sábado, 23 de maio de 2020
CARTA CIRCULAR DE DOM JOSÉ ANTONIO PARA OS PÁROCOS E VIGÁRIOS DA ARQUIDIOCESE DE FORTALEZA
+ JOSÉ ANTONIO APARECIDO TOSI MARQUES Arcebispo Metropolitano de Fortaleza Fortaleza, 23 de maio de 2020. Circular 004/2020: Orientações pastorais ainda na pandemia coronavírus.
Aos Párocos e Vigários Paroquiais responsáveis por Áreas Pastorais em suas comunidades, Graça e Paz do Senhor! Continuamos ainda em tempo de pandemia e de necessárias restrições para o bem da saúde das pessoas, já que está ainda em crescimento a contaminação com o coronavírus e suas consequências dolorosas, especialmente agora nos bairros periférios e na zona rural. Diante da ansiedade de muitos irmãos sacerdotes e fiéis, sinto-me na necessidade de dirigir a todos alguns esclarecimentos. Temos acompanhado irmãos padres e leigos que, contaminados, estão em tratamento da COVID 19, recuperando-se e tendo alguns falecido. Diversas pessoas têm pedido insistentemente para abrir as igrejas e a celebração da Eucaristia com a presença do povo. Com muita calma chegaremos a este ponto, mas ainda não é o tempo para tal. As condições de isolamento social rígido, necessário para enfrentar a pandemia, nos impede ainda de atrair os fieis a sairem de casa para participar do culto nas igrejas. Ninguém controlaria que todos obedecessem às condições que se fazem necessária para evitar o contágio, seja pela locomoção externa, seja pelo encontro com muitas pessoas. Quem poderia escolher quem participaria das missas e quem não? Ademais, nosso povo tão religioso costuma encher as igrejas para as celebrações. Como conter que saiam de casa apenas alguns e outros não? Chegam alguns sacerdotes a perguntar sobre a celebração de Corpus Christi com algum tipo de procissão ou bênção do Santíssimo Sacramento em lugares públicos. Isto não é possível pois rompe o isolamento necessário no momento. O que se poderá fazer é promover uma Hora Santa via mídias sociais, mas não presencial. Outros questionam como poder atender a procura dos fieis para o Sacramento da Confissão. Da mesma maneira alguns chegam a propor sobre alternativas de atendimento dos fieis para confissão, orientação e mesmo comunhão sacramental. Perguntam: “Não se poderia fazer de modo drive thru, com o padre passando com o carro e os fieis se aproximando?” - Nesta situação os mesmos deveriam sair de casa, e isto já é fácil exposição ao contágio! Chegam a sugerir para o após pandemia celebrações de absolvições gerais (as impropriamente chamadas “Confissões Comunitárias”), pois serão muitos a serem atendidos em Confissão. Relembramos que, Absolvições Gerais nunca podem ser programadas, mas ocorrem em situações limites. Não seria este o caso do após pandemia, pois, primeiramente os fieis estarão necessitados da confissão auricular após tanto tempo de distância da mesma, de outro lado poderão gradativamente ser atendidos, levando-se em consideração as orientações já dadas pelo Papa Francisco e encontradas no Catecismo da Igreja Católica, no. 1451 e 1452, a respeito da “contrição perfeita” e o perdão dos pecados. A criatividade do amor dará aos pastores e fieis a descoberta de diversas possibilidades de alimentar a própria vida cristã e a comunhão eclesial na vivência da Palavra de Deus, das obras de Caridade, da renúncia e sacrifícios da própria vida, unidos à Paixão do Senhor. Verdadeiro crescimento na Fé superará certa maneira mágica de conceber os sacramentos e a vida da Igreja. Outra questão que muito tem angustiado pastores e fieis é a situação econômica das pessoas, das famílias e da própria comunidade eclesial. São muitos os gestos de solidariedade que se vêem realizar na Igreja e na sociedade diante das necessidades que estão se manifestando na vida das pessoas e comunidades. Muitas formas de generosa doação por parte dos que diretamente estão no cuidado dos enfermos, na provisão dos meios materiais para a subsistência e serviços fundamentais, nas orientações e estímulos à confiança e à esperança que superam a perplexidade e o medo, que são grande sofrimento para muitos. A doação da própria vida pela vida do próximo é a maior prova de Amor. (cf. Jo 15, 13) No que se refere à nossa Arquidiocese: os Organismos Arquidiocesanos da Caridade estão unidos em Campanha de apoio aos mais vulneráveis, recolhendo para tal contribuições de benfeitores e articulando o destino dos auxílios. A administração econômica da Arquidiocese tem procurado com muita presença e disponibilidade esclarecer e auxiliar aos administradores nas paróquias e comunidades eclesiais, como encontrar meios para fazer frente às necessidades que se apresentam. Foi constituído também um Fundo Arquidiocesano de Emergência para ser suporte às necessidades mais urgentes das paróquias. Este fundo recebe doações espontâneas de padres e leigos, de paróquias e outras para fazer frente às necessidades mais urgentes de paróquias e áreas pastorais. Através da administração da Cúria Metropolitana e do Fundo de Sustentação do Clero são encaminhadas as situações. Quem tiver necessidade de explicação ou auxílio, pode se dirigir a elas. Esperamos assim, que seja a comunhão fraterna em Cristo a nos iluminar e fortalecer no enfrentamento da situação pandêmica que vivemos. E será esta mesma a nos dar lições para o futuro de um mundo mais de acordo com o projeto amoroso de Deus. Desejamos a todos e às comunidades a que servem como pastores as graças e alegrias do Senhor Ressuscitado que está conosco pelo Seu Espírito Santo de Amor. Em Jesus e Maria,
Dom José Antonio Aparecido Tosi Marques,
Arcebispo Metropolitano de Fortaleza
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário