Cardeal Sergio da Rocha, presidente da CNBB, em uma das primeiras atividades da 57ª Assembleia Geral da entidade, nesta quarta-feira, 1º de maio, em Aparecida (SP), apresentou um amplo relatório do trabalho realizado sob a atual presidência. Incialmente, ele fez uma ressalva: “Não é possível fazer um relatório completo de todas as atividades realizadas no Quadriênio pela CNBB, através de sua Presidência. Por isso, destacamos as principais atividades da Presidência da CNBB, neste quadriênio, retomando diversos aspectos apresentados em relatórios precedentes, em quatro pontos: missão da CNBB; relacional eclesial; relacionamento com a Sociedade Civil; estruturas da CNBB”.
Missão da CNBB
O presidente ressaltou: “Ao longo do quadriênio, procuramos valorizar e respeitar, ao máximo, as instâncias de comunhão e participação da CNBB, especialmente a Assembleia Geral, o Conselho Permanente e o CONSEP, através da partilha, da reflexão conjunta e das decisões tomadas. Os pronunciamentos, notas, declarações e mensagens são expressão da nossa participação e responsabilidade junto à sociedade, na fidelidade à missão profética da Igreja. Buscamos cooperar e animar os Regionais. Nesse sentido destacam-se os encontros reunindo bispos da Amazônia e o encontro dos bispos do Nordeste”.
“Procuramos dar atenção aos Regionais”, disse o Cardeal. E acrescentou que deu essa atenção “visando promover a colegialidade episcopal e responder ao apelo do Papa Francisco, no encontro com os Bispos do Brasil durante a JMJ – Rio, para descentralizar as ações da Conferência, a fim de dar maior atenção às diferentes realidades regionais. Nas reuniões do Conselho Permanente tem sido dado maior espaço para as comunicações dos Regionais. Nesta perspectiva de descentralização e valorização das diferentes realidades da Igreja no Brasil, além do Encontro dos Bispos da Amazônia, que contou com o apoio da Comissão Especial para a Amazônia e a REPAM, aconteceu o encontro dos bispos dos cinco Regionais do Nordeste em Fortaleza. A Conferência foi acrescida do Regional Norte 3 aprovado em Assembleia Geral”.
Os anos temáticos desse quadriênio que se encerra nessa 57ª Assembleia Geral também foram destacados pelo presidente: “Os anos temáticos no Brasil mereceram especial atenção da Presidência. Além de nomear uma Comissão para cada ano temático foram apresentadas publicações que ajudaram na dinamização dos mesmos. Celebramos o Ano Santo da Misericórdia, o Ano Mariano, com os 300 anos de Aparecida, e o Ano Nacional do Laicato, além do Jubileu do Concílio Vaticano II. Colaboramos na preparação e acolhida do Sínodo de 2015 sobre “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”, do Sínodo de 2018 com o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional” e na preparação da Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para a Pan-Amazônia “Amazônia: novos caminhos para a Igreja e para uma ecologia integral”, a ser realizado em outubro próximo”.
Relações eclesiais
Primeiro, dom Sergio lembrou a relação com a Santa Sé e o Santo Padre: “A comunhão com o Santo Padre foi cultivada pela pronta acolhida e divulgação dos seus escritos e pronunciamentos, de modo especial, a encíclica Laudato Si, a Misericordiae vultus, o motu próprio Mitis iudex Dominus Jesus, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris Laetitia, a Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate e a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit. Além disso, o Ano Santo da Misericórdia e as Jornadas Mundiais da Juventude receberam especial atenção através do Conselho Permanente e do Consep”. O presidente da CNBB lembrou que teve oportunidade de participar das Jornadas Mundiais da Juventude de Cracóvia e do Panamá. Em seguida, dom Sergio falou do relacionamento com a Nunciatura Apostólica: “O relacionamento com a Nunciatura Apostólica tem sido respeitoso e fraterno. De especial importância, tem sido a presença do Sr. Núncio Apostólico, D. Giovanni D’Aniello, nas Assembleias Gerais e nas reuniões do Conselho Permanente, presidindo a Eucaristia, dirigindo a palavra em plenário e dispondo-se ao atendimento dos bispos presentes”.
Em terceiro lugar, o presidente tratou da relação da CNBB com o Conselho Episcopal Latino-americano (Celam): “participamos das suas assembleias, em Santo Domingo e El Salvador, assim como de diversos encontros. Participamos também do CELAM através dos irmãos D. José Belisário da Silva, delegado da CNBB, eleito 2º Vice-Presidente; de Dom Anuar Batistti, eleito presidente do Departamento de Vocações e Ministérios; de Dom Darci Nicioli membro do Departamento de Comunicação; de Dom João Justino de Medeiros Silva, membro do Departamento de Cultura e Educação; e de Dom Walder Passini Dalbelo, membro do Departamento de Espiritualidade e Missão”. Ele ainda lembrou que a Conferência contou com a visita do Secretário-Geral do CELAM, Mons. Juan Espinoza Jimenez, Bispo Auxiliar de Morelia, México, em duas Assembleias Gerais da nossa Conferência. O Cardeal ainda lembrou a participação dele nos encontros das Conferências Episcopais Lusófonas: no Brasil, em Aparecida, em 2016 e em Cabo Verde, África, no ano de 2018.
