O
encontro com os jornalistas na Sala de Imprensa vaticana no início desta
segunda semana do Sínodo sobre a Amazônia contou com a presença de dom Carlo
Verzeletti, bispo de Castanhal, dom José Ángel Divassón Cilveti, ex-Vigário
Apostólico de Puerto Ayacucho, dom Josianne Gauthier, secretário geral da
CIDSE, Aliança Internacional Católica de Agências de Desenvolvimento (Canadá),
e José Gregorio Díaz Mirabal, Presidente do Congresso das Organizações
Indígenas Amazônicas (COICA).
Debora Donnini, Silvonei José -
Cidade do Vaticano
"Está delineando-se um quadro no
qual tudo está realmente conectado" e a Laudato si se
vive concretamente. Foi o que disse na Sala de Imprensa do Vaticano, o padre
Giacomo Costa, secretário da Comissão de Informação, falando sobre a 9ª
Congregação Geral do Sínodo para a Amazônia, que teve início nesta manhã com a
oração do Papa pelo Equador, como relatou o Prefeito do Dicastério da
Comunicação, Paolo Ruffini.
Ricos os testemunhos de "como a
Igreja em saída seja já uma realidade" com as comunidades que defendem a
vida, o trabalho em equipe, conta o padre Costa, destacando como isso nos faz
refletir sobre os desafios dos diversos ministérios e sobre a liturgia
inculturada. Central também o tema da conversão ecológica integral e do "urgente
pedido de uma aliança com a Igreja" para a defesa dos direitos. As vítimas
pela proteção da terra exigem ações urgentes que possam levar a criação de um
observatório eclesial internacional sobre as violações dos direitos humanos das
populações. Poder-se-ia defender uma governança na qual as populações sem poder
de negociação pudessem ser ouvidas. Falou-se também de modelos circulares de
economia, de direitos ambientais, mas também de um crescimento da cultura da
comunicação na Região Pan-Amazônica, com a valorização da mídia católica e a
formação de "comunicadores nativos" para fortalecer as narrativas no
território.
A necessidade de levar esta defesa
dos povos indígenas aos lugares oficiais foi destacada por Josianne Gauthier,
secretária geral da CIDSE (Aliança Internacional Católica de Agências de
Desenvolvimento), que há mais de 50 anos apoia as comunidades na defesa de seus
direitos. "Um dos nossos papéis no Sínodo - disse - é ouvir”.
Sobre a experiência entre esses povos
falou amplamente dom José Ángel Divassón Cilveti, ex-Vigário apostólico de
Puerto Ayacucho, Venezuela, com referência ao grupo étnico dos Yanomami que
vivem na área florestal entre a Venezuela e o Brasil. Nós, - disse ele -,
estamos presentes ali como salesianos desde 1957. Depois do Concílio,
iniciou-se uma nova etapa para realizar esta obra evangelizadora, para
acompanhar estes povos. O critério passou a ser o da partilha da vida das
comunidades, conscientes de que cabe a elas tomarem as rédeas nas mãos. Nós os
ajudamos com projetos para que não dependessem dos outros. Central em sua
experiência, que Jesus Cristo deveria ser levado até eles, no entanto, era
necessário conhecer suas vidas para não chegar como colonizadores. Então, houve
uma preparação para o batismo. Dom Cilveti explicou como uma Igreja que ajuda
estas pessoas começou a crescer, porque sem dúvida "o Evangelho traz
coisas novas" como o perdão e estas pessoas "começaram a reconhecer o
valor deste valor: a capacidade de perdoar ajudou eles a resolverem certos
problemas, conseguiram superar muitos conflitos. Na Floresta Amazônica temos
testemunhado essas mudanças”.
Vem de uma nova diocese perto da foz
do rio Amazonas, fundada há 14 anos: 1.100 aldeias, poucos sacerdotes. Dom
Carlo Verzeletti, bispo de Castanhal, Brasil, falou das dificuldades de
celebrar a missa correndo de um ponto a outro por causa do tamanho do
território. No seu discurso, insistiu, entre outras coisas, sobre a ordenação
dos homens casados para que a Eucaristia, - observou -, possa se tornar uma
realidade mais próxima das nossas comunidades. Não sacerdotes de segunda
classe, mas "pessoas preparadas que têm uma vida exemplar" e que
poderiam fazer um trabalho extraordinário, afirmou, acrescentando que já
saberia quem indicar. Para ele, o diálogo é, sem dúvida, central, como vem
acontecendo há anos, convidando os prefeitos e indo às paróquias porque não se
deve destruir ainda mais a Amazônia.
A dar voz, em primeira pessoa,
àqueles que sempre viveram neste pulmão verde, é certamente José Gregorio Díaz
Mirabal, que representa mais de 400 povos amazônicos. Indígena curripac da
Venezuela, é presidente do Congresso de Organizações Indígenas Amazônicas
(COICA), presente há 36 anos nos países amazônicos. Antes de mais nada o seu
muito "obrigado" ao Papa Francisco que no ano passado, em Puerto
Maldonado, recordou os povos indígenas e um muito "obrigado" à Repam
pelo trabalho que está realizando. É também seu o "grito" para que
termine a "invasão" de grandes projetos de desenvolvimento, empresas
hidrelétricas, mineração, monocultura, roubo de terras. Muitos de nós são
assassinados, disse ele, pedindo que os governos da Amazônia se sentem e
conversem com eles e que se possa "fortalecer o vínculo entre a Igreja e
os povos indígenas".
Fonte: Vatican News

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