"Quem
nunca se sentiu procurado pela misericórdia de Deus, tem dificuldade em
compreender a extraordinária grandeza dos gestos e palavras com que Jesus se
aproxima de Zaqueu", observou o Papa Francisco em sua alocução.
Jackso Erpen – Cidade do Vaticano
Ao
concluir sua alocução, antes de rezar o Angelus neste domingo,
o Papa pediu que a Virgem Maria obtivesse para nós a graça de sempre sentirmos
sobre nós o olhar misericordioso de Jesus, para então, com misericórdia, irmos
ao encontro dos que praticam o mal. “O desprezo e o fechamento em relação ao
pecador – observou Francisco - não fazem senão que isolá-lo e endurecê-lo no
mal que ele faz contra si e contra a comunidade”.
A conversão de Zaqueu
O fio
condutor de sua reflexão foi o episódio da conversão de Zaqueu narrado por
Lucas, que com a atenção e a acolhida que recebe de Jesus, muda radicalmente de
mentalidade. Ao encontrar o Amor e descobrir ser amado, torna-se também ele
capaz de amar os outros, restituindo quatro vezes mais a quem havia prejudicado.
Zaqueu,
chefe dos "publicanos", isto é, aqueles judeus que cobravam impostos
em nome do império romano - começou explicando o Papa - “era rico não devido a
ganhos honestos, mas porque pedia a "propina", e isso aumentava o
desprezo por ele”.
Ao saber
da passagem de Jesus por Jericó, fica curioso em ver de perto quem era, afinal,
“ouvira dizer coisas extraordinárias” a seu respeito. Sendo de baixa
estatura, sobe na árvore. Mas é Jesus quem, em meio aos tantos rostos que o
cercavam, “olha para cima e o vê”:
“Isso
é importante: o primeiro olhar não é de Zaqueu, mas de Jesus, que entre os
muitos rostos que o cercam, procura exatamente aquele. O olhar misericordioso
do Senhor nos alcança antes mesmo que nós percebamos ter necessidade de
sermos salvos”.
O olhar divino do Mestre
E é
justamente com esse olhar do divino Mestre – ressalta Francisco – que
“começa o milagre da conversão do pecador”. Jesus o chama pelo nome e
pede que desça depressa, pois quer ir ter com ele em sua casa. “Ele não o
censura, não lhe faz um "sermão"; diz que deve ir até ele:
"deve", porque é a vontade do Pai”. As pessoas murmuram, pois Jesus
escolhe entrar na casa de um pecador público, desprezado por todos:
“Nós
também teríamos ficado escandalizados com esse comportamento de Jesus. Mas o
desprezo e o fechamento em relação ao pecador não fazem senão que isolá-lo e
endurecê-lo no mal que ele faz contra si e contra a comunidade. Em vez disso,
Deus condena o pecado, mas tenta salvar o pecador, vai procurá-lo para trazê-lo
de volta ao caminho reto”.
“
Quem nunca se sentiu procurado pela misericórdia de Deus, tem dificuldade em
compreender a extraordinária grandeza dos gestos e palavras com que Jesus se
aproxima de Zaqueu ”
A mudança de mentalidade
A
atenção de Jesus e a forma como foi acolhido, levam Zaqueu a uma mudança de
mentalidade. “Em um momento ele percebe quanto é mesquinha uma vida movida pelo
dinheiro, à custa de roubar dos outros e ser desprezado por eles”:
“Ter
o Senhor ali, em sua casa, faz com que ele veja tudo com olhos diferentes,
também com um pouco da ternura com que Jesus olhou para ele. E muda também o
seu modo de ver e de usar o dinheiro: substitui o gesto do extorquir pelo de
dar. De fato, decide dar metade do que possui aos pobres e restituir quatro
vezes mais àqueles de quem roubou. Zaqueu descobre de Jesus que é possível amar
gratuitamente: até agora ele era avarento, agora se torna generoso; gostava de
acumular, agora se alegra em distribuir”.
“ Encontrando
o Amor, descobrindo ser amado apesar de seus pecados, ele se torna capaz de
amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão. ”
Que a
Virgem Maria nos obtenha a graça de sempre sentir sobre nós o olhar
misericordioso de Jesus, para sair com misericórdia ao encontro daqueles que
fizeram mal, para que também eles possam acolher Jesus, que "veio buscar e
salvar o que estava perdido."
O agradecimento do Papa pela
"nova dignidade"
Após a
oração do Angelus e
depois do apelo pelas vítimas da
violência na Etiópia, o Papa Francisco agradeceu à Prefeitura e à
Diocese de San Severo, na Puglia (sul da Itália), pela assinatura do
Protocolo de Intenções ocorrido na segunda-feira 28 de outubro, “que permitirá
aos trabalhadores dos assim chamados "guetos da Capitanata", na
região de Foggia, de obter uma residência em paróquias e o registro no cartório
municipal”.
“A possibilidade
de ter documentos de identidade e de residência – enfatizou o Santo Padre -
oferecerá a eles nova dignidade e lhes permitirá de sair de uma condição de
irregularidade e de exploração."
De fato,
muitos trabalhadores nesta região, a maioria migrantes, são explorados nas
plantações por pessoas de má fé, que se aproveitam de sua condição irregular no
país. São mal remunerados, sem nenhum tipo de direito ou garantia, vivendo em
galpões sem as mínimas condições de uma vida digna.
Fonte: Vatican News
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