O Papa Francisco acertou em cheio nesse texto sobre fraternidade inspirado em Francisco de Assis, patrono do seu pontificado, em um tempo tão dividido por discórdias e agredido por um vírus que nós não pedimos e por uma pandemia que nos incomoda em que demora para passar. O Papa Francisco lança uma luz de Esperança.
João Carlos Almeida (Pe. Joãozinho, scj) - Vatican
News
Logo que recebi o texto da Encíclica Fratelli
tutti, do Papa Francisco – assinada em Assis no dia 03 de outubro de 2020 –
comecei imediatamente a ler, imaginando que continuaria a leitura mais tarde...
mas não consegui parar antes da última página.
Esse
é o texto que o mundo precisava neste momento dramático de sua história. No
número 6 o papa revela que o tema central da encíclica é a “fraternidade
universal”. Não pretende dizer tudo sobre o amor fraterno, mas apenas falar
sobre essa abertura a todos, num tempo em que os tribalismos, partidarismos e
todo tipo de fechamento sobre povos e ideologias ganham um espaço tremendo. O
papa nos provoca a termos um coração aberto e fraterno. Afirma também que
a Fratelli tutti é uma encíclica social, assim como foram
a Rerum Novarum de Leão XIII até a Caritas in Veritate de
Bento XVI. Aliás, pelas minhas é pesquisas, a Caritas in Veritate é
o documento social mais citado pelo Papa Francisco na sua terceira encíclica.
Ele continua traduzindo o pensamento teológico do papa emérito Bento XVI de
maneira muito pastoral, atual e provocativa.
Fiquei encantado com o primeiro capítulo, onde ele descreve as
sombras de um mundo fechado sobre si. É como se o papa pintasse um cenário do
nosso tempo, com todas as sombras que temos hoje e, a partir daí, nos outros
capítulos ele mostrasse as luzes de esperança sobre este cenário de sombras.
São os nossos dramas deste século 21, que já começa com uma pandemia
inesperada, citada também no documento, que continua oferecendo caminhos de
esperança.
O capítulo 2 já começa com a história do bom samaritano, esse estranho
no caminho, que faz trazer todos para dentro da festa da vida. Essa é a
proposta do cristianismo. Queremos chamar a Deus de Pai, como fez São
Francisco, que em seu momento de conversão chamou a Deus de “pai nosso”.
O capítulo 3 procura pensar e gestar um mundo aberto. Precisamos
estar mais próximos uns dos outros. Os povos e nações precisam estar mais
próximos. O capítulo 4 me encantou porque, afinal, sou um sacerdote do Sagrado
Coração de Jesus. O papa nos pede que tenhamos um coração aberto ao mundo
inteiro. Precisamos ter um coração aberto e solidário. Esse pedido atravessa
todas as páginas do texto da encíclica. O quinto capítulo vai direto ao
ponto da questão política, criticando os populismos. Ser popular não é ser
populista. O papa denuncia a nova onda de demagogia mundial; não é democracia é
demagogia. É um capítulo tão curto quanto forte. O sexto capítulo fala sobre o
diálogo e a amizade social. Mostra como criar uma cultura do encontro na
prática. Essa encíclica desdobra a cultura do encontro característica do Papa
Francisco. No sétimo capítulo são apresentados caminhos de reencontro a partir
da verdade. O papa mostra claramente como é que podemos arquitetar a paz. Ele
usa a expressão “artesanalidade”. Devemos ser “artesãos da paz”. A paz se faz
como tricô; é ponto depois de ponto; nó depois de nó. Não se faz simplesmente
com projetos escritos. A encíclica crítica duramente a guerra e a pena de
morte. Esta é claramente excluída de toda a possibilidade de legislação
sensata. O capítulo oitavo é o último e encerra as reflexões do papa Francisco
sobre a fraternidade universal. Ele afirma que as religiões estão à serviço da
fraternidade no mundo e não se podem ser instrumentalizadas em favor de
interesses particulares. A religião é instrumento de fraternidade e não
instrumento de guerra, como alguns querem fazer crer.
A encíclica Fratelli
tutti termina com duas belíssimas orações, a primeira ao Criador e a
segunda em tom mais ecumênico. O Papa Francisco acertou em cheio nesse texto
sobre fraternidade inspirado em Francisco de Assis, patrono do seu pontificado,
em um tempo tão dividido por discórdias e agredido por um vírus que nós não
pedimos e por uma pandemia que nos incomoda em que demora para passar. O Papa
Francisco lança uma luz de Esperança com sua nova encíclica Fratelli
tutti.
Fonte: Vatican News
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