O grande chamado de solidariedade lançado pela a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), no domingo de Páscoa, mostra que a força motora para diminuir os impactos da crise pandêmica é, de fato, a solidariedade transformadora. Durante as últimas duas semanas, a Ação Solidária “É Tempo de Cuidar” recebeu doações de alimentos não perecíveis e materiais de higiene por meio das comunidades eclesiais, em todas as regiões do Brasil. Os materiais arrecadados estão sendo distribuídos com intuito de amenizar o cenário de instabilidade socioeconômica da população mais exposta à pandemia: as pessoas que estão em situação de vulnerabilidade social.
Em duas semanas de Ação Solidária, as doações em todo o Brasil contabilizam 49.064 kg de itens alimentícios; 22.738 unidades de kits de higiene; 20. 449 unidades de roupas e calçados; 4.448 unidades de equipamentos de proteção individual e 3.011 unidades de outros utensílios, como móveis e equipamentos diversos. Apesar dos números exitosos das duas primeiras semanas da Ação Solidária e do engajamento de várias comunidades em torno da campanha, muitas famílias ainda continuam desassistidas. Por isso, a segunda fase da mobilização quer fortalecer ainda mais as muitas iniciativas solidárias em todo o país, diante da pandemia da covid-19.
Para Fernando Zamban, assessor nacional da Cáritas Brasileira, o movimento de solidariedade é um pilar forte nos contextos de crise e, no cenário da pandemia, está contribuindo para conter maiores impactos sociais. “É um gesto muito bonito de pessoas que reconhecem a gravidade da situação e de coração aberto, espontaneamente, decidem colaborar. Os números mostram que ainda não estamos no fim da pandemia e, portanto, as consequências sociais continuarão nos próximos meses, desta forma, cada vez mais a nossa solidariedade é necessária e urgente”, enfatiza.
Toda a arrecadação é distribuída às comunidades mais desassistidas que tiveram sua renda extremamente afetada. Portando, o público-alvo da Ação abrange diferentes situações de extrema vulnerabilidade, como as pessoas em situação de rua, migrantes e refugiados, as que vivem em moradias precárias em zonas rurais e urbanas, além dos desempregados/as e trabalhadores/as informais que, neste momento, perderam suas fontes de renda, situação que percorre todas as regiões do Brasil.
Na primeira fase da campanha, os principais público alcançados foram mulheres, idosos e população em vulnerabilidade social em geral; cerca de 55% das doações foram direcionadas a trabalhadores informais, dentre eles, 75% eram para mulheres que se encontram impossibilitadas de exercer funções laborais.
Articulação solidária – No sul do Brasil, em Santa Catarina, para que as crescentes demandas de desamparo social fossem atendidas, houve uma articulação local que integrou Pastorais Sociais e diferentes frentes da Igreja. Foi realizado um mapeamento para mensurar as atividades já desenvolvidas e as que precisavam ser criadas, essa iniciativa serviu para organizar as doações e visualizar as novas necessidades que nasceram junto ao contexto de pandemia.
Dessa maneira, o mapeamento não visou somente criar novas ações, mas também fortalecer as que já eram desenvolvidas nas paroquias, assim, muitas das ações foram otimizadas: ganhando novos recortes e públicos, tendo em vista também a especificidade de cada comunidade eclesial frente ao novo contexto social.
“Adequamos as ações que já existem às reais necessidades. O grande desafio foi mapear para que os regionais tivessem um olhar mais diversificado para as realidades das diferentes cidades no Estado. Além de ampliar o olhar, o mapeamento também conseguiu adequar as doações para que todas as demandas sejam atendidas; quando há sobra de doação em alguma cidade, a deslocamos para a cidade que necessita e isso é feito não somente com a demanda ligada à fome, mas cuidando também da garantia de direitos e outras necessidades emergentes.” Explica o assessor de comunicação do Regional Sul 4 da CNBB, Franklin Machado.
Na região Norte, mais especificamente em Boa Vista (RR), o público-alvo prioritário são pessoas migrantes e refugiadas, principalmente de origem venezuelana que vivem em ocupações, em prédios públicos da cidade. Antes da pandemia, esse público já se encontrava em situação de extrema vulnerabilidade e agora, com a impossibilidade de trabalhos informais, maior fonte de renda dos migrantes em Boa Vista, a situação, principalmente da falta de acesso à comida, se acentuou consideravelmente.
