O
Papa autorizou a promulgação dos decretos que darão à Igreja quatro novos
beatos, dentre os quais a religiosa lombarda morta no ano 2000 por três
garotas, num ritual satânico. Também serão beatificados um médico venezuelano,
José Gregório Hernández Cisneros, um bispo argentino, Mamerto de la Ascensión
Esquiú, e o padre alemão Francisco Maria da Cruz, fundador dos Salvatorianos.
Gabriella Ceraso/Mariangela Jaguraba
O Papa Francisco recebeu em
audiência, nesta sexta-feira (19/06), o prefeito da Congregação das Causas dos
Santos, cardeal Angelo Becciu, ao qual autorizou a promulgação de alguns
decretos.
Será beatificado o
Venerável Servo de Deus Mamerto
de la Ascensión Esquiú da Ordem dos Frades Menores, nomeado bispo de
Córdoba, na Argentina, em 1880, três anos antes de sua morte. O religioso
argentino nasceu em 11 de maio de 1826, em San José de Piedra Blanca, e faleceu
em 10 de janeiro de 1883, em La Posta de El Suncho (Argentina). Foi sua mãe
quem lhe transmitiu a fé e a devoção a São Francisco de Assis desde os seus 5
anos de idade. Entrou na Ordem dos Frades Menores em 31 de maio de 1836 e
iniciou sua educação e seu noviciado no convento franciscano de Catamarca. Em
1842, fez a profissão solene na Ordem e foi ordenado sacerdote no dia 18 de
outubro de 1848. Após uma breve experiência no mundo escolar, comprometeu-se
profundamente com o âmbito da concórdia social e da unidade do povo argentino
nos anos difíceis da guerra que, no auge do século XIX, levou à constituição do
país moderno. É famoso o seu Sermão pregado durante a celebração do Juramento
da Constituição em 9 de julho de 1853, centrado na oração pela união de todo o
povo argentino, que o presidente Justo José de Urquizalodò fez imprimir e
distribuir em todo o país. O milagre reconhecido por sua intercessão diz
respeito à cura de uma menina que sofria de osteomielite.
Dentre os
novos beatos consta também o Venerável Servo de Deus José Gregório Hernández
Cisneros, fiel leigo que nasceu em 26 de outubro de 1864, em Isnotú,
Venezuela, no Estado Andino de Trujillo. José é o primeiro de seis irmãos.
Formou-se em medicina em Caracas e aprofundou os seus estudos em Paris, Berlim,
Madri e Nova Iorque. Tornou-se professor universitário e cientista. Foi um dos
primeiros a introduzir o microscópio no país e fundou a cátedra de
bacteriologia na universidade da capital venezuelana. Uma fé viva sempre o
acompanhou. Para ele a medicina era uma missão, especialmente para os mais
necessitados. Muitas vezes comprou medicamentos para os pacientes e em vez de
pedir-lhes dinheiro, ele dava. Era chamado de o “médico dos pobres”. Tinha uma
forte vocação religiosa: queria tornar-se monge e partiu para a Itália em 1908,
entrando na Certosa di Farneta, na província de Lucca. Mas teve que regressar à
pátria por razões de saúde. Tentou novamente alguns anos depois, começando os
estudos teológicos no Colégio Pio Latino-americano em Roma. Mas ficou novamente
doente. Ele entendeu que Deus o estava chamando para a vida local. Tornou-se
Terciário franciscano e, como São Francisco, reconheceu o rosto de Jesus em
cada pessoa doente. Curou os pacientes com coragem durante a epidemia de febre
espanhola. Em 29 de junho de 1919, ele foi a uma farmácia em Caracas para
comprar medicamentos para uma mulher idosa. Foi atropelado por um carro. Levado
ao hospital, recebeu a Unção dos Enfermos. Faleceu murmurando estas palavras:
“Oh, Beata Virgem!”
O Santo
Padre reconheceu o martírio da Serva de Deus Maria Laura Mainetti, nascida
Teresina Elsa, religiosa professa da Congregação das Filhas da Cruz, Irmãs de
Santo André, que também será beatificada. A religiosa nasceu em Colico, na
província de Lecco, Itália, em 20 de agosto de 1939, e foi assassinada em
Chiavenna (Itália) por ódio à fé, em 6 de junho do ano 2000, por três garotas
num ritual satânico. Décima filha de um casal de Valtellina e logo órfã de mãe,
ela interpretou como projeto de Deus para sua vida, as palavras de um
sacerdote, durante uma confissão, que a levaram a desejar uma “vida
inteiramente doada no amor”. Em 1957, a religiosa comunicou à sua família que
queria tornar-se religiosa e dedicou-se à educação, formação e assistência
espiritual e material de crianças e adolescentes. Foi para ajudar uma garota
que tinha telefonado para ela, dizendo-lhe que tinha engravidado depois de um estupro,
que irmã Mainetti saiu do convento sozinha na noite de 6 de junho do ano 2000.
Um engano que a levou à morte, mas não antes de proferir palavras de perdão
para as suas três jovens carnífices.
O quarto
novo beato é o Venerável Servo de Deus Francisco Maria da Cruz,
no século João Batista Jordan, sacerdote, Fundador da Sociedade do Divino
Salvador (Salvatorianos) e da Congregação das Irmãs do Divino Salvador
(Salvatorianas). Nasceu numa família pobre em 16 de junho de 1848, em Gurtweil,
na Floresta Negra, na Alemanha. Quando jovem, trabalhou por muito tempo como
pintor e decorador para ajudar financeiramente seus pais e somente graças à
generosidade de tutores e benfeitores conseguiu fazer os votos. Durante seus
anos de estudo, desenvolveu uma aptidão particular para as línguas
estrangeiras, incluindo as orientais. Foi durante uma viagem à Terra Santa que
ele amadureceu uma ideia antiga, a de fundar uma organização que unisse os
católicos de todos os níveis para defender e propagar a fé. A ideia tomou forma
em 1881 com a criação de duas comunidades religiosas. Numerosas são suas
viagens na Índia, Europa e nas Américas até sua morte em 8 de setembro de 1918,
em Tafers, na Suíça. Deixou um Diário Espiritual que é um documento de grande
interesse, no qual se respira o seu grande desejo de santidade.
Por fim,
Francisco reconheceu as virtudes heroicas da Serva de Deus Glória
Maria de Jesus Elizondo García, no século Esperança, que se torna agora
Venerável Serva de Deus. Foi Superiora Geral da Congregação das Missionárias
Catequistas dos Pobres. Nasceu em 26 de agosto de 1908, em Durango, no México,
e faleceu em Monterrey (México) no dia 8 de dezembro de 1966.
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário