Milhões
de crianças correm o risco de serem obrigadas ao trabalho infantil devido à
crise da Covid-19. Neste Dia Mundial contra o Trabalho Infantil o tema
refere-se à proteção das crianças do trabalho infantil, mais do que nunca. O
caso da menina paquistanesa Zohra, morta pelos espancamentos na casa onde fazia
limpeza recorda dramaticamente ao mundo esta triste realidade
Marco Guerra/Jane Nogara – Vatican
News
Neste
ano, a ONU celebra o Dia Mundial Contra o Trabalho Infantil, com o tema:
“Covid-19: Proteja as crianças do trabalho infantil, mais do que nunca”.
Milhões de crianças correm o risco de serem obrigadas ao trabalho infantil
devido à crise da Covid-19. A pandemia pode levar ao primeiro aumento deste
indicador após 20 anos de progresso, segundo a Organização Internacional do
Trabalho, OIT, e o Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef. Além disso,
as crianças que já trabalham podem estar sujeitas a maior carga horária e
condições mais perigosas. Com muito mais danos à sua saúde e segurança.
Menos escolas, mais trabalho infantil
A
diretora-executiva do Unicef, Henrietta Fore, conta que “à medida que a pobreza
aumenta, as escolas fecham e a disponibilidade de serviços sociais diminui,
forçando mais crianças ao trabalho.” Para ela, “é preciso garantir que as
crianças e suas famílias estejam capacitadas a enfrentar tempestades
semelhantes no futuro.” Fore destaca educação de qualidade, serviços de
proteção social e melhores oportunidades econômicas. Atualmente, o
fechamento temporário de escolas afetando mais de 1 bilhão de alunos em mais de
130 países. Mesmo após o retorno às aulas, muitos pais não terão como enviar
seus filhos à escola. Como resultado, mais crianças podem cair em
atividade perigosas e de exploração. A situação também pode agravar as
desigualdades de gênero com as meninas mais vulneráveis à exploração no campo e
no trabalho doméstico.
Caso emblemático da menina Zohra
O brutal
assassinato de Zohra, uma menina de oito anos de uma família muito pobre de uma
aldeia de Punjabno Paquistão, explorada como empregada doméstica recordou
ao mundo mais uma vez o dramático fenômeno do trabalho infantil. A menina
morreu no último dia 31 de maio por causa dos castigos físicos dados pelos seus
patrões, um rico casal de Rawalpindi. Segundo alguns, teriam batido nela por
ter soltado dois papagaios de uma gaiola. O caso escandalizou e chocou a
opinião pública mundial, inclusive parte da sociedade civil paquistanesa, que
sempre denunciou o uso generalizado de meninas de famílias pobres no setor de
tarefas domésticas. Com efeito, a extrema pobreza leva muitos pais a mandar
seus filhos para o trabalho com famílias mais ricas, muitas vezes com a
ilusória promessa de escolaridade e educação, como no caso da pequena Zohra.
12 milhões de crianças trabalhadoras no Paquistão
Devido ao
escândalo, o ministro paquistanês dos Direitos Humanos, Shireen Mazari,
declarou que foi proposta a modificação de uma lei que classificaria o trabalho
doméstico para crianças como “ocupação perigosa”. Isso poderia significar que
as crianças não podem mais ser empregadas nas casas privadas. Atualmente no
Paquistão o trabalho de menores é ilegal nas fábricas ou em outras atividades
produtivas, mas ainda há 12 milhões de crianças trabalhadoras, declara o
diretor executivo de uma ONG paquistanesa (SPARC) para a proteção da infância,
Sajjad Cheema.
Uma em cada dez crianças é obrigada a trabalhar
A África é
o continente onde o trabalho infantil está mais difundido, tanto em percentagem
da população infantil como no número absoluto de crianças envolvidas. Na
prática, uma em cada dez crianças no mundo é obrigada a trabalhar. No entanto,
apesar do número de crianças trabalhadoras ter diminuído em 94 milhões desde
2000, com a Covid-19 o objetivo de “desenvolvimento sustentável"
estabelecido pela ONU, que prevê o fim do trabalho infantil em todas as suas
formas até 2025, fica ainda mais longe.
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário