Cidade do México, 26 Jun. 19 / 09:40 am (ACI).- A Igreja Católica no México expressou sua dor pela morte de Valeria, de apenas 21 meses, e de seu pai, Óscar, ambos naturais de El Salvador, quando tentavam atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos.
As imagens dos corpos, às margens do Rio Bravo, que separa os países da América do Norte, comoveram milhares nos últimos dias. Muitos compararam este caso com o do pequeno Aylan, um menino sírio que morreu afogado em 2015, quando sua família tentava chegar à Grécia.
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Em diálogo com o Grupo ACI, Dom Alfonso Miranda, Bispo Auxiliar de Monterrey e secretário-geral da Conferência do Episcopado Mexicano (CEM), afirmou que a morte de ambos nos leva a questionar "qual será o tamanho do sofrimento das pessoas da América Central que, sem se importar com nada, vão atrás de seus sonhos e arriscam literalmente e absolutamente tudo".
Pai e filha morreram no domingo, 23 de junho. Viajavam junto com a mãe da pequena, Tania, e tentaram atravessar perto de Matamoros, no México. Do outro lado do rio, esperavam chegar a Brownsville, nos Estados Unidos.
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Os três deixaram El Salvador em 3 de abril deste ano, na esperança de superar a pobreza e um futuro melhor para sua filha.
De acordo com o site elsalvador.com, na tarde de 23 de junho, através do Facebook, Óscar disse a sua irmã que planejava se entregar às autoridades migratórias dos EUA quando atravessassem o Rio Bravo. Três horas depois, Tania, chorando, disse para sua sogra que Óscar e a bebê tinham morrido arrastados pelas águas.
Mas este caso não é único. A imprensa mexicana relatou nos últimos dias cerca de uma dezena de mortes na fronteira, incluindo pelo menos três crianças.
Para Dom Miranda, "aqui no México é preciso lançar um forte grito que se ouça e que ressoe em todo o México e além, Estados Unidos, América Central e no mundo inteiro, e que diga: 'Eu também sou migrante'".
"Quem não emigrou? Minha própria família migrou 80 anos atrás, não de outro país, mas de outro estado do país", recordou.
"Quem não é migrante aqui?", questionou.
No México, afirmou, "há uma falta de consciência de que somos todos migrantes".
Depois de recordar que Jesus, Maria e José migraram, o secretário-geral da CEM ressaltou que a Igreja Católica permanece firme em seu apoio aos migrantes, "apesar das campanhas de xenofobia e das reivindicações da sociedade".
"Bispos, dioceses, paróquias, mais de 130 casas de migrantes não deixaram de prestar apoio, ajuda humanitária".
A Igreja, ressaltou, "nunca deixou de fazer isso, tem caminhado junto com os migrantes", cuidando deles na doença e na fome.
Atualmente, ressaltou, o trabalho está organizado em "uma equipe nacional, nas regiões norte e centro-sul. Todos conectados, unidos diocesanos e religiosos".
Dom Miranda destacou que o drama migratório "é um fenômeno que não podemos não olhar, não podemos não viver. Existem tantas causas, injustiça, violência, falta de emprego, falta de educação. Há tantos na América Central, na Ásia, na América do Sul, há tantas coisas que levam as pessoas a procurar novos espaços. E não podemos deixar de ter um coração sensível que ajude".
"É necessário uma estrutura mundial que resolva? Claro que sim. Mas isso é tarefa dos governos, organismos internacionais. Cada um com o que possa fazer em nível internacional. Mas em nível local, não podemos fechar o coração para o irmão que passa ao nosso lado", disse.
O Bispo mexicano ressaltou que, diante da dura decisão dos migrantes de empreender a viagem, "o que posso fazer é compreender a causa que os move".
"Só posso compreender aquele pai, aquela mãe, que sai com os filhos pela mão sem maiores recursos e sem coisas maiores do que as suas para buscar um futuro melhor. Essa aspiração humana jamais será tirada", assinalou.
"Se essa é a escolha que um homem ou uma mulher fazem, que tenham a fortaleza necessária, a audácia necessária, a confiança em Deus e todos são conscientes das grandes dificuldades e riscos que existem", disse.
Ao mesmo tempo, encorajou a "que a mão caridosa do irmão não decaia" diante do sofrimento do migrante.
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