“Trataram-nos
com gentileza”: este versículo dos Atos dos Apóstolos (28,2) é o tema do
subsídio da Semana de Oração pela Unidade de Cristãos 2020. O texto foi
redigido pelas Igrejas cristãs de Malta e Gozo.
Cidade do Vaticano
Já
está disponível no site do Pontifício Conselho para a Unidade
dos Cristãos os subsídios da Semana de Oração pela Unidade dos
Cristãos de 2020. Os textos foram escritos pelas Igrejas
cristãs de Malta e Gozo e tem como tema o versículo dos Atos dos Apóstolos
“Trataram-nos com gentileza” (28,2). Na introdução do documento pode-se ler:
“No dia 10 de fevereiro, em Malta, muitos cristãos celebram a Festa do Naufrágio
do Apóstolo Paulo, comemorando e agradecendo pela chegada da fé cristã naquela
ilha. O trecho dos Atos dos Apóstolos proclamado para a ocasião da festa é o
mesmo escolhido como tema da Semana de Oração deste ano”.
Abraçadas
pela providência de Deus
O episódio do naufrágio “repropõe o drama da humanidade diante
do terrificante poder dos elementos da natureza”, e a capacidade de Paulo de se
elevar “como um farol de paz no tumulto”, porque “ele sabe que a sua vida está
nas mãos de Deus”. O subsídio coloca em evidência que no naufrágio “pessoas
diversas e em desacordo entre elas, desembarcam juntas sãs e salvas”,
“abraçadas pelo amor e pela providência de Deus”.
Segundo o subsídio, a analogia com a atualidade é evidente:
“Hoje muitas pessoas enfrentam os mesmos perigos no mesmo mar. Os mesmos
lugares citados nas Escrituras caracterizam as histórias dos migrantes de hoje.
Em várias partes do mundo, muitas pessoas enfrentam viagens perigosas, por
terra e pelo mar, para fugir de desastres naturais, guerras e pobreza. Também
para eles, são vidas à mercê de forças imensas e altamente indiferentes, não só
naturais, mas também políticas, econômicas e humanas”.
E esta indiferença humana assume várias formas, como daqueles
que “vendem às pessoas desesperadas lugares em embarcações não seguras para a
navegação; ou que decidem não enviar barcos de salvamento; ou ainda repelem os
barcos com migrantes”. Portanto, a narração dos Atos dos Apóstolos “nos
interpela como cristãos que juntos enfrentamos a crise ligada às migrações”.
Indiferença
e acolhida
“Somos coniventes com as forças indiferentes ou acolhemos com
humanidade, tornando-nos assim testemunhas da amorosa providência de Deus para
com cada pessoa? É a pergunta colocada, enquanto se reitera que “a
hospitalidade é uma virtude altamente necessária na busca da unidade entre
cristãos”.
Durante a Semana de Oração, que se celebra todos os anos de 18 a
25 de janeiro (no Brasil é celebrada entre a Ascensão e Pentecostes), serão
aprofundados oito temas, um por dia. Reconciliação, luz, esperança, confiança,
força, hospitalidade, conversão e generosidade. O subsídio explica também as
fases de preparação do material: o grupo que redigiu o texto se reuniu no
Seminário Maior do arcebispo em Tal-Virtù por quatro vezes no decorrer do ano.
Em setembro, o material preparado foi apresentado à Comissão Internacional
formada por representantes do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade
dos Cristãos e pelo Conselho Ecumênico das Igrejas para a sua aprovação.
O subsídio repercorre também a situação ecumênica das ilhas de
Malta e Gozo: “Embora a população atual, de cerca de 430 mil habitantes, seja
na maioria católica, há um significativo número de cristãos de outras
tradições. Portanto o ecumenismo não constitui uma experiência nova para a população.
A posição de Malta, encruzilhada de civilizações, religiões, comércios e
migrações, fez com que seus habitantes sejam particularmente hospitaleiros”.
Preparação
dos subsídios
A ampla variedade das Igrejas cristãs torna verdadeiramente vivo
o cenário ecumênico maltês”, prossegue o texto. Os primeiros encontros
ecumênicos em Malta aconteceram nos anos 1960, “quando um grupo de presbíteros
católicos começou a se encontrar regularmente com um grupo de capelães das
forças militares britânicas deslocadas em Malta para discutir questões de
interesse comum e rezar juntos”. E foi justamente em Malta que se realizaram os
primeiros encontros do diálogo oficial católico-anglicano e católico-luterano.
Hoje o Conselho Ecumênico de Malta, fundado em 1995 pelo jesuíta
Maurice Eminyan, inclui representantes de várias Igrejas que se encontram a
cada dois meses para discutir questões ecumênicas e organizar encontros de
diálogo e de oração. As relações são caracterizadas pelo “profundo respeito e
autêntica colaboração”. Por exemplo, “a ajuda da Igreja Católica foi preciosa
para encontrar lugares apropriados para as várias Igrejas ortodoxas, enquanto
que a Igreja Católica em Gozo abriu suas portas para oferecer lugares de culto
aos anglicanos e aos outros cristãos de tradição reformada”. Além dos momentos
de oração juntos, outras iniciativas ecumênicas são: um projeto comum de
diaconia; a atividade de solidariedade com os idosos e doentes; a organização
do Dia de Oração para a Criação que se celebra em 1º de setembro.
“A colaboração ecumênica em vários setores foi um válido
instrumento para promover a causa da unidade dos cristãos em Malta – conclui o
subsídio – o clima ecumênico que se respira é muito positivo, e Malta pode
representar um microcosmo de diálogo ecumênico relevante também em nível
internacional”.
Fonte:
Vatican News
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