O
Teatro da Ópera cria a atmosfera para as comemorações oficiais dos 150 anos de
proclamação de Roma Capital que iniciaram nesta segunda-feira (3). Para a
ocasião, que reuniu do presidente italiano ao cantor Andrea Bocelli, o Papa
Francisco enviou uma mensagem lida pelo cardeal Parolin, secretário de Estado
do Vaticano: “no panorama internacional, carregado de conflitualidades, Roma
poderá ser uma cidade do encontro”.
Andressa Collet – Cidade do Vaticano
Através de uma mensagem, o Papa
Francisco participou da abertura das celebrações dos 150 anos de Roma Capital
no final da tarde desta segunda-feira (3), no Teatro da Ópera. A cerimônia,
transmitida ao vivo pela Rai, contou com a presença de autoridades, como o
presidente da Itália, Sergio Mattarella, e a prefeita da capital, Virginia
Raggi, além de ministros e presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados.
Além disso, o concerto foi ambientado por obras clássicas de Puccini e
Beethoven, através da participação de artistas renomados, como o cantor
italiano, Andrea Bocelli, acompanhado da Orquestra do Teatro da Ópera.
O início de uma nova história
As comemorações de aniversário
começaram neste 3 de fevereiro, dia em que, em 1871, foi assinada a lei que
deliberou formalmente o transferimento da capital de Florença a Roma. No início
do discurso do Papa, lido pelo secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro
Parolin, Francisco fez menção à proclamação de Roma como capital, como sendo
“um evento providencial que, na época, suscitou polêmicas e problemas”. Mas dali
iniciava “uma nova história”, disse o Pontífice, mudando “Roma, a Itália e a
própria Igreja”.
O Papa acrescentou que, em 150 anos,
Roma também se transformou numa comunidade multiétnica e com várias profissões
de fé. Nesse contexto, a Igreja também compartilhou as alegrias e as dores dos
romanos, comentou Francisco, que recordou três momentos dessa história vivida
em comum.
Roma e a Igreja em 150 anos
De maneira explicativa, o Pontífice
começou lembrando do Holocausto, na década de 40, e dos nove meses de ocupação
nazista em Roma. Um período marcado por muitas dores, sobretudo com “a terrível
caça para deportar os judeus”, quando a Igreja representou “um instrumento de
humanidade na cidade”:
“Foi
a Shoah vivida em Roma. A Igreja foi um espaço de asilo para os perseguidos:
caíram antigas barreiras e distâncias dolorosas. Daqueles tempos difíceis,
antes de tudo tiramos a lição da infindável fraternidade entre a Igreja
católica e a comunidade hebraica, reiterada por mim na visita ao Templo Maior
de Roma.”
O Papa em seguida recordou os anos do
Concílio Vaticano II, de 1962 a 1965, ao receber na cidade, entre tantos,
padres conciliares e observadores ecumênicos.
“Roma
brilhou como espaço universal, católico, ecumênico. Transformou-se em cidade
universal de diálogo ecumênico e inter-religioso, de paz.”
Como terceiro momento, de caráter
diocesano, Francisco lembrou de um convênio de 1974 sobre “os males de Roma”.
“Nas
assembleias participativas do povo, ouvimos a expectativa dos pobres e das
periferias. Ali se tratou de universalidade, mas, no sentido da inclusão dos
periféricos. A cidade deve ser a casa de todos. É uma responsabilidade
inclusive hoje: as periferias atuais são marcadas por muitas misérias, vividas
por grandes solidões e pobres de redes sociais.”
O desejo de cidade fraterna e
universal
Ao tratar sobre a inclusão de pobres,
imigrantes e refugiados que “veem Roma como um porto de salvação”, o Papa
lembrou do sentimento daqueles que chegam na cidade com muita expectativa e
esperança, diversamente dos próprios romanos que tem um olhar pessimista em
relação à capital.
“Não,
Roma é um grande recurso de humanidade! ‘Roma é uma cidade de uma beleza única’
(Celebração das Primeiras Vésperas de Maria Santíssima, Mãe de Deus, de
31/12/2013: Ensinamentos I, 2 [2013], 804). Roma pode e deve se renovar no
sentido duplo da abertura ao mundo e da inclusão de todos.”
Por ocasião do aniversário, o Papa
motivou a não baixar a cabeça para os próprios empenhos, mas a ter uma visão
comum:
“Roma
vai viver a sua vocação universal somente se se tornar sempre mais uma cidade
fraterna. Sim, uma cidade fraterna! João Paulo II, que amou tanto Roma, citava
frequentemente um poeta polonês: ‘se tu diz Roma, te responde Amor’. É aquele
amor que não faz viver para si, mas para os outros e com os outros.”
Uma cidade fraterna e universal,
insistiu o Papa, é uma necessidade atual para que seja um sonho a ser vivido
pelas novas gerações. E o aniversário de 150 anos de Roma Capital, com uma
“história longa e significativa”, precisar trazer a esperança de um amanhã
melhor. Afinal, “assumir a lembrança do passado exorta a viver um futuro
comum”:
“Roma
terá um futuro se compartilharemos a visão de cidade fraterna, inclusiva,
aberta ao mundo. No panorama internacional, carregado de conflitualidades, Roma
poderá ser uma cidade do encontro: ‘Roma fala ao mundo de fraternidade, de
concórdia e de paz’, dizia Paulo VI. Com tais sentimentos e esperanças, emito
desejos fervorosos para o futuro da cidade e dos seus habitantes.”
Fonte:
Vatican News
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