Antes de encerrar as atividades das relações eclesiais, dom Sergio registrou que, no âmbito missionário, a colaboração entre a CRB e a CNBB possibilitou a continuidade do convênio missionário com a Arquidiocese de Porto Príncipe, Haiti. Ele disse que continua a colaboração com os Seminários Maiores de Guiné Bissau e Timor Leste, através do envio de professores. Contou que a PUC do Paraná iniciou um curso de Pós-Graduação no Timor Leste para formação de mestres e doutores. Foi solicitada assessoria para viabilizar a criação de uma Universidade Católica no Timor Leste. E acrescentou: “A PUC do Rio de Janeiro assumirá a presença de formadores em Guiné Bissau. É importante ressaltar a colaboração de alguns Regionais com Dioceses de outros países da África, como expressão missionária da Igreja no Brasil. Foram recebidos em visita, com longo diálogo, na sede da CNBB, o Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, OFM, os Diretores da Adveniat e da Misereor. Recordamos a celebração dos 40 anos das Pontifícias Obras Missionárias e a colaboração sempre mais próxima das POM com a CNBB”.
Relacionamento com a sociedade civil
Dom Sergio disse: “Estes quatro anos foram difíceis e muito exigentes para a Presidência da CNBB, considerando a complexidade da realidade política, econômica e social, do país, com momentos de grave crise e com frequentes pressões, de esquerda ou direita, por pronunciamentos e tomada de decisões de caráter partidário”. E constatou: “Graças a Deus e aos esforços do episcopado, atravessamos este período difícil cumprindo a missão da CNBB: preservando a unidade no episcopado e a comunhão na Igreja; tomando atitudes proféticas, com a necessária coragem e, ao mesmo tempo, com prudência e serenidade; preservando a autoridade moral da Conferência Episcopal e buscando exercer o diálogo amplo”.
O presidente da CNBB destacou os pronunciamentos oficiais da Conferência durante o quadriênio lembrando que “no cumprimento de sua missão profética, a CNBB, emitiu 32 Notas, 15 Mensagens e duas cartas”. Dom Sergio disse aos bispos reunidos em plenário que “A CNBB dispôs-se a dialogar com os governos e outras instâncias dos Poderes públicos, buscando cumprir a missão própria e respeitar a autonomia dos distintos campos, seguindo a Doutrina Social da Igreja. Insistimos sempre na necessidade de diálogo amplo, contemplando as várias instâncias da vida social; na defesa dos direitos dos mais pobres e fragilizados; e na afirmação dos valores e princípios cristãos”
“A Presidência da CNBB” disse dom Sergio, “trata com as autoridades públicas as questões que interessam ao bem comum e à missão salvífica da Igreja”, como preconiza o Estatuto (art. 5º). Por isso, tem cultivado bom relacionamento com os três poderes da República e com as organizações da sociedade civil. A CNBB tem contribuído para o debate e a resolução de questões nacionais estabelecendo diálogo com as autoridades competentes, enviando cartas e participando de audiências públicas. Dentre essas iniciativas, merecem destaque: a constitucionalidade do Ensino Religioso confessional, junto ao STF; a Base Nacional Comum Curricular, especialmente o Ensino Religioso, junto ao Ministério da Educação e ao Conselho Federal de Educação; o acompanhamento dos processos no STF, com visita aos Ministros, sobre aborto (como ‘amicus curiae’), terras indígenas e comunidades quilombolas”.
Estruturas da CNBB
Sobre a reforma da sede nacional, em Brasília, o presidente disse: “A reforma iniciada no mês de outubro de 2017 foi concluída”, disse. “A Presidência agradece o apoio e acompanhamento do Conselho Permanente, do Conselho Econômico, da Comissão para a Reforma da sede”. Ele também agradeceu a várias entidades que ajudaram.
Agradecimentos finais
“Expressamos a imensa gratidão da Presidência da CNBB aos membros do Conselho Permanente, do CONSEP e do Conselho Econômico. Agradecemos muito aos colaboradores e colaboradoras da CNBB, aos assessores e assessoras, pela dedicação ao longo deste quadriênio. Ao mesmo tempo, manifestamos o nosso agradecimento aos Bispos, às Dioceses e às Congregações que os cederem para o bem da Conferência e da Igreja no Brasil. Agradecemos profundamente às Irmãs Filhas do Amor Divino, que deixaram a sede da CNBB, após um longo período de generoso serviço, e acolhemos fraternalmente as Irmãs Apóstolas do Sagrado Coração, agradecendo-as por aceitarem colaborar com a CNBB, na sua sede, a convite da Presidência. Uma palavra de gratidão especial ao Padre Antônio Silva da Paixão pelos oito anos como Subsecretário Geral, ajudando na difícil tarefa da reestruturação da sede da CNBB, coordenando a transferência para a sede provisória e o retorno à sede e encaminhando com o Secretário Geral das questões internas da sede. Em nome da CNBB, expresso a profunda gratidão de todos nós ao Secretário Geral da CNBB, D. Leonardo, pela dedicação generosa e incansável, ao longo destes anos de valioso serviço à Conferência Episcopal e à Igreja no Brasil. Com sentimentos de ação de graças a Deus e de gratidão a todos os que têm contribuído para que a CNBB realize fielmente a sua missão, suplicamos as bênçãos de Deus para todos”, concluiu.
Fonte: CNBB
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