No próximo dia 3 de
outubro, em Assis, o Papa Francisco assina sua terceira encíclica, chamada Fratelli Tutti. O texto sobre a
fraternidade e a amizade social se insere no conjunto de cartas que até o
momento trataram da fé e do cuidado da casa comum. Recorde alguns dos pontos
centrais destes documentos que estão inseridos no magistério da Igreja.
Em seu pontificado, e particularmente no momento atual,
Francisco tem reforçado a ligação com estas diferentes realidades ligadas à fé
e às questões sociais. Falando sobre a solidariedade na série de catequeses
“Curar o mundo”, Francisco ensina que “para ser solidária e dar frutos, a
interdependência precisa de raízes fortes no humano e na natureza criada por
Deus, precisa de respeito pelos rostos e pela Terra”. São duas dimensões da
ligação com Deus e o próximo que caminham juntas. A encíclica “sobre a
fraternidade e a amizade social” deve reforçar a vivência destas dimensões em
nome de uma solidariedade humana.
Luz da fé
Em 2013, no início de seu pontificado, Francisco divulgou sua
primeira encíclica, concluindo o trabalho iniciado pelo Papa Bento XVI. A Lumen Fidei – sobre a fé foi dirigida aos bispos, aos
presbíteros e aos diáconos, às pessoas consagradas e a todos os fiéis leigos.
Francisco falou ao interno da Igreja a respeito da luz da fé, “expressão com
que a tradição da Igreja designou o grande dom trazido por Jesus”.
O documento fala da urgência em recuperar o carácter de luz que
é próprio da fé, capaz de iluminar toda a existência do homem, “pois, quando a
sua chama se apaga, todas as outras luzes acabam também por perder o seu
vigor”.
Francisco reflete e aprofunda como é o caminho que a fé desvenda
diante dos fiéis e a origem de sua luz “tão poderosa que permite iluminar o
caminho duma vida bem sucedida e fecunda, cheia de fruto”.
Em artigo publicado no Portal da CNBB, o arcebispo de Montes
Claros (MG), dom João Justino de Medeiros Silva ressalta o modo de Francisco
enxergar a realidade com os olhos da fé, citando o parágrafo 18 do documento
papal:
“Diz ele: ‘A fé não só olha para Jesus, mas
olha também a partir da perspectiva de Jesus e com os seus olhos: é uma
participação no seu modo de ver’”.
“Quando Papa Francisco propõe dois sínodos sobre a família, um
sobre a juventude e outro, especial, para a Pan-amazônia, pode-se dizer que as
realidades das famílias, da juventude e da Amazônia precisam ser vistas à luz
da fé. Observe-se que estes temas sinodais são menos internos da vida eclesial
e mais voltados para a realidade vital das pessoas. A fé cristã não nega a
realidade, mas busca enxergá-la de modo mais profundo e com ela se compromete
no serviço do Reino”, afirma o arcebispo.
Cuidado da
Casa Comum
É neste contexto amplo de olhar a realidade à luz da fé que
Francisco se dirige “a cada pessoa que habita neste planeta” na carta encíclica Laudato Si’ –
sobre o cuidado da casa comum, considerando a “deterioração global
do ambiente”.
Marca este documento a inspiração em São Francisco já no título,
com o termo extraído do Cântico das Criaturas. “O seu testemunho mostra-nos
também que uma ecologia integral requer abertura para categorias que
transcendem a linguagem das ciências exatas ou da biologia e nos põem em
contato com a essência do ser humano”.
A encíclica Fratelli Tutti também
está relacionada ao testemunho Franciscano. A assinatura do documento em Assis
também é simbolismo desta ligação.
Unir a
família humana
Na encíclica Laudato Si’ Francisco
já faz um convite à comunidade humana em torno de um propósito: “O urgente
desafio de proteger a nossa casa comum inclui a preocupação de unir toda a
família humana na busca de um desenvolvimento sustentável e integral, pois
sabemos que as coisas podem mudar”.
“Lanço um convite urgente a renovar o diálogo
sobre a maneira como estamos a construir o futuro do planeta. Precisamos de um
debate que nos una a todos, porque o desafio ambiental, que vivemos, e as suas
raízes humanas dizem respeito e têm impacto sobre todos nós”,
escreveu Francisco na encíclica lançada em 2015.
O cuidado da casa comum, a sua preocupação com a vida no
planeta, se expressa em eixos que atravessam a encíclica inteira com reflexões
e indicações de atitudes concretas. São exemplos desses eixos: a relação íntima
entre os pobres e a fragilidade do planeta; a convicção de que tudo está
estreitamente interligado no mundo; a crítica do novo paradigma e das formas de
poder que derivam da tecnologia; o convite a procurar outras maneiras de
entender a economia e o progresso; o valor próprio de cada criatura; o sentido
humano da ecologia; a necessidade de debates sinceros e honestos; a grave
responsabilidade da política internacional e local; e a cultura do descarte e a
proposta dum novo estilo de vida.
Fonte: CNBB
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