oportunidades de melhoria;
ajudar pessoas com deficiência visual ou auditiva a desenvolver melhores
ferramentas de comunicação (como conversão de texto em fala ou tradução de fala
em texto); ou ainda agilizar a coleta, o processamento e a disseminação de
dados e informações de saúde para melhorar o diagnóstico e o tratamento dos
pacientes, especialmente aqueles que vivem em áreas remotas.
O mesmo acontece no campo da ecologia. Graças à inteligência
artificial é possível analisar dados sobre as mudanças climáticas e desenvolver
modelos que podem ajudar a prever desastres naturais. Também serve para criar
cidades inteligentes e sustentáveis, reduzindo gastos urbanos, melhorando a
resiliência das estradas e aumentando a eficiência energética, por exemplo. No
Vídeo do Papa, que ganhou apoio do Instituto Italiano de Tecnologia e da
empresa multinacional de energia, a ENEL, as imagens mostram possibilidades de
usar o progresso para o bem comum.
A serviço do ser humano
O engenheiro Francesco Starace, CEO da Enel, comenta que, “como
o Papa Francisco reafirma, é nossa tarefa garantir que os benefícios
resultantes sejam distribuídos de forma equitativa e gerem oportunidades e
bem-estar. Para nortear positivamente nossas ações e escolhas em relação ao
presente e ao futuro, é necessário colocar o respeito às pessoas e ao meio
ambiente em primeiro lugar, adotando uma visão baseada na sustentabilidade”.
Já o Pe. Frédéric Fornos, diretor internacional da Rede Mundial
de Oração do Papa, observa que “esta intenção de oração reforça a ideia de que
o benefício que a humanidade obteve (e continuará a obter) com o progresso
tecnológico deve sempre contemplar também um 'desenvolvimento adequado de
responsabilidades e valores'. Assim afirmava o Papa nas encíclicas Laudato si’
e, agora, na Fratelli tutti: ‘Como seria bom se, ao aumento das inovações
científicas e tecnológicas, correspondessem também uma equidade e uma inclusão
social cada vez maiores!'”, disse o diretor, que finalizou:
“Sabemos que a inteligência
artificial, a robótica e outras tecnologias abrem grandes desafios para a ética
e a justiça social. É por isso que o mais recente pedido do Papa é importante:
rezar para que o progresso seja sempre humano.”
Fonte:
Vatican News
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