Por Walter Sánchez Silva
Evo Morales Crédito: Wikipédia,
domínio público
LA PAZ, 11 Nov. 19 / 10:00 am (ACI).- Evo Morales
renunciou ontem à presidência da Bolívia, depois de mais de duas semanas de
protestos após as eleições realizadas em 20 de outubro e em meio às acusações
de fraude contra ele. Um bispo que serve na Bolívia explica o que vem a seguir
para o país.
Dom Cristóbal Bialasik, Bispo de
Oruro, conversou com ACI Prensa,
agência em espanhol do Grupo ACI, após saber da notícia da renúncia de Morales
ocorrida no mesmo dia em que a Organização dos Estados Americanos (OEA)
apresentou as conclusões de uma auditoria que cita sérias irregularidades nas
eleições.
"Renuncio meu cargo de presidente
para que (Carlos) Mesa e (Luis Fernando) Camacho não continuem perseguindo os
dirigentes sociais", disse Evo Morales em mensagem transmitida pela
televisão.
Evo Morales disse que esta decisão
"dói profundamente", mas que é algo que faz "para o bem do país".
Morales disse que enviaria sua carta
de renúncia ao Congresso nas próximas horas. Segundo a Constituição, o
vice-presidente deveria assumir o cargo. No entanto, o vice-presidente Álvaro
García Linera também renunciou. De acordo com o artigo 169 da Constituição, o
presidente do Senado deve ocupar o cargo até que haja novas eleições, mas não
está claro se ocupará o cargo.
Morales renunciou ao anunciar na
manhã de ontem que convocaria novas eleições e um dia depois de denunciar que a
casa de sua irmã na cidade de Oruro havia sido queimada, bem como as casas dos
governadores da região e Chuquisaca.
Um dia antes, na sexta-feira, 8 de
novembro, diversas unidades da polícia se manifestaram contra Morales em
cidades como Cochabamba, Sucre, Santa Cruz, Chuquisaca, Beni, Potosí, Oruro e
La Paz, informando que não enfrentariam os civis nos protestos contra Morales.
Os confrontos ocorreram após a
retomada do escrutínio depois das eleições, o que deu a Morales uma vantagem
que não possuía antes da pausa na contagem, o que tornava desnecessário um
segundo turno que devia ser realizado com o candidato Carlos Mesa.
Os protestos dos últimos dias
deixaram pelo menos três mortos, dezenas de feridos e centenas de presos.
ACI Prensa conversou no domingo com
Dom Bialasik, que acabava de voltar do campo onde havia mediado um confronto
entre os mineradores de Potosí e o povoado de Cacachacas, que pertence à sua
Diocese.
“Eles tinham armamento de guerra
bastante forte lá. Fomos buscar uma saída, havia seis feridos. Estivemos neste momento
tentando resolver esse problema e recebemos a notícia da renúncia de Morales
quando os militares entraram nessa área, porque nenhum povoado ou pessoa pode
ter armas desse tipo”, explicou o Prelado.
“Escutamos sobre a renúncia do
presidente Evo Morales. Nesse momento, todo o povoado se reuniu para comemorar
esse fato praticamente como uma vitória, porque já estávamos vivendo em uma
ditadura e o povo era consciente de que não queria chegar à situação da
Venezuela”, ressaltou o Bispo.
"Neste momento, há uma grande
festa na praça principal Oruro, e acabam de me chamar para ir lá e rezar e
agradecer a Deus por essa graça que nos deu liberdade", disse Dom Bialasik
à ACI Prensa.
O que segue agora para a Bolívia,
disse o Bispo, é “formar um tribunal eleitoral o mais rápido possível para as
novas eleições. Isso tardaria cerca de 3 meses para buscar as pessoas, os
líderes que possam dirigir o país nos próximos anos”.
Com esses líderes, concluiu o bispo
de Oruro, a Bolívia pode ter "mais esperança e também se poderá respeitar
a vida e
a dignidade das pessoas, de todos os bolivianos e bolivianas”.
Fonte: ACI Digital
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