O derramamento de óleo no litoral pernambucano afetou não somente a paisagem, mas o sustento da comunidade pesqueira. O óleo atinge a costa do Nordeste há mais de um mês e até agora foram recolhidas mais de 900 toneladas de resíduos de óleo cru nas praias. A Arquidiocese de Olinda e Recife quer cobrar ao governo federal maior assistência à comunidade pesqueira e vai mobilizar os fiéis para ajudar e apoiar voluntários e Exército em seu trabalho.
Diante desta situação, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, resolveu visitar algumas áreas atingidas na praia de Suape e levar seu apoio às famílias dos pescadores no último dia 23 de outubro. “A nossa intenção, enquanto igreja, é estar próximo das pessoas que estão sofrendo, para conhecer suas necessidades e lutar por seus direitos”, disse o arcebispo. Apesar de a água do mar parecer limpa, especialistas dizem que há contaminação por benzeno, prejudicial à saúde se for apresentado em grande quantidade.
Acompanhado pelo bispo auxiliar, dom Limacêdo Antonio, e pelos padres Adailton Moura e Josenildo Tavares, dom Fernando conversou com pescadores e pesquisadores, e considerou que a ajuda do Governo Federal veio com atraso. “Lamentamos a pouca atenção do Governo, muito lento no processo de ajuda”, disse. A presidente da Colônia de Pescadores, Gicléa Santos, orientou toda a visita.
A ida a Suape revelou mais do que a tristeza: junto com o óleo, veio a solidariedade do trabalho voluntário, que limpou as praias. Ao ver voluntários ainda em ação, apesar do reforço do Exército, dom Limacêdo afirmou que ficou feliz em ver a ajuda da população que “não ficou parada, não esperou, não deixou para depois, pois quem ama se antecipa, tem iniciativa, faz aquilo que o coração aponta”.
Moradora do Cabo de Santinho e integrante do Conselho Pastoral dos Pescadores, Laurineide Santana diz que a maior preocupação da comunidade pesqueira agora é a contaminação. “Como vão viver as famílias dos pescadores do Cabo e dos outros municípios?”, indagou. A aflição é a mesma de Maria da Conceição, marisqueira há 30 anos, que aprendeu o ofício com sua mãe. “Com a pesca parada, acaba o meio de vida da gente”, disse. “Agora que o arcebispo conheceu a realidade difícil da comunidade, queremos que ele fale com o governo para ajudar a todos e não só a algumas pessoas”, completou.
A marisqueira se refere à parcela extra do seguro-defeso que o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento vai liberar para pescadores artesanais em novembro. O problema é que, ordinariamente, somente os pescadores de lagosta (18 pessoas da comunidade) recebem o seguro. O Ministério ainda não esclareceu se outros pescadores artesanais (pescadores e marisqueiros) terão o mesmo benefício.
Arquidiocese de Olinda/Recife lança campanha de ajuda à comunidade de pescadores
Após visitar a comunidade pesqueira de Suape em 23 de outubro, quando ouviu as pessoas e rezou com elas, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, divulgou neste sábado, nas redes sociais, um vídeo em que pede ajuda à comunidade católica. Em poucos segundos, o arcebispo orienta párocos e administradores paroquiais a pedirem ajuda aos fiéis após a missa, com doações de materiais de limpeza e segurança para a retirada do óleo, e com doações de alimentos para as famílias que tiram seu sustento do mar.
Sobre a comunidade local, dom Fernando comenta que são muitos os atingidos. “Pensamos em fazer esta campanha porque muitos estão passando necessidades: do jangadeiro que faz passeios para turistas até os pescadores e marisqueiros, pois estão impossibilitados de trabalhar por conta da contaminação da água e do pescado”, disse o arcebispo. A campanha começou já nas missas do último final de semana e vai envolver as 141 paróquias da Arquidiocese.
Assista ao vídeo de mobilização publicado por dom Saburido:
Com informações Pascom da Arquiodiocese de Olinda/Recife
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