O
Papa Francisco escreveu o prefácio do livro “Mulheres crucificadas. A vergonha
do tráfico contada da rua” (Editora Rubbettino) do pe. Aldo Buonaiuto,
sacerdote da Comunidade Papa João XXIII. O livro está disponível nas livrarias
italianas a partir desta segunda-feira, 29.
Cidade do Vaticano
“Quando numa das Sextas-feiras da
Misericórdia durante o Ano Santo Extraordinário entrei na casa de acolhimento
da Comunidade Papa João XXIII, não pensei que lá encontraria mulheres tão
humilhadas, tristes e provadas. Realmente mulheres crucificadas. Na sala em que
encontrei as mulheres libertadas do tráfico da prostituição forçada, respirei a
dor, a injustiça e o efeito da opressão. Uma ocasião para reviver as feridas de
Cristo.
Depois
de ouvir as histórias comoventes e humanas dessas mulheres pobres, algumas com
crianças no colo, senti um forte desejo, uma exigência de pedir perdão pelas
torturas que elas tiveram que suportar por causa dos clientes, muitos dos quais
que se dizem cristãos. Um incentivo a mais para rezar pelo acolhimento das
vítimas do tráfico da prostituição forçada e da violência.
Uma
pessoa nunca pode ser colocada à venda. Por isso, estou feliz de conhecer o
trabalho precioso e corajoso de assistência e reabilitação que o pe. Aldo
Buonaiuto realiza há vários anos, seguindo o carisma de Oreste Benzi. Isso
requer também a disponibilidade de expor-se aos perigos e retaliações da
criminalidade que fez dessas mulheres uma fonte inexaurível de ganhos ilícitos
e vergonhosos.
Gostaria que este livro fosse acolhido no contexto mais amplo
possível a fim de que, conhecendo as histórias que estão por trás do número
chocante do tráfico, se possa entender que, sem deter essa alta demanda de
clientes, não será possível combater de maneira eficaz a exploração e a humilhação
de vidas inocentes.
A corrupção é uma doença que não se detém sozinha. É preciso uma
tomada de consciência individual e coletiva, e também eclesial, para ajudar
realmente essas nossas desventuradas irmãs e para impedir que a iniquidade do
mundo caia sobre as criaturas mais frágeis e indefesas. Toda forma de
prostituição é uma escravidão, um ato criminoso, um péssimo vício que confunde
a relação de amor com o desafogar os próprios instintos, torturando uma mulher
indefesa.
É uma ferida na consciência coletiva, um desvio ao imaginário
corrente. A mentalidade de que uma mulher deve ser explorada como uma
mercadoria para usar e depois jogar fora é patológica. É uma doença da
humanidade, uma maneira errada de pensar da sociedade. Libertar essas pobres
escravas é um gesto de misericórdia e um dever para todos os homens de boa
vontade. O seu grito de dor não pode deixar indiferentes pessoas e
instituições. Ninguém deve virar o rosto para o outro lado ou lavar as mãos do
sangue inocente que é derramado nas estradas do mundo”.
Francisco
Fonte:
Vatican News
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