Muitas
vezes nos agrada falar das debilidades de Pedro e da visão de Paulo, mas não
acrescentamos que foram homens espirituais que, com a graça de Deus, superaram
os próprios limites e se tornaram, para sempre, luzeiros da fé!
Pe. Cesar Augusto dos Santos, SJ
Festejamos
hoje dois santos muito queridos e que fazem parte de nossa tradição, não apenas
religiosa, mas também popular. São Pedro, o santo pescador e porteiro do Céu,
possuidor das chaves do Reino, entregues a ele pelo Filho do dono da Casa! Paulo,
o erudito, aquele que deu consistência, através de suas cartas, à doutrina
ensinada por Jesus e redigida pelas primeiras comunidades. Paulo está na origem
de nossa tradição religiosa eclesial, trazida pelos jesuítas, e empresta seu
nome à maior cidade da América do Sul.
Na primeira leitura,
extraída de Atos 12, 1-11, vemos que muitas vezes pessoas com poder e para que
esse aumente e também seu populismo (seja entre o povo, seja entre os
funcionários, seja entre os familiares), fazem o que satisfaz a massa, não se
importando com a justiça, mas apenas com o crescimento de sua fama, de sua
popularidade. São pessoas sem juízo, mas ávidas do apoio da massa, de seu
prestígio, da afirmação de sua triste liderança!
Também na
mesma Carta, vemos que a atitude da Igreja, em situações difíceis e que fogem
ao seu poder, é rezar, pedir, suplicar ao Senhor que mude, que transforme a
situação dolorosa, e o Senhor responde atendendo ao pedido humilde daqueles que
nele confiam.
Após a
libertação, Pedro olha para trás e vê que era o Senhor que estava o tempo todo
presente, lhe dando forças e rompendo os laços da prisão.
Também nós,
deveríamos, após a superação de nossas dificuldades, fazer um exame e rever
como se iniciou a situação adversa, como nos portamos, e quais os sinais que
nos animavam e também os que aumentavam nossa angústia e como se originaram.
Então
poderemos bendizer a Deus como São Paulo, na segunda leitura de hoje, a Carta a
Timóteo (2 Timóteo 4,6-8.17-18) e dizer ao rever sua resposta à missão:”
Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé”.
Paulo
reconhece que foi fiel à missão, que anunciou o Evangelho de Cristo ao mundo.
Revê todas as vicissitudes experimentadas, o quanto sofreu por causa de Cristo.
Ao mesmo tempo em que reconhece que foi fiel, Paulo é humilde”.
Teremos
certeza de que foi o Senhor, ou o seu anjo, como está nos Atos, que nos
protegeu e nos guiou durante todo o tempo.
Mas nossa
missão sempre será proclamar nossa fé em Jesus Cristo, como “o Messias, o Filho
do Deus vivo”. E para que tenhamos consciência da presença da Trindade ao nosso
lado, acrescenta após um elogio: “...porque não foi um ser humano que te
revelou isso, mas o meu Pai que está no céu”.
Para nossa
maturidade, para nossa visão mais adulta e menos ingênua da fé, é necessário
que olhemos para Pedro e para Paulo, não apenas como as colunas da Igreja, mas
que vejamos os homens que eram, com seus limites, com suas visões muitas vezes
presas à cultura em que viviam. A santidade não veio e não apareceu apenas com
o martírio, mas, apesar das divergências entre si, da fidelidade a Cristo e à
Igreja. Aí está o processo de santidade, em abrir mão de suas próprias visões e
teorias, para acolher a verdade anunciada pelo Espirito Santo através do
testemunho e da palavra inspirada, dita pelo outro. Muitas vezes nos agrada
falar das debilidades de Pedro e da visão de Paulo, mas não acrescentamos que
foram homens espirituais que, com a graça de Deus, superaram os próprios
limites e se tornaram, para sempre, luzeiros da fé!
Fonte: Vatican News
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