Que graças vos daremos, ó bem-aventurados Apóstolos, por tantas fadigas por nós suportadas? Lembro-me de vós, ó Pedro, e me espanto; lembro-me de vós, ó Paulo, e caio em lágrimas. Não sei o que dizer, não sei proferir palavras ao contemplar vossos sofrimentos. Quantas prisões santificastes! Quantas maldições tolerastes! Quão longe levastes o Cristo! Como alegrastes as Igrejas com vossas pregações! Quão benditos instrumentos são vossas línguas! E mais: de sangue foram cobertos vossos membros, em tudo assemelhando-se a Cristo, vosso Mestre Senhor! (cf. São João Crisóstomo).
A obra redentora de Deus, em sua inexprimível bondade, ternura e mistério de amor, fazendo-se homem, quis e quer eternizar a criatura humana, restaurando-a e reconciliando-a consigo. É dentro desse contexto que a Igreja comemora São Pedro e São Paulo, homens simples e humildes, fundamentalmente marcados pela graça de Deus, que, para os seguidores do Filho de Deus, no decorrer dos séculos, foram imprescindíveis, ao marcar e personificar a Igreja de um modo ininterrupto em toda a sua história.
Deus Nosso Senhor nos concede, ao celebrar São Pedro e São Paulo, a renovação de nosso ardor missionário, no sopro do Espírito Santo de Deus. Pela hierarquia, a Igreja tem sua plenitude, com sacramentos, vigor do anúncio e estrutura visível, estando à frente as criaturas humanas e como primeira delas, hoje, o Papa Francisco.
Paulo nos aponta a Igreja, que tem na sua essência a missão, reservando-lhe o incomparável cognome de mestre e doutor das nações. A grande verdade é que os dois edificaram, pela mesma fé no Filho de Deus, a linhagem sagrada já aqui na terra, a família dos seguidores de Jesus de Nazaré.
Eles nos entusiasmam a viver a nossa fé, na fidelidade a Jesus, alimentando-nos de sua palavra e de seu corpo e sangue, voltados, evidentemente, para a realidade de dor e sofrimento de muitos irmãos e irmãs, na qual estamos inseridos. Ensinam-nos também, na esperança do prêmio eterno, que é possível repetir a mesma façanha, por eles vivida e ensinada, no bom combate da fé e, igualmente, na convicção de que Jesus é o Messias, o Filho do Deus vivo.
Pedro e Paulo nos conduzem à contemplação do mistério de nossa fé, não só pela ausculta e percepção da Igreja como instituição divina, mas também pelos seus ensinamentos. A Igreja, ao proclamar a mensagem de um Deus afável e terno às pessoas do nosso tempo, mostra-nos, de modo pedagógico, que Ele se fez homem e se encarnou na História, oferecendo-nos a salvação. Manifesta-nos, sem nenhuma dúvida e ilusão, a solução em Deus, como único e verdadeiro caminho. Desse modo, somos motivados, pela força da sua graça, a ultrapassar a realidade terrena, no sonho das aspirações mais profundas do ser humano: a eterna felicidade! Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF).
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