terça-feira, 9 de junho de 2020

DOM HELDER: FAROL LUMINOSO



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Padre Geovane Saraiva*
Como é maravilhoso contemplar a bondade de Deus, na supremacia do amor, que nos comunica a vida de um modo elevado e pleno, num gesto extremamente amoroso e compassivo em favor da humanidade, como na augusta angústia: “Pai, se queres, afasta de mim este cálice”, assemelhando-se ao “Não consigo respirar”! A festa do amor – dom para a humanidade –, no mistério da Santíssima Trindade, nos ajuda a compreender o fundamento da esperança, no vigoroso ânimo de que a caminhada de fé dos seguidores de Jesus de Nazaré pede uma resposta, no mistério da acolhida do Pai, ao enviar o Filho, e promete o Espírito, compartilhando o compromisso de animar e recobrar a vida da comunidade de fé com todos.
No decorrer de quase duas décadas tenho falado e descrito sobre Dom Helder, sempre nas celebrações eucarísticas, valendo-me também das redes sociais e do “podcast”, certo de que, ao recordar a vida do talentoso profeta e dom da paz, o sentido seja pedagógico, que mantém a chama de sua vida – como farol luminoso que é – numa imorredoura esperança. Penso que Dom Helder, como artesão da paz, está bem inserido no contexto da Semana do Meio Ambiente, num olhar para a Trindade Santa, a partir da ecologia humana, frontalmente ferida, sobretudo no racismo – que contraria o ser cristão –, para com as pessoas, que são templo da referida Trindade, numa blasfêmia ao próprio Deus.
O rastro luminoso, fruto de sua ação evangelizadora e profética, ao brilho fulgurante através de seu lema de bispo: “In manus tuas” ¬– em tuas mãos –, bem que contraria todo e qualquer tipo de barganha, como troca de favores de padres e diretores de TVs católicas. Aqui vemos a marca inconfundível do peregrino da paz e da ternura, que, se vivo fosse, se contaria com sua voz somada à de milhões de seres humanos em todo o planeta: “Não consigo respirar”, sendo esse grito o de Jesus no alto da cruz a se repercutir no clamor de uma infinidade de Joões Pedros, Georges Floydes e Miguéis Otávios. Apropriemo-nos, pois, das palavras santas de Dom Helder ao dizer: “Tenho pena, Senhor, dos sem-abrigo, e mais pena ainda dos instalados, dos enraizados, que fizeram da Terra morada permanente”.
Na mais nítida consciência de todo ser humano, Dom Helder foi criado à imagem e semelhança do bom Deus, revestido da força do alto no esforço para impedir que os valores que não são deste mundo se transformassem em realidade, na luta ferrenha em favor da justiça do Reino, que tem origem no mistério pascal de Jesus. Foi exatamente na Páscoa do Filho de Deus que o Pastor dos Injustiçados lançou uma proposta de superação de todo tipo de empecilho, começando pelo racismo, sem esquecer da insensibilidade e da indiferença. Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza (AMLEF)

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