Na
mensagem publicada no dia 05 de março último, Francisco recorda o Sínodo dos
Bispos dedicado aos jovens sobre o tema "Os jovens, a fé e o discernimento
vocacional", afirmando que através dele a Igreja lançou um processo de
reflexão sobre a condição dos jovens no mundo atual.
Cidade do Vaticano
Foi divulgada no último dia 5 de
março a mensagem do Papa
Francisco para a 35ª Jornada Mundial da Juventude que se celebra
em todas as dioceses do mundo neste Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor
(05/04). O tema deste ano é «Jovem, Eu te digo, levanta-te!» extraído
do capítulo 7, versículo 14 do Evangelho de Lucas.
Na mensagem, o Papa recorda o Sínodo
dos Bispos realizado, no Vaticano, em outubro de 2018, sobre o tema Os
jovens, a fé e o discernimento vocacional, afirmando que através dele a Igreja
lançou um processo de reflexão sobre a condição dos jovens no mundo atual.
Recorda também a Jornada Mundial da Juventude, no Panamá, em janeiro de 2019,
onde encontrou milhares de jovens do mundo. “Acontecimentos como estes, Sínodo
e JMJ, manifestam uma dimensão essencial da Igreja: o «caminhar juntos»”,
ressalta o Pontífice.
A seguir, o Papa menciona também a
próxima Jornada Mundial da Juventude que se realizará em Lisboa, Portugal, em
2022. “De lá, nos séculos XV e XVI, vários jovens, incluindo muitos
missionários, partiram para terras desconhecidas a fim de partilhar a sua
experiência de Jesus com outros povos e nações.” O tema da Jornada em Lisboa
será: «Maria levantou-se e partiu apressadamente». Nos dois
anos que precedem a JMJ em Portugal, o Santo Padre pensa em refletir com os
jovens outros dois textos bíblicos: «Jovem, Eu te digo, levanta-te!», este
ano de 2020, e «Levanta-te! Eu te constituo testemunha do que viste!»,
em 2021.
Francisco chama a atenção para o
verbo comum nos três temas: levantar-se. “Esta palavra possui
também o significado de ressuscitar, despertar para a vida. É um verbo
frequente na Exortação Christus vivit (Cristo vive), que eu
dediquei a vocês depois do Sínodo de 2018 e que, juntamente com o Documento
Final, a Igreja lhes oferece como um farol para iluminar as sendas da sua
existência. Espero de todo o coração que o caminho que nos levará a
Lisboa coincida em toda a Igreja com um forte compromisso na concretização
destes dois documentos, orientando a missão dos animadores da pastoral juvenil”,
ressalta o Papa.
Ver o sofrimento e a morte
Retornando ao tema da Jornada Mundial
da Juventude diocesana deste ano, «Jovem, Eu te digo, levanta-te!», o Papa
recorda que Jesus, tocado pelo sofrimento angustiado da viúva, faz o milagre de
ressuscitar o seu filho. “Jesus pousa um olhar atento, não distraído, sobre
aquele cortejo fúnebre."
A seguir, o Papa nos convida a nos
fazer as seguintes perguntas: “Como é o meu olhar? Vejo com olhos
atentos ou como faço ao repassar rapidamente as milhares de fotografias no meu
celular ou os perfis sociais?”
“Quantas vezes nos acontece, hoje,
ser testemunhas oculares de vários acontecimentos, sem nunca os vivermos ao
vivo! Às vezes, a nossa primeira reação é filmar a cena com o celular, talvez
esquecendo-nos de fixar nos olhos as pessoas envolvidas.”
Francisco recorda que há “jovens
que estão «mortos», porque perderam a esperança. Infelizmente,
entre os jovens, alastra também a depressão, que pode, em alguns casos, levar à
tentação de destruir a própria vida. Há tantas situações onde reina a
apatia e o indivíduo se perde num abismo de angústias e remorsos. Vários
jovens choram, sem que ninguém ouça o grito da sua alma. Muitas vezes, ao
seu redor, o que há são olhares distraídos, indiferentes talvez mesmo de quem
esteja desfrutando os seus momentos felizes mantendo-se à distância”.
Ter compaixão
Em muitas ocasiões, os jovens
demonstram que sabem se com-padecer. “Basta ver como muitos de
vocês se doam generosamente, quando as circunstâncias o exigem. Não há
desastre, terremoto, inundação que não veja grupos de jovens voluntários
mostrarem-se disponíveis para socorrer. Também a grande mobilização de jovens
que querem defender a criação dá testemunho de sua capacidade de ouvir o clamor
da terra. Queridos jovens, não deixem que lhes roubem esta
sensibilidade”, escreve o Papa.
Aproximar-se e tocar
"Jesus para o cortejo fúnebre.
Aproxima-se, faz-se próximo. A proximidade impele a ir mais além, cumprindo um
gesto corajoso para que o outro viva. Vocês jovens podem se aproximar
das realidades de sofrimento e morte que encontram, podem tocá-las e gerar vida
como Jesus, tocar como Ele e transmitir a sua vida aos seus amigos que
estão mortos por dentro, que sofrem ou perderam a fé e a esperança."
O primeiro passo é aceitar
levantar-se
O Papa ressalta que o "Evangelho
não refere o nome daquele jovem ressuscitado por Jesus em Naim. Isto é um
convite ao leitor, para se identificar com ele. O primeiro passo é
aceitar levantar-se. A nova vida que Ele nos der, será boa e digna de
ser vivida, porque será sustentada por Alguém que nos acompanhará também no
futuro sem nunca nos deixar, ajudando-nos a gastar de forma digna e fecunda
esta nossa existência".
Ir além do virtual
O Evangelho diz que o jovem «começou
a falar». "Falar significa também entrar em relação com os outros. Quando
se está «morto», o indivíduo fecha-se em si mesmo: interrompem-se as relações
ou tornam-se superficiais, falsas, hipócritas. Quando Jesus nos devolve a vida,
«restitui-nos» aos outros."
“Hoje, muitas vezes há «conexão», mas
não comunicação. Se o uso dos aparelhos eletrônicos não for equilibrado, pode
levar-nos a ficar sempre colados a um visor. Numa cultura que quer os jovens
isolados e debruçados sobre mundos virtuais, façamos circular esta palavra de
Jesus: «Levanta-te». É um convite a abrir-se para uma realidade que vai muito
além do virtual. Isto não significa desprezar a tecnologia, mas usá-la como um
meio e não como fim.”
"«Levanta-te» significa também
«sonha», «arrisca», «esforça-te por mudar o mundo», reacende os teus desejos,
contempla o céu, as estrelas, o mundo ao teu redor. «Levanta-te e torna-te
aquilo que és»”, concluiu Francisco.
Fonte: Vatican News
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