A Sociedade Brasileira de Cientistas Católicos (SBCC), da qual o Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) faz parte, publicou no último dia 27 de março uma nota a respeito da COVID- 19. De acordo com o documento, considerando que muitas ações ainda precisarão ser desenvolvidas, a SBCC propõe aos pesquisadores católicos que priorizem soluções para os problemas mais relevantes, tendo em conta o valor inegociável da vida humana, e que busquem ações econômicas e de organização social baseadas em um humanismo solidário.
A nota afirma ainda que as medidas políticas, sociais e econômicas adotadas devem estar baseadas em modelos que priorizem vidas, seja evitando a disseminação da doença, seja garantindo a subsistência dos indivíduos num cenário pós-epidemia.
A SBCC foi fundada durante a 57ª Assembleia Geral da CNBB, em maio de 2019, e faz parte do núcleo do Setor Universidades da Comissão Episcopal Pastoral para Cultura e Educação da CNBB que tem como presidente o arcebispo de Montes Claros (MG). O objetivo da fundação da SBCC é reunir cientistas católicos, que podem ser pesquisadores de diversas áreas da Ciência (Exatas, Humanas ou Biológicas), e promover ações específicas no campo de ensino e pesquisa. O grupo liderado por dom João Justino é composto por teólogos e pastoralistas que têm a função de garantir que as ações da Sociedade se mantenham dentro das normativas da Doutrina Católica e também de realizar um trabalho de pastoreio para com seus membros.
O assessor da comissão padre Danilo Pinto, diz que muitos pesquisadores estão sendo convidados a cooperar a partir das suas áreas de conhecimento para o enfrentamento do coronavírus e outros problemas que foram desencadeados a partir da pandemia nos diversos setores da sociedade quanto da saúde, da educação e da economia, entre outros.
“Os membros da SBCC eles são chamados a colaborar, os mestres e doutores, a partir de uma contribuição bem específica porque balizada pelos critérios que são retirados do evangelho. Critérios que nos ajudam a compor o imenso patrimônio que chamamos de humanismo solidário. que é a capacidade que a gente tem de de refletir, de promover a pessoa humana a luz da fé. Então, é a luz dos critérios do humanismo solidário que os mestres e doutores católicos são convidados a colaborar com as soluções, alternativas e reflexões que precisamos para esse novo tempos que estamos vivendo”, destaca o padre.
Leia a nota da SBCC na íntegra:
Nós, membros da SBCC, diante da pandemia do Covid-19, fazemo-nos próximos e solidários aos brasileiros neste momento de angústia, incertezas e esperanças. Reconhecemos o grande valor dos cientistas, profissionais da saúde e de todos os demais que têm papel indispensável nesta hora. Queremos também contribuir para a promoção e defesa da vida, o bem maior.
A Organização Mundial da Saúde, o Ministério da Saúde e a comunidade científica têm indicado algumas ações que já estão em andamento para conter o avanço da doença e assim evitar o colapso do sistema de saúde, bem como reduzir o número de mortes causadas pela Covid-19. Considerando-se que muitas outras ações ainda precisarão ser desenvolvidas, a SBCC propõe aos pesquisadores católicos as seguintes reflexões:
1 – É preciso priorizar temporalmente os esforços científicos, técnicos e econômicos, de modo que soluções para os problemas mais relevantes sejam rapidamente levantadas, tendo em conta o valor inegociável da vida humana. Sob este valor, devem estar subordinadas todas as demais preocupações políticas e econômicas.
2 – A aplicação em larga escala de vacinas, medicamentos e outros tratamentos deve ser baseada em conhecimentos científicos comprovados ou, quando em condições extremas, em protocolos clínicos devidamente justificados. Comunidades humanas não podem ser usadas como cobaias, a fim de obter conhecimento. Isso inverte a lógica de uma ciência humanista e fere a ética científica em diferentes níveis. Neste mesmo sentido, as medidas políticas, sociais e econômicas adotadas devem estar baseadas em modelos que priorizem vidas, seja evitando a disseminação da doença, seja garantindo a subsistência dos indivíduos num cenário pós-epidemia.
3 – É mister estabelecer, em espírito solidário, um diálogo efetivo e transdisciplinar para encontrar a dosimetria adequada das ações no complexo enfrentamento da crise. Deve-se buscar ações econômicas e de organização social baseadas em um humanismo solidário, que visem o bem comum e protagonizem a opção preferencial pelos pobres.
4 – Ao fim dessa crise, a sociedade terá a oportunidade de reavaliar os papéis tanto da comunidade científica quanto dos profissionais de saúde, por vezes preteridos de incentivos públicos e privados, no cenário nacional. Reafirmamos sua importância e a necessidade de que suas orientações sejam seguidas por parte das autoridades civis, eclesiásticas, e toda sociedade de modo geral.
Em tempo, conclamamos esses profissionais a que assumam, com profunda solidariedade e colaboração, suas funções tão necessárias nesse momento crítico em que vivemos. Pedimos a todos os irmãos para que rezem por esses profissionais e que nos unamos a Cristo para sermos sinais de esperança.
27 de março de 2020.
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