O
Papa celebrou a missa, primeira desta sua visita à Bulgária, na capital Sófia.
Francisco destacou três realidades estupendas que marcam a nossa vida de
discípulos: Deus chama, Deus surpreende, Deus ama
Raimundo de Lima - Cidade do Vaticano
“Hoje
somos convidados a contemplar e descobrir aquilo que o Senhor fez no passado,
para nos lançarmos com Ele rumo ao futuro, sabendo que sempre, tanto nos êxitos
como nos fracassos, voltará a chamar-nos convidando-nos a lançar as redes.”
Foi
a exortação do Papa Francisco na missa celebrada na tarde deste III Domingo da
Páscoa, na Praça Knyaz Alexandar I, em Sófia, capital búlgara, em seu último
compromisso deste primeiro dia de sua visita à Bulgária, aonde chegou pela
manhã no âmbito desta 29ª viagem apostólica internacional, que se concluirá na
terça-feira visitando a Macedônia do Norte.
Três realidades que marcam a vida dos discípulos
Partindo a liturgia dominical, o Santo Padre articulou a homilia da
celebração lembrando três realidades estupendas que marcam a nossa vida de
discípulos: Deus
chama, Deus
surpreende, Deus
ama.
Deus chama
Atendo-se à primeira delas, Francisco destacou o chamado que o
Senhor fez a Pedro às margens do lago da Galileia, chamando-o a tornar-se
pescador de homens. No segundo chamado, quando, após a Paixão do Senhor, Pedro
tem a tentação de retomar as redes para voltar a pescar no lago, o Senhor
recomeça do princípio, com paciência sai ao seu encontro e diz-lhe “Simão”. Era
o nome do primeiro chamado, disse o Pontífice.
“O Senhor não espera situações ou estados de ânimo ideais,
cria-os. Não espera encontrar-Se com pessoas sem problemas, sem decepções,
pecados ou limitações. Ele mesmo enfrentou o pecado e a decepção, para ir ao
encontro de cada vivente e convidá-lo a caminhar.”
“Irmãos,
o Senhor não Se cansa de chamar. É a força do Amor que subverte todas as
previsões e sabe recomeçar. Em Jesus, Deus sempre procura dar uma
possibilidade. E assim procede também conosco: chama-nos cada dia para reviver
a nossa história de amor com Ele, para voltar a fundar-nos na novidade que é
Ele.”
Deus surpreende
Quando é o chamado de Jesus que orienta a vida, o coração
rejuvenesce, acrescentou o Papa. Francisco lembrou que Deus
surpreende – segunda realidade. “É o Senhor das surpresas que convida
não só a surpreender-se, mas também a realizar coisas surpreendentes.”
“O Senhor chama e, encontrando os discípulos com as redes
vazias, propõe-lhes algo de insólito: pescar de dia, o que é bastante estranho
naquele lago. Devolve-lhes confiança, colocando-os em movimento e impelindo-os
de novo a arriscar, a não dar nada e, especialmente, ninguém por perdido. É o
Senhor da surpresa que rompe os fechamentos paralisadores, restituindo a
audácia capaz de superar a suspeita, a desconfiança e o medo que se esconde por
trás do «sempre se fez assim».”
“Deus
surpreende, quando chama e convida a lançarmos, já não as redes, mas a nós
mesmos ao largo na história e a olhar a vida, