A
misericórdia foi o tema da catequese de hoje do Papa Francisco. A Audiência
Geral foi realizada, mais uma vez, na Biblioteca Apostólica devido à pandemia
de coronavírus. Francisco voltou no tempo e falou de seu primeiro Angelus como
Papa.
Bianca Fraccalvieri – Cidade do
Vaticano
Pela segunda vez, a pandemia de
coronavírus obrigou o Papa Francisco a realizar a Audiência Geral de dentro da
Biblioteca do Palácio Apostólico.
O
evento é mais breve do que o habitual, justamente porque não há fiéis presentes
e, portanto, não há o contato do Papa com os peregrinos. Mas a Audiência não
perde a sua essência, que é a transmissão da Palavra de Deus através das
Sagradas Escrituras ou dos ensinamentos da Igreja.
De fato, o Pontífice
deu continuidade ao ciclo de catequeses sobre as bem-aventuranças, comentando
desta vez a quinta delas: bem-aventurados os misericordiosos porque alcançarão
misericórdia (Mt 5,7).
Ser “misericordiado”
Esta
bem-aventurança, notou o Papa, contém uma particularidade: é a única em que a
causa e a consequência da felicidade coincidem. Quem exerce misericórdia,
encontrará misericórdia, será “misericordiado”.
Este tema
da reciprocidade do perdão não está presente somente nesta bem-aventurança,
explicou Francisco, mas é recorrente no Evangelho. “A misericórdia é o próprio
coração de Deus!”
Perdoar é como escalar uma montanha
O Papa
prosseguiu recordando que há duas coisas que não podem se separar: o perdão
dado e o perdão recebido.
“Mas
tantas pessoas estão em dificuldade, não conseguem perdoar. Muitas vezes, o mal
recebido é tão grande que conseguir perdoar é como escalar uma montanha
altíssima. Um esforço enorme. Isso não dá.”
Todavia, a
reciprocidade da misericórdia indica que é necessário inverter a perspectiva.
"Mas sozinhos não podemos. É necessária a graça de Deus e devemos
pedi-la."
“Todos
somos pecadores. Todos. Em relação a Deus e em relação aos irmãos. Cada um sabe
que não é o pai ou a mãe que deveria ser, o esposo ou a esposa, o irmão ou a
irmã que deveria ser. Todos estamos em déficit na vida e precisamos de
misericórdia. Sabemos que, mesmo não cometendo o mal, sempre falta algo ao bem
que deveríamos ter feito.”
Misericórdia, o centro da vida cristã
Mas é
propriamente esta nossa pobreza, continuou Francisco, que se torna a força para
perdoar. Cada um deve lembrar que precisa de perdão e de paciência; este é o
segredo da misericórdia: perdoando se é perdoado. Por isso, Deus nos precede e
nos perdoa por primeiro. Recebendo o seu perdão, nos tornamos capazes de
perdoar.
A
misericórdia, ressaltou o Pontífice, não é uma dimensão entre as outras, mas é
o centro da vida cristã: “não existe cristianismo sem misericórdia”, afirmou
Francisco, citando São João Paulo II. Se o nosso cristianismo não nos leva à
misericórdia, erramos o caminho, porque a misericórdia é a única verdadeira
meta de todo caminho espiritual, um dos frutos mais belos da caridade.
O primeiro Angelus como Papa
O
Pontífice citou uma lembrança, do seu primeiro Angelus como Papa, cujo tema foi
precisamente a misericórdia.
"Isso
ficou muito impresso em mim, como uma mensagem que, como Papa, deveria dar
sempre, todos os dias: a misericórdia. Lembro que naquele dia tive uma atitude
'atrevida' de fazer publicidade de um livro sobre a misericórdia que tinha
acabado de ser lançado do cardeal Kasper. E aquele dia senti muito forte isso:
'É a mensagem que devo dar como Bispo de Roma. Misericórdia: misericórdia, por
favor. Perdão"
“A
misericórdia de Deus é a nossa libertação e a nossa felicidade”, concluiu o
Papa. Nós vivemos de misericórdia e não podemos no permitir ficar sem ela.
“Somos demasiados pobres para colocar condições, necessitamos perdoar, porque
precisamos ser perdoados.”
Fonte: Vatican News

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