A Pastoral Nacional do Povo da Rua vem acompanhando nesses últimos dias o processo crescente de casos notificados de pessoas afetadas pelo coronavírus. Acolhendo as preocupações de seus parceiros voluntários, solidários com a situação do povo que se encontra na rua, a Pastoral não tem medido esforços para encontrar estratégias de atuação e medidas a serem tomadas para que as pessoas em situação de rua recebam proteção necessária nesse cenário de crise.
“Somos convidados a exercitar a empatia nesse momento e colocar-se no lugar do outro com o senso de coletividade e com a chamada evangélica de Jesus ao encontrarmo-nos na situação do samaritano quando ele viu a realidade, sentiu compaixão e cuidou dele”, afirma a coordenação nacional.
Em entrevista ao portal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), o bispo referencial da Pastoral, dom José Luiz Ferreira Sales, disse que nesse tempo de pandemia, a Pastoral tem se preocupado muito com os moradores e com os catadores de materiais recicláveis. Segundo dom Luiz, estes irmãos e irmãs estão entre os mais fragilizados da sociedade.
“Quando dizemos que todos devem ficar em casa, mas onde é a casa desses irmãos e irmãs? É a rua! Quando dizemos para essas pessoas lavarem as mãos com álcool em gel, como essas pessoas vão lavar as mãos se não encontram nas ruas a água?”, questiona o bispo.
Dom José salienta que a Pastoral do Povo da Rua se propôs, entre as muitas frentes de trabalho, a intensificar a defesa dos direitos desse povo, frente à pandemia do coronavírus. Exemplo claro disso é que a Pastoral vem informando a importância de todos seguirem as recomendações do Ministério da Saúde, dando algumas orientações direcionadas aos agentes pastorais, serviços públicos e às paróquias, para que seja garantido o atendimento e oferta de local para higienização, alimentação e acolhimento das pessoas em situação de rua.
“Sabemos do fundamental trabalho que realizamos com a população em situação de rua lutando por políticas públicas de qualidade e por garantia de direitos. Cientes do nosso compromisso de pastoreiro e da importância deste momento, lançamos algumas informações a todos aqueles que necessitam”, afirma a coordenação nacional.
Nesse sentido, diversas ações estão sendo implantadas por agentes da Pastoral pelo Brasil afora. “Estamos assistindo muitos irmãos e irmãs entrar nessa luta, tornando possível o impossível, vamos continuar lutando para juntos colhermos em nossas cidades utopia, teimosia, rebeldia, sabedoria e poesia até que um dia todos possam ter reconhecida a sua dignidade”, afirmou dom José.
A coordenadora nacional da Pastoral do Povo da Rua, Regina Maria Morel, gravou um áudio contando sobre a experiência da Pastoral, especialmente nestes tempos de pandemia:
Confira algumas ações que estão sendo desenvolvidas em algumas localidades do país:
Teresina
Um grupo de voluntários da Pastoral do Povo da Rua decidiu se unir para ajudar moradores de rua e, assim, diminuir o risco de contaminação do coronavírus em Teresina. Uma das ações adotadas é a distribuição de alimentos no horário do almoço nesse período.
Fortaleza
A Arquidiocese de Fortaleza, em parceria também com a Pastoral do Povo da Rua, iniciou uma campanha que busca ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade diante da crise do coronavírus no Estado. Migrantes, pessoas em situação de rua, encarcerados e catadores estão entre os grupos que recebem auxílio da instituição, que será reforçado com a campanha. O objetivo é ajudá-los com necessidades urgentes de alimentação e higiene.
São Paulo
Padre Júlio Lancellotti, da Pastoral Povo de Rua, promoveu um abaixo-assinado para distribuição de álcool em gel e aumento de abrigos por parte do poder público. Para o líder religioso da Casa de Oração do Povo, no bairro da Moóca, a população na rua continua bastante vulnerável e carece de informações. Ele disponibilizou a paróquia como abrigo para moradores com suspeita da doença.
Manaus
Em Manaus, há uma base que passa a funcionar como abrigo para pessoas em situação de rua a partir de segunda-feira (30) e foi montada na Arena Poliesportiva Amadeu Teixeira. A estimativa é que 350 pessoas sejam atendidas diariamente no espaço. O abrigo emergencial é resultado de um plano de emergência criado com a participação das secretarias de Governo e de entidades de assistência social que trabalham na abordagem e no atendimento a moradores em situação de rua, população muito vulnerável por apresentar a saúde debilitada. Organizações da Sociedade Civil (OSCs), Igreja Católica e órgãos da Prefeitura de Manaus também fazem parte da rede de acolhimento pensada para combater o avanço dos casos de coronavírus.
Fonte: CNBB
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