Alberto Fernández. Crédito: Câmara Nacional Eleitoral.
Cidade do México, 07 Nov. 19 / 10:00
am (ACI).-
O presidente eleito da Argentina, Alberto Fernández, expressou que o aborto "não
deve ser crime" e que o Estado deve garantir o acesso das mulheres a essa
prática.
Fernández disse essas palavras na
terça-feira, 5 de novembro, durante sua visita ao México. No domingo, o
presidente eleito visitou o Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe e assegurou
que confiou a Argentina à Virgem. Na segunda-feira, conheceu o presidente
mexicano Andrés Manuel López Obrador, cujo partido, Morena, promove a
descriminalização do aborto em vários estados do México e em nível federal.
Alberto Fernández, que assumirá a
presidência argentina em 10 de dezembro, participou da conferência “O novo
modelo de integração latino-americana”, realizada na terça-feira na
Universidade Nacional Autônoma do México. Nesse contexto, respondeu às
perguntas dos ouvintes, entre as quais havia uma sobre o aborto.
“Sem dúvida, o que mais
impressionou aos argentinos foram as mulheres. Um dia saíram às ruas, encheram
as ruas da Argentina e reclamaram simplesmente para ter os mesmos direitos que
os homens”, indicou.
“Fiquei surpreso ao ver que muitas
das exigências eram certas e eu não as tinha registrado”, como, por exemplo,
remuneração igual entre homens e mulheres, violência de gênero e os “direitos
que as mulheres propõem em relação ao corpo”, disse.
"Ao longo de toda a campanha,
pedi à Argentina que deixasse de ser hipócrita e deixasse de castigar o
aborto", "que condena as mulheres sem recursos a terem que recorrer
ao aborto em péssimas condições de assepsia", com isso "muitas vezes
colocam em risco sua vida", assegurou.
"Eu não sou um hipócrita."
"Durante toda a minha vida ensinei que o aborto nunca deveria ter sido um
crime" e "acho que não deve ser um crime e que o Estado deve garantir
às mulheres o acesso ao aborto em condições assépticas", afirmou.
Nesse sentido, o futuro presidente da
Argentina acrescentou que fala do aborto como "um problema de saúde
pública" e que sua legalização não significa que "as mulheres são
obrigadas a abortar". "Aquelas que, por crenças religiosas ou
convicções pessoais, pensam que o aborto não é uma boa saída, simplesmente não
devem abortar", argumentou.
Do mesmo modo, expressou que quando
debateu com outros candidatos, foi acusado de "ser amigo de Satanás por
dizer isso", mas tudo o que tenta, segundo ele, é acabar com a
"hipocrisia e garantir a saúde das mulheres", insistiu.
Em agosto do ano passado, o projeto
para descriminalizar o aborto foi rejeitado pelo Senado em uma longa sessão.
Em conversa com ACI Prensa, agência em espanhol do
Grupo ACI, após as eleições presidenciais de 27 de outubro, o diretor de Votá 2
Vidas, Santiago Santurio, alertou sobre o “cenário complexo” da causa pró-vida
na Argentina, uma vez que “o Congresso tem uma maioria de deputados verdes e
abortistas e, por outro lado, no Senado, há uma maioria pró-vida , mas uma
maioria muito frágil”.
Santurio alertou que esta maioria no
Senado argentino é muito escassa, e “há alguns senadores que, apesar de terem
votado contra (o aborto) em 2018, temos dúvidas de que votarão novamente assim
caso se abra um novo debate".
Alberto Fernández e sua
vice-presidente Cristina Fernández de Kirchner venceram as eleições
presidenciais com 48,1% dos votos.
Em segundo lugar, ficou o atual
presidente da Argentina, Mauricio Macri, com 40,37%.
Fonte: ACI Digital
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