Frente ao crescente índice de fome da cidade, a Ação Solidária em Boa Vista se concentra principalmente na distribuição de alimentos não perecíveis. “Uma das ocupações onde iremos entregar as cestas básicas e kits de higiene é um prédio público antigo da cidade, chama-se ocupação Beira-rio, onde vivem aproximadamente 60 famílias em vulnerabilidade.
Além disso, nos finais de semana também iremos fazer a entrega de alimentos para o preparo de sopas e mingau na ocupação Ka’bonoco, um dos locais mais vulneráveis da cidade; essa iniciativa conta com o apoio do Programa Europana e ajuda muito os migrantes venezuelanos”, diz Neilza Santos, Assistente Social da Cáritas Diocesana de Roraima.
Doação com segurança – Na Cáritas Diocesana de Pesqueira (PE), o movimento de solidariedade teve o intuito de atender às necessidades prioritariamente ligadas ao acesso à alimentação das pequenas cidades interioranas de Pernambuco: Poção, Arcoverde, Sanharó e Pesqueira. Através da articulação entre paróquias e empresas locais, as comunidades doaram mais de 560 cestas básicas e 1000 peças de roupas em apenas duas semanas de Ação Solidária.
Segundo Itamar Carvalho, membro da Coordenação Colegiada da Cáritas Diocesana de Pesqueira, ainda há muitas famílias desassistidas nesse período. Por isso, a segunda fase da campanha é extremamente essencial para cobrir esse déficit. “Para muitas dessas famílias essa ajuda é de extrema relevância, considerando que as pessoas não estão conseguindo trabalho nesse momento e nem coletar materiais recicláveis. Daí a importância de seguir doando cestas básicas e demais materiais, para que consigamos chegar às centenas de famílias que não foram atendidas nesse primeiro momento”, destaca.
Itamar ressalta que todas as doações estão seguindo as recomendações de segurança e higiene orientadas pela CNBB e Cáritas Brasileira, o que contribui para que as pessoas se sintam seguras em realizar suas doações. “Como recomendado a todas as dioceses, estamos seguindo todo o manual de segurança nessa Ação Solidária e ainda orientando os demais municípios e Igrejas”. Para saber mais sobre os procedimentos de cuidados e higiene utilizados nesta campanha, acesse: Plano de Contingência da Cáritas Brasileira.
A Cáritas Brasileira está atuando para orientar arquidioceses, dioceses, paróquias e comunidades a respeito dos protocolos de segurança para que as doações sejam recebidas e entregues de maneira adequada, neste momento de risco de contaminação pelo coronavírus. Desta maneira, apesar do perigo eminente, as orientações permitem que a solidariedade seja exercida de forma consciente e segura, mantendo os cuidados coletivos tanto com a equipe que está trabalhando em campo, quanto para com os doadores.
Faça parte – A campanha segue até o fim do distanciamento social, que ainda se mostra incerto para muitas cidades brasileiras. As comunidades católicas, em todo o Brasil, continuam recebendo doações diariamente. O movimento da comunidade, independente da religiosidade, é crucial para que mais famílias possam passar por essa crise com mais segurança alimentar e menos expostas ao contagio. Faça parte: http://www.cnbb.org.br/tempodecuidar/
Além das informações disponíveis nos sites: cnbb.org.br e caritas.org.br, muitas outras informações sobre a Ação Solidária estão sendo veiculadas no Facebook e Instagram da CNBB (@CNBBnacional) e da Cáritas Brasileira (@CaritasBrasileira). Além disso, qualquer pessoa pode apoiar a iniciativa postando informações sobre as ações que dioceses e paróquias estão realizando ou mensagens em vídeo. Não esqueça de colocar a hashtag #TempodeCuidar.
Na segunda fase da Ação Solidária “É Tempo de Cuidar”, que teve início no último domingo (26), o objetivo continua sendo o de estimular a arrecadação de alimentos, produtos de higiene e proteção sanitária e estimular as inúmeras formas de ajuda às pessoas também no campo religioso, humano e emocional. Para saber como participar desse movimento em prol da vida e da sobrevivência durante esse tempo de pandemia, confira as informações completas no hotsite: http://www.cnbb.org.br/tempodecuidar/
Com informações e texto: Cáritas Brasileira
Fonte: CNBB
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