segunda-feira, 3 de fevereiro de 2020

FRANCISCO E ROMA, UM BISPO EM CAMINHO NA SUA CIDADE



Parte nesta segunda-feira (3), com uma cerimônia no Teatro da Ópera, as celebrações pelos 150 anos de Roma Capital convocadas pela prefeita, Virginia Raggi. Uma ocasião para recordar a especial atenção do bispo de Roma, não somente pela sua diocese, mas também pela comunidade civil da “Cidade Eterna”.
Alessandro Gisotti – Cidade do Vaticano
“Vocês sabem que o dever do Conclave era de dar um bispo a Roma.” Com as suas primeiras palavras como Pontífice, na noite de 13 de março de 2013, Francisco explicava, de maneira simples e direta, que logo iríamos aprender a conhecer a essência do que tinha acontecido nas horas precedentes na Capela Sistina. Foi eleito o bispo da diocese de Roma, aquela que, segundo a célebre afirmação de Inácio de Antioquia, preside as outras na cidade.
Ao sublinhar ainda mais essa dimensão “romana” da eleição, o novo Papa tinha desejado que estivesse junto a ele, na primeira saudação “à Cidade e ao Mundo”, o cardeal Agostino Vallini, vigário da diocese de Roma. Igualmente significativo, desde o primeiro “encontro” com o seu rebanho, o pastor tinha indicado como programa para a Igreja de Roma “um caminho de fraternidade, de amor, de confiança”. Um caminho que Papa Francisco, sete anos depois daquela extraordinária noite de março, continua a fazer ficando horas diante, horas em meio, horas atrás do Povo de Deus que está em Roma.
Como os seus predecessores, encontra o clero e os fiéis da diocese em tantos modos e ocasiões: do tradicional colóquio com os sacerdotes em São João em Laterano às audiências gerais, das grandes celebrações em São Pedro às visitas nas paróquias, preferindo aquelas dos bairros mais desfavorecidos. A dinâmica do encontro, todavia, não termina na direção do centro à periferia. Desde o início do Pontificado, de fato, grupos provenientes das paróquias romanas participam das missas matutinas celebradas na Casa Santa Marta.
Francisco “se fez romano” bem cedo, inclusive nas devoções que principalmente distinguem a fé popular de Roma. Devoções a Maria, antes de tudo, justamente como na sua diocese de origem, Buenos Aires. Visitou o Santuário do Divino Amor, lugar mariano por excelência dos romanos; renova todo ano a homenagem à Virgem na Piazza di Spagna na Solenidade da Imaculada Conceição. Sobretudo, como fizeram por séculos os fiéis de Roma, confia à Salus Popoli Romani, protegida na Santa Maria Maior, os atos importantes da sua vida. É aqui que vai após a eleição para a Cátedra de Pedro, é aqui que volta sempre que se prepara para fazer ou regressar de uma viagem apostólica internacional.
Entre os romanos, um espaço privilegiado no coração de Francisco quem têm, sem dúvida, são os pobres, os invisíveis de uma cidade rica de todos os bens, mas onde infelizmente ainda há quem morre de frio ou vive em situações de total degradação. O Papa não deixa faltar o seu apoio a quem diariamente oferece a sua mão a quem tem necessidade.
Eloquente nesse sentido da escolha, durante o Jubileu da Misericórdia, de abrir uma Porta da Caridade no refeitório da Cáritas na Estação Termini, como também as visitas nas “Sextas-feiras da Misericórdia” a centros e estruturas da cidade onde se dá assistência a quem sofre. Para os pobres da cidade, através da Elemosineria Apostólica, Francisco ainda ativa uma série de serviços de primeira necessidade e multiplica os espaços de acolhida para os moradores de rua até a última iniciativa de transformar um edifício vaticano, Palazzo Migliori, numa casa para os desabrigados.
Inclusive os jovens romanos têm um lugar relevante no olhar do bispo da sua cidade. Como o seu predecessor, Francisco retém que enfrentar “a emergência educativa” seja uma tarefa urgente para a cidade e a diocese de Roma. Registram-se, assim, também gestos inéditos feitos por ele e, às vezes, surpreendentes, como a visita ao Colégio de Ensino Médio Pilo Albertelli e à Universidade Roma Tre, escola e universidade leigas. Em ambos os casos, o Papa escolhe a forma do diálogo com os estudantes para comunicar a sua mensagem. Encarna, assim, o exemplo de uma Igreja que crê realmente na “cultura do encontro” e que sabe se inserir, sem receios e preconceitos, na vida e na conversação diária das jovens gerações.
Se então, Francisco dialoga e estimula todos os componentes da comunidade eclesial da sua diocese, não menos fecundo é o diálogo que o bispo de Roma anima nas diversas instâncias da sociedade civil da “Cidade Eterna”, a partir das autoridades municipais. Numerosos os encontros entre o Papa e os três prefeitos de Roma que se sucederam nesses sete anos de Pontificado. Assim como múltiplas são as intervenções, os apelos, as exortações que o Pontífice dirige, não somente às instituições locais, mas a todos os cidadãos na conscientização – como afirmou em ocasião do Te Deu de 31/12/2019 – que Roma “não é somente uma cidade complicada, com tantos problemas”, mas também uma cidade em que Deus estimula os seus habitantes “a esperar, apesar de tudo, a amar, lutando para o bem de todos”.
O momento culminante, também como imagem, desse diálogo que assume um compromisso concreto, é definitivamente a visita papal ao Capitólio em março do ano passado. Convidado pela prefeita Virginia Raggi, Francisco é o terço Pontífice a falar na Sala Júlio César, depois de João Paulo II e Bento XVI. Dirigindo-se aos conselheiros municipais e ao Conselho, o Papa lembra que Roma, “através dos seus 2.800 anos de história, soube acolher e integrar diversas populações e pessoas provenientes de várias partes do mundo” e que hoje é chamada a não dissipar essa sua identidade de “cidade hospitaleira”, “cidade das pontes, jamais dos muros”.
Pontífice, “construtor de pontes”. Com as suas visitas, os seus gestos, as suas palavras, Francisco aproxima a Colina Vaticana daquela Capitolina, a Praça São Pedro e os bairros da capital, especialmente os mais distantes e desfavorecidos. Como prometido desde o seu primeiro dia como bispo de Roma, continua a caminhar na e com a sua diocese. E faz isso mostrando que se importa, não em ocupar espaços, mas a iniciar processos de bem, novos caminhos que favoreçam a concórdia em serviço da cidade na qual o Senhor o chamou a desenvolver o ministério episcopal.

Fonte: Vatican News

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