Deus quer a riqueza de sua ação misericordiosa e cheia de graça no mundo, sendo os sacerdotes seus instrumentos, no exercício do ministério – dom e graça -, que, segundo sua vontade, seja o mais fecundo e mais pleno das graças do nosso bom Deus. Que sua consciência seja sempre maior, a partir do ministério da Igreja, em primeiro lugar para si, mas também para a comunidade dos batizados, na clareza do absoluto de Deus, no sacrifício eucarístico, como renovação do sacrifício da santa e sagrada cruz, além de alimento, indicador da vida na sua mais elevada plenitude: a vida eterna, a gloriosa ressurreição.
O sacerdote, além das práticas do amor fraterno, que tenha uma caridade sem precedentes, exercida em alto e bom tom na comunidade dos batizados, como na afirmação de Jesus de Nazaré, sumo e eterno sacerdote: “Não vim para ser servido, mas para servir e dar a vida como resgate por muitos”. Como servidor, ele deve se sentir no dever de se adiantar por tais práticas de virtudes, com a mente e o coração voltados para o povo de Deus, na sua coerente intimidade com Deus, Nosso Senhor. Evidentemente, deve ser obediente à voz da Igreja, na correta e piedosa administração dos sacramentos, também na prática da justiça e mesmo no exercício dos seus próprios sacrifícios, quando se perceber vezes e mais vezes sendo sacerdote, nem sempre o primeiro a se sacrificar, como no binômio: renúncia e doação.
Embora sendo muitas nossas limitações no exercício dos 31 anos de ministério sacerdotal a serviço da Igreja aqui na Arquidiocese de Fortaleza (14/8/2019), sempre procuramos, de bom grado, visitar os enfermos e os idosos, levando-lhes, com nossa humilde presença, o sacramento da unção dos enfermos. Pensemos, pois, no valor indizível de tal sacramento, aos olhos da fé, e nas expressões sábias do arcebispo que nos ordenou sacerdote, o Cardeal Aloísio Lorscheider:
“É um dos sacramentos que o sacerdote, por vezes incontáveis, administra durante sua vida sacerdotal. É, por assim dizer, esse sacramento a última manifestação do amor de Deus para com seu filho bem-amado. O sacerdote pode bem compreender em tal instante quão grande é sua responsabilidade e quão grande é a misericórdia de Deus, que não quer a morte do pecador, mas sim que ele se converta e viva. Esse sacramento, se Deus assim o dispuser, dá ao enfermo a saúde do corpo, dá sempre, se o enfermo estiver devidamente disposto, a saúde da alma. Parece que Deus tem ânsia em ver os homens junto de si no céu. Administrando esse sacramento, lembrar-se-á o sacerdote da importância do último momento da vida. Tudo passa. A eternidade se aproxima. Só a vida dedicada a Deus possui valor perene. Só tal vida dá tranquilidade e paz para essa hora única na vida. Só a vida, que se viveu para Deus, é que então traz consolo. Só a vida santa é que conforta. Por conseguinte, será a administração desse sacramento uma admoestação de que o sacerdote, o predileto do Divino Mestre mais do que qualquer outro, deve ter sempre diante dos olhos o conselho: ‘Vigiai e orai. (…) Na hora em que menos o esperardes, virá o Filho do Homem’” (Mt 25,13). Assim seja!
*Pároco de Santo Afonso, Blogueiro, Escritor e integra a Academia Metropolitana de Letras de Fortaleza
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