“Rejeitamos de maneira clara
e determinada toda a forma de violência na qual a vida têm um preço e é
explorada”: apelo no comunicado à opinião pública da Igreja Católica na
tríplice Fronteira Amazônica: Brasil, Colômbia, Peru.
Jane Nogara – Cidade do
Vaticano
A Assembleia Geral das
Nações Unidas, com a Resolução A/RES/68/192 de 2013, proclamou o dia 30 de
julho como Dia Mundial contra o Tráfico de seres humanos.
Na América do Sul, as regiões
fronteiriças apresentam problemas especiais. Juntamente com outros tipos de
tráfico, especialmente armas e drogas, o tráfico de pessoas é um dos fenômenos
que mais aparece. Essa realidade está muito presente na tríplice fronteira
entre Brasil, Colômbia e Peru, região banhada pelo rio Amazonas, que não
separa, mas une seus povos.
Dentro deste contexto a Igreja
Católica presente na tríplice Fronteira Amazônica (Brasil, Colômbia, Peru)
emitiu um comunicado no qual manifesta “solidariedade, apoio e compromisso para
com os irmãos e irmãs indígenas, ribeirinhos, mestiços e demais habitantes das
fronteiras vítimas do tráfico de pessoas e tráfico de migrantes”.
Vida
em abundância
A Igreja Católica presente nos três
países sul-americanos “preocupada pela difícil e complexa dinâmica do
territórios” publicou um comunicado, no qual especifica suas razões e
auspícios.
Inicialmente recorda que fiel ao
Evangelho “Cristo veio até nós para que tenhamos vida e vida em abundância (Jo 10,
10), rezaremos sempre pela vida e a paz”. Porém estes ensinamentos são
contrários à realidade do ser humano que é submetido a múltiplas violências e
tratado e visto como mercadoria. Por isso, continuam, “rejeitamos de maneira
clara e determinada toda a forma de violência na qual a vida têm um preço e
seja explorada”.
Escravidão
moderna
Em seguida recorda as palavras do
Papa Francisco “Desejo chamar todos a comprometerem-se para que esta chaga
aberrante, esta forma de escravidão moderna, seja adequadamente contrastada”.
Para isso pede o comprometimento da “sociedade civil, autoridades, instituições
e organizações” para “lutarem juntos contra este flagelo que se encarna nas
nossas comunidades e populações mais vulneráveis”.
O
Pacto assinado em dezembro 2018
O documento assinado pelas três
realidades católicas segue recordando do Pacto assinado em dezembro de 2018
pelas autoridades da Colômbia, Brasil e Peru na Tríplice Fronteira para o
combate do tráfico de pessoas. O compromisso tem como objetivo “ampliar o
diálogo e aprimorar a atuação conjunta no sentido de fortalecer a prevenção, a
assistência às vítimas e o combate ao tráfico de pessoas e à exploração sexual
de crianças, adolescentes e mulheres na tríplice fronteira”.
Em seguida o documento afirma que
“espera que estes compromissos sejam efetivos, oportunos e proféticos para a
erradicação e/ou diminuição dos casos de tráfico de pessoas na região. E
solicita boas práticas de migração, acompanhamento das vítimas e políticas
adequadas de trabalho.
Não
à indiferença
Outras importantes palavras do Papa
Francisco foram recordadas: “Levantemos o véu da indiferença que pesa sobre
o destino daqueles que sofrem. Ninguém pode lavar as mãos diante da trágica
realidade das escravidões de hoje”. O texto reitera que “a justiça e o acompanhamento
sejam garantes do início da inclusão e restabelecimento dos direitos dos que
sofreram”.
O comunicado conclui com a invocação
de apoio total à este grave problema “desde a prevenção, acompanhamento das
vítimas de abuso e violência sexual assim como a promoção dos Direitos dos
meninos e meninas, adolescentes, jovens, mulheres e homens enganados e
submetidos à compra e venda de suas dignidades e liberdade”.
“Convido todos, juntamente com o Papa
Francisco, à rejeitar toda a forma de violência e violação dos Direitos dos
habitantes da majestosa Amazônia para seguir anunciando o Evangelho”.
O documento é assinado pelos bispos
Dom José Trevieso, Bispo de San José de Amazonas, Peru; Dom Adolfo Zon Pereira,
Bispo da Diocese do Alto Solimões, Brasil e Dom José de Jesus Quintero Días,
Bispo do Vicariato de Letícia, Colômbia.
Fonte:
Vatican News
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