O Decreto conciliar
Presbyterorum Ordinis fala do "dom precioso do celibato sacerdotal” e
afirma que não é exigido "pela própria natureza do sacerdócio“.
Vatican News
Com o tema do celibato
novamente em debate na mídia, o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo
Bruni, reafirmou a posição do Papa Francisco a respeito, recordando numa nota uma
frase de São Paulo VI repetida pelo Pontífice no voo de regresso do Panamá:
‘Prefiro dar a vida antes que mudar a lei do celibato’”.
Um
dom, não um dogma
No debate, foi recordada
também a posição do Concílio Vaticano II a propósito. O Decreto
conciliare Presbyterorum Ordinis sobre o ministério e a
vida sacerdotal, promulgado por São Paulo VI em 7 de dezembro de 1965, afirma:
“A continência perfeita e perpétua por amor do reino dos céus (...) foi sempre
tida em grande estima pela Igreja, especialmente na vida sacerdotal. É na
verdade sinal e estímulo da caridade pastoral e fonte singular de fecundidade espiritual
no mundo (34). De si, não é exigida pela própria natureza do sacerdócio, como
se deixa ver pela prática da Igreja primitiva (35) e pela tradição das Igrejas
orientais, onde, além daqueles que, com todos os Bispos, escolhem, pelo dom da
graça, a observância do celibato, existem meritíssimos presbíteros casados.
Recomendando o celibato eclesiástico, este sagrado Concílio de forma nenhuma
deseja mudar a disciplina contrária, legitimamente vigente nas Igrejas
orientais, e exorta amorosamente a todos os que receberam o presbiterado já no
matrimónio, a que, perseverando na sua santa vocação, continuem a dispensar
generosa e plenamente a sua vida pelo rebanho que lhes foi confiado ”.
Mais
livres para servir a Deus e aos irmãos
O celibato - observa o Decreto
- “harmoniza-se por muitos títulos com o sacerdócio. Na verdade, toda a missão
sacerdotal se dedica totalmente ao serviço da humanidade nova, que Cristo,
vencedor da morte, suscita no mundo pelo seu Espírito”. Graças ao celibato, os
presbíteros aderem a Deus mais facilmente “com um coração indiviso” e “mais
livremente se dedicam ao serviço de Deus e dos homens, com mais facilidade
servem o seu reino e a obra da regeneração sobrenatural, e tornam-se mais aptos
para receberem, de forma mais ampla, a paternidade em Cristo”. “Deste modo,
manifestam ainda aos homens que desejam dedicar-se indivisamente ao múnus que
lhes foi confiado, isto é, de desposar os fiéis com um só esposo”, que é
Cristo, e “tornam-se sinal vivo do mundo futuro, já presente pela fé e pela
caridade, em que os filhos da ressurreição não se casam nem se dão em
casamento”.
Uma
legislação confirmada pela Igreja latina
“Por todas estas razões” -
prossegue o Decreto conciliar – “o celibato, que a princípio era apenas
recomendado aos sacerdotes, depois foi imposto por lei na Igreja latina a todos
aqueles que deviam ser promovidos às Ordens sacras. Este sagrado Concílio
aprova e confirma novamente esta legislação no que respeita àqueles que se
destinam ao presbiterado”.
A
graça da fidelidade
O Concilio exorta “ainda a
todos os presbíteros que aceitaram livremente o santo celibato confiados na
graça de Deus segundo o exemplo de Cristo, a que aderindo a ele de coração
magnânimo e com toda a alma, e perseverando neste estado fielmente, reconheçam tão
insigne dom, que lhes foi dado pelo Pai e tão claramente é exaltado pelo Senhor
(42), tendo diante dos olhos os grandes mistérios que nele são significados e
nele se realizam. Quanto mais, porém, a perfeita continência é tida por
impossível por tantos homens no mundo de hoje, tanto mais humildemente e
persistentemente peçam os presbíteros em união com a Igreja a graça da
fidelidade, que nunca é negada aos que a suplicam, empregando ao mesmo tempo os
auxílios sobrenaturais e naturais, que estão à mão de todos. Sobretudo não
deixem de seguir as normas ascéticas, aprovadas pela experiência da Igreja e
não menos necessárias no mundo de hoje”.
Ter
a peito o dom do celibato
O Decreto conclui assim o
capítulo dedicado ao celibato: “Este sagrado Concílio pede não somente aos
sacerdotes, mas também a todos os fiéis, que tenham a peito este dom precioso
do celibato sacerdotal e supliquem a Deus que o confira sempre abundantemente à
Sua Igreja”.
Fonte:
Vatican News
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