"Dai
e vos será dado" são as palavras do Evangelho que o Papa propôs aos
escuteiros da Europa, recebidos em audiência na manhã deste sábado na Sala
Paulo VI. O compromisso é doar a vida pelos outros, até mesmo proteger a
criação, o verdadeiro "social" de Deus.
Manoel Tavares - Cidade do Vaticano
O Santo Padre recebeu na manhã deste
sábado (03/8), na Sala Paulo VI no Vaticano, cerca de 5 mil escoteiros que,
desde o dia 27 de julho, estão participando de um encontro intitulado
“Euromoot”, promovido pelas Federações de Escotismo da Europa e dos EUA.
Participaram também escoteiros de outras regiões e países, inclusive da América
Latina.
Esta
é a segunda grande audiência de escoteiros com um Papa. Em 1994, São João Paulo
II encontrou os escoteiros da Europa na Basílica de São Pedro.
Em seu discurso aos
numerosos escoteiros, o Papa Francisco agradeceu a presença de todos e elogiou
a sua coragem de ter percorrido tantos quilômetros! Um percurso, disse, que os
faz sentir mais livres. De fato, a liberdade se conquistada no caminho, passo a
passo, com os outros, não fechados no quarto com o celular na mão como fuga da
realidade.
Aqui, Francisco recordou as cinco etapas percorridas pelos
escoteiros, na esteira dos grandes santos, que viajaram pela Europa: Paulo de
Tarso, Bento de Núrsia, Cirilo e Metódio, Francisco de Assis, Catarina de Sena.
Por isso, perguntou-lhes: “O que estes Santos têm em comum”? E respondeu:
“Eles
não esperavam nada da vida ou de alguém, mas confiaram em Deus, arriscando suas
vidas, colocando-se em jogo, em marcha para realizar seus grandes sonhos, que
ainda hoje são exemplo para nós. Eles deram suas vidas, não a pouparam”.
Partindo destes cinco percursos de santidade, o Papa quis deixar
aos escoteiros cinco palavras, não suas, mas do Evangelho, que os acompanhou
neste trajeto, convidando-os a levar sempre consigo, como um navegador, porque
o Evangelho é o mapa da vida:
“Eis
as cinco palavras de Jesus: "Dai e vos será dado". Cinco palavras
simples que traçam uma rota clara”.
Explicando cada uma destas palavras, Francisco disse: antes de
tudo, “dar”. Hoje, pensamos só em ter, possuir. Mas, nunca estamos satisfeitos
com o que temos e queremos sempre mais e mais o que não faz bem para o nosso
coração. O coração se adestra não com o ter, mas com o doar. Por isso, Jesus
estabeleceu este ponto de partida de “dar”: colocar a vida em jogo, dar meios
para se levantar da poltrona, se libertar das comodidades, dar o bem ao mundo.
E acrescentou:
“Logo,
a primeira coisa é dar. Eis o segredo da vida. Pois é dando a vida que se
recebe... ninguém pode dar ao mundo o que vocês é chamado a dar. Cada um de
vocês é ‘único’ e precioso aos olhos de Deus; é precioso para a Igreja, para
mim. Digam a quem está ao seu lado: "você é precioso". Sem querer,
você acabou de ‘dar’ uma palavra boa a alguém”.
Mas, ponderou o Papa, “Dai e vos será dado” pode ser aplicado
também em relação à Criação. Se abusarmos dela receberemos uma terrível lição,
como já está acontecendo no mundo. Como escoteiros, recordou Francisco, “vocês
vivem no meio da natureza, uma natureza que não tem confins. A Criação nos une
a Deus e aos irmãos, com os quais habitamos uma Casa comum” .
O Santo Padre concluiu seu pronunciamento fazendo uma exortação
aos milhares de escoteiros, presentes e ausentes:
“Encorajo-os
a preparar o caminho do Senhor, onde quer que estejam. É fácil reconhecer o
caminho do Senhor: é aquele que tem o sentido de doação, que deixa o mundo se
desenvolver. Assim, vocês se tornam cidadãos ativos, como disse seu fundador
Baden Powell”.
O Senhor, disse por fim o Papa, não quer só pessoas boas, hoje,
mas também que façam o bem, que amem a Europa, que nos acomuna. Por isso,
“sejam construtores ativos de sociedades reconciliadas e integradas, que se dão
vida a uma Europa renovada. Lembrem-se que o escotismo quer formar homens e
mulheres, que mantêm a rota justa: a rota do bem!”. E nunca se esqueçam: “Dai e
vos será dado”!
Ao término da audiência papal, os milhares de escoteiros do
“Euromoot” coroaram sua peregrinação a Roma, participando de uma Santa Missa na
Basílica de São Pedro, presidida pelo Cardeal Angelo Bagnasco.
Fonte: Vatican News
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