"A
boa ajuda é feita apenas pela própria vulnerabilidade. É o encontro de feridas
diferentes, de fraquezas diferentes, mas somos todos fracos, somos todos
vulneráveis", disse o Papa na "Cittadella da Caridade", na tarde
desta sexta-feira.
Cidade do Vaticano - Mariangela
Jaguraba
O Papa Francisco visitou a
“Cittadella” da Caridade, na tarde desta sexta-feira (29/11), situada a leste
de Roma, na via Casilina Vecchia.
O
encontro realizou-se por ocasião dos 40 anos de fundação da Caritas de Roma. Um
evento cheio de momentos e encontros que teve início com a visita do Papa aos
lugares e realidades dentro dessa grande estrutura.
Acompanhado pelo diretor da Caritas de Roma, pe. Benoni
Ambarus, o Papa rezou na capela de Santa Jacinta onde o altar e o ambão foram
realizados pelo sacerdote italiano mártir na Turquia, pe. Andrea Santoro,
assassinado em 5 de fevereiro de 2006. Foi acolhida com atenção a apresentação
do consultório dentário em que mais de 40 dentistas voluntários acompanham
gratuitamente mais de 350 pacientes e trabalham para dar novamente aos pobres,
muitos deles menores, o sorriso que a vida dura nas ruas cancelou. Outra etapa
foi o Armazém da Solidariedade: primeiro supermercado gratuito nascido na
Itália. Em 2018, foram distribuídas mais de 490 toneladas de alimentos, por um
valor estimado de 770 mil euros.
Os hóspedes da Casa
Santa Jacinta aguardaram com emoção a entrada do Papa Francisco no refeitório.
Idosos, migrantes e crianças que quebraram os esquemas, se juntaram em torno do
Pontífice e doaram a ele presentes e sorrisos. Fizeram também alguns selfies
com Francisco. Depois de saudar todos os presentes, quase um por um, o
Papa deixou a seguinte mensagem no refeitório da “Cittadella” da Caridade:
“Obrigado a todos
pelo acolhimento. Estou feliz em vê-los aqui. Muito obrigado! Permaneçam
juntos, ajudando um ao outro, porque isso faz bem ao coração. Quando o coração
para, não há vida. O coração da amizade deve estar sempre em movimento, porque
assim há vida. Este é o sinal de fraternidade, de amizade. Obrigado por estarem
aqui e rezem por mim. Que Deus abençoe a todos vocês. Obrigado.”
Os
testemunhos de Ornella e Alessio, uma voluntária da Caritas e um hóspede que
foi tirado das ruas, tocaram o coração do Santo Padre que em seu discurso
disse:
“A vulnerabilidade
une a todos nós. Todos somos vulneráveis e para trabalhar na Caritas é preciso
reconhecer essa palavra, mas reconhecê-la que se fez carne no coração. Vir
pedir ajuda é dizer: "Sou vulnerável" e a boa ajuda é feita apenas
pela própria vulnerabilidade. É o encontro de feridas diferentes, de fraquezas
diferentes, mas somos todos fracos, somos todos vulneráveis. Deus também se fez
vulnerável por nós. É um de nós e sofreu: não teve uma casa para nascer, foi
perseguido, fugiu para outro país e foi migrante, sofreu a pobreza. Deus se fez
vulnerável."
Segundo
Francisco, é por isso que podemos falar com Jesus, porque Ele é um de nós!
Podemos ter
intimidade com Jesus porque Ele é um de nós itinerante. Caminhar com Jesus na
vida porque temos a mesma carteira de identidade: vulneráveis, amados e salvos
por Deus. Este é o caminho. Não é possível ajudar os pobres, se aproximar dos
pobres com distância. É preciso tocar, tocar as chagas. São as chagas de Jesus.
Precisamos de salvação
“Cada um
tem sua própria vulnerabilidade, mas o sobrenome é o mesmo: vulnerável”, frisou
o Papa. Isso significa que “precisamos de salvação, precisamos de cuidados e
Deus não faz a salvação com um decreto. Deus faz a salvação caminhando conosco,
aproximando-se de nós em Jesus.”
O
presidente da Caritas de Roma, pe. Benoni Ambarus, pediu ao Papa para dizer
algumas palavras em relação à Caritas dos próximos 40 anos. “O que é
essencial?”, perguntou o sacerdote. E o Papa lhe respondeu:
"O Evangelho
deve ser anunciado com o testemunho, não com argumentos, proselitismo. Jesus
nos deixou um exemplo de testemunho para os próximos 40 anos: aquele homem”,
disse o Papa referindo-se ao Bom Samaritano, “encontra um homem ferido na
estrada que caiu nas mãos de assaltantes. Ele cuida desse homem e o leva para
uma pensão. Diz ao dono da pensão para cuidar dele e que quando voltasse
pagaria tudo o que foi gasto. Mas o que deve ter pensado o dono da pensão? Esse
aí é louco! Esta é a palavra que eu gostaria de lhes dizer: loucura. Loucura de
amor, loucura para ajudar, loucura para partilhar a própria vulnerabilidade com
os vulneráveis. Não sei. Loucura. “Mas esses padres, ao invés de ficarem na
igreja, rezando missa, tranquilos, fazem todo esse movimento. São loucos”.
“Muito bem. São loucos” Este é o programa: louco. Pensem no dono da
pensão."
Fonte: Vatican News
Nenhum comentário:
Postar um comentário