Após a repercussão da fala do Papa Francisco em um documentário
sobre o direito de homossexuais a estarem em uma família e de terem uma
proteção legal, o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal
Pastoral para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), dom Ricardo Hoepers, respondeu ao portal G1 a respeito do tema.
Perguntado se havia algum posicionamento da
Conferência a respeito do tema, dom Ricardo explicou que, dentro da CNBB, “não
houve nenhum tipo de avaliação em relação à fala do Papa Francisco para o
documentário”. Mas ofereceu luzes para entender a fala do pontífice e a visão
da Igreja sobre o tema.
“Percebo
que o Papa Francisco mais uma vez demonstra sua serenidade, voltando-se também
às questões reais da vida cotidiana. Ele tem uma sensibilidade pastoral tão
aguçada que nos impressiona com seu nível de humanidade”, observou.
Ressaltando que era uma fala para um
documentário, não um pronunciamento oficial ou que se insere em seu magistério,
dom Ricardo salientou a forma com que Francisco aborda o tema, também em
sintonia com os apelos contra a “globalização da indiferença”. “O Papa fala com
o coração aberto sobre os reais sofrimentos das pessoas de condição
homoafetiva. Em uma sociedade que exclui com preconceitos e violência, é uma
fala sobre dignidade e, acima de tudo de respeito que devemos ter para com
todas as pessoas”, afirmou.
“No
caso das pessoas em condição homoafetiva, muitas delas são abandonadas pelas
suas famílias, discriminadas pela sociedade, e à margem dos direitos de ter uma
cidadania respeitada. A realidade da discriminação também pode levar à
violência e à exclusão social. Portanto, diante desses perigos, o Papa entende
que uma lei deve buscar garantir a seguridade que toda pessoa merece por ser
cidadão de direitos”, pontou.
Doutrina sobre a família
O comentário do Papa, dentro do contexto do
documentário, no entanto, não
muda em nada do ponto de vista doutrinal ou dogmático sobre a família, segundo
dom Ricardo, que destacou o parágrafo 292 da Exortação
Apostólica pós-sinodal Amoris laetitia – sobre a alegria do amor
na família para salientar a continuidade da Igreja que caminha
“em pleno acordo com a Tradição da Igreja sobre a sacralidade do Matrimônio e
sua dignidade no plano de Deus”.
“o matrimônio cristão, reflexo da união entre Cristo e a Igreja,
realiza-se plenamente na união entre um homem e uma mulher, que se doam
reciprocamente com um amor exclusivo e livre fidelidade, se pertencem até a
morte e abrem à transmissão da vida, consagrados pelo sacramento que lhes
confere a graça para se constituírem como Igreja doméstica e serem fermento de
vida nova para a sociedade (Amoris laetitia, n. 292).
Outro bispo que também situou a fala do Papa
Francisco em acordo com o Magistério e a Doutrina sobre a dignidade da pessoa
humana e sobre a família foi dom Dimas Lara Barbosa, arcebispo de Campo Grande
(MS). Em vídeo postado no canal da arquidiocese no Youtube ele resgata a fala
do Papa e explica que a mesma “se insere perfeitamente dentro daquilo que a
Igreja manifesta, por exemplo, no Catecismo”.
Fonte: CNBB
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