Camilianos
Aleteia Brasil |
Jul 14, 2017
A trajetória
de São Camilo de Léllis, entre os abismos da miséria humana e as alturas da
misericórdia divina
São Camilo de Léllis, fundador da Ordem dos Ministros dos
Enfermos, é o padroeiro dos doentes, dos profissionais da
saúde e dos hospitais. Bem antes da criação da Cruz Vermelha,
os religiosos da sua ordem, conhecidos como camilianos, se tornaram
apóstolos da caridade de Cristo em um dos cenários
mais angustiantes da existência humana neste mundo: o da enfermidade.
Dos traumas ao
vício
Camilo nasceu
em 1550 em Bucchianico, na Itália. Aos 17 anos, voluntariou-se no exército
veneziano e, junto às tropas, testemunhou o drama dos enfermos que agonizavam
diante das mais diversas e torturantes doenças. Ele próprio, nessa mesma época,
passou a conviver com uma dolorosa úlcera no pé – que o acompanharia até o
último dia de sua vida. Para aumentar as angústias, o jovem ainda sofreu nesse
período a perda do pai. Sua vida então mudou drasticamente: Camilo enveredou
pelos prazeres mundanos, inclusive o da jogatina, em que acabou se viciando.
Sem dinheiro
nem saúde, ele não conseguia local para tratar-se. Partiu para Roma a fim de
pedir socorro no Hospital Santiago: não tendo dinheiro, ofereceu-se para
trabalhar como servente e enfermeiro. Mal cicatrizada a ferida, voltou a se
juntar ao exército para combater os turcos otomanos, que, na época, estavam
tentado expandir-se em direção à Europa ocidental.
Recuperação e…
queda pior ainda
Aos 23 anos,
já quase restabelecido economicamente, Camilo voltou a cair nos vícios mundanos
e no jogo até perder tudo. Retornou a Nápoles e prometeu tornar-se religioso
franciscano, voto que já tinha esquecido no ano seguinte, quando… estava
novamente mergulhado na jogatina.
O jogo e a
bebida eram vícios que o derrubavam com força brutal. Camilo, na miséria,
partiu para Veneza. O frio, a fome e a indigência de quem sequer tinha teto
para dormir não eram suficientes para afastá-lo do maldito vício: em mais uma
das suas muitas derrotas no jogo, o rapaz teve de entregar como pagamento a
própria camisa.
Dos abismos da
miséria às alturas da misericórdia
Depois de
muito perambular pelas ruas do mundo, Camilo conseguiu abrigo no convento dos
capuchinhos. Foi quando, finalmente, começou de verdade a se converter.
As pregações iam pouco a pouco transformando o seu coração até levá-lo a se
reconhecer como pecador necessitado com urgência da misericórdia de Deus. Ele
ingressou na ordem dos capuchinhos, mas não pôde fazer a profissão dos votos
religiosos por causa da enfermidade na perna. Dedicou-se então, no hospital de
San Giacomo, a cuidar dos doentes – e chegou a ser superintendente do hospital.
Golpeado pelas
dolorosas necessidades do próximo, Camilo fundou uma associação de pessoas
dispostas a se consagrarem por caridade ao serviço dos doentes. Aos 32 anos,
voltou aos estudos, sob o acompanhamento de ninguém menos que São Felipe Neri,
e, aos 34, pôde enfim receber as ordens sagradas como sacerdote.
A Ordem dos
Ministros dos Enfermos
A partir de
então, o padre Camilo iniciou a Ordem dos Ministros dos Enfermos, junto com
dois companheiros que, todos os dias, cuidavam dos doentes no Hospital do
Espírito Santo. Sua motivação brotava do fato de enxergar neles o próprio
Cristo. Além de tratá-los na dimensão física, procuravam também aproximá-los
dos sacramentos, cuidando assim da sua alma.
Com o tempo, o
serviço da congregação foi se ampliando. Os camilianos assumiram a missão de
atender os prisioneiros doentes e os convalescentes em casas particulares. São
Camilo passou ainda a enviar religiosos com as tropas do exército a fim de
atenderem os soldados feridos.
Muitos
religiosos morreram no cumprimento dessa missão sacrificada – alguns,
inclusive, atingidos pela peste. São Camilo e seus irmãos, apesar disso,
prosseguiram heroicamente. E prosseguem até hoje: os camilianos fundaram e
mantêm uma grande quantidade de hospitais em vários países, inclusive em
regiões nas quais, sem eles, o atendimento à saúde dos mais pobres estaria
severamente comprometido – ou mesmo ausente.
Finalmente, o descanso na Casa do
Pai
O santo dos
enfermos sempre sofreu as dores intensas da perna e do pé, e, pouco antes de
morrer, as náuseas quase o impediam de comer. Ainda assim, se mantinha
preocupado com os necessitados. Em 1607, renunciou à direção da ordem. Em 14 de
julho de 1614, aos 64 anos, partiu finalmente para o descanso eterno na Casa do
Pai.
O Papa Leão
XIII o proclamou padroeiro dos enfermos junto com São João de Deus. Pio XI o
declarou padroeiro também das associações dedicadas aos doentes.
Fonte: Aleteia
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