Dissertando
sobre o acontecimento de Pentecostes, em sua catequese na Praça São Pedro o
Papa falou da linguagem da verdade e do amor, que é universal: mesmo os
analfabetos podem compreendê-la.
Cristiane Murray - Cidade do Vaticano
A Praça São Pedro, aquecida
pelo calor do verão e lotada de fiéis, turistas, peregrinos e romanos, foi o
palco da audiência geral do Papa nesta quarta-feira (19/06).
Depois de dar uma longa volta com o papamóvel saudando de perto as pessoas,
Francisco proferiu uma catequese baseada no relato de Pentecostes.
Cinquenta dias depois da Páscoa, os
Apóstolos, reunidos em oração no Cenáculo de Jerusalém, vivenciam uma
experiência muito além de suas expectativas: experimentam a irrupção de Deus.
De repente veio do céu um ruído como de um vento forte como um sopro
primordial; apareceram línguas como de fogo que se repartiram e pousaram sobre
cada um deles. Ao vento somou-se então o fogo, que na tradição bíblica,
acompanha a manifestação de Deus. É a expressão simbólica de sua obra de aquecer,
iluminar e tocar os corações e seu cuidado com as obras humanas.
Amor, sinceridade, verdade, gestos:
linguagem universal
A palavra dos Apóstolos fica
impregnada do Espírito do Ressuscitado e se torna uma palavra nova e diferente,
mas que pode ser compreendida como se fosse traduzida simultaneamente em todas
as línguas: de fato, cada um ouvia os discípulos falar em sua própria língua.
“
Trata-se da linguagem da verdade e do amor, que é universal: mesmo os
analfabetos podem compreendê-la. Todos entendem a linguagem da verdade e do
amor. Se você usar a verdade, a sinceridade e o amor, todos entendem, até um
gesto amoroso… ”
O Papa deu uma explicação bastante
clara deste fenômeno: o Espírito Santo não se manifesta apenas mediante uma
sinfonia de sons que une e compõe harmonicamente as diversidades, mas é também
o maestro de uma orquestra que executa partituras das grandes obras de Deus. O
Espírito Santo é o artífice da comunhão, o artista da reconciliação que sabe
remover as barreiras entre judeus e gregos, escravos e libertos, e fazer deles
um único corpo.
Todos ficam tão maravilhados que se
pensa que estejam embriagados
“Então Pedro intervém em nome de
todos os Apóstolos, definindo o ocorrido como a ‘sóbria embriaguez do
Espírito’, que acende no povo a profecia com sonhos e visões. E este é um dom
de todos os que invocam o nome do Senhor”, assegurou o Papa.
A palavra de Pedro, frágil e capaz
até de renegar o Senhor, quando fica permeada pelo fogo do Espírito ganha
força, torna-se capaz de tocar os corações e movê-los à conversão. A Aliança
nova e definitiva está fundada, já não sobre uma lei escrita em tábuas de
pedra, mas na ação do Espírito de Deus.
“O
Espírito opera a atração divina: Deus nos seduz com seu Amor e assim nos
envolve, para mover a história e iniciar processos através dos quais filtra a
vida nova. Só o Espírito de Deus tem o poder de humanizar e confraternizar cada
contexto, a partir de quem o recebe. Peçamos ao Senhor que nos faça
experimentar um novo Pentecostes, que abra os nossos corações e sintonize os
nossos sentimentos com os de Cristo, para que possamos anunciar sem vergonha a
sua palavra transformadora e testemunhar a força do amor que chama à vida tudo
o que encontra".
Fonte: Vatican News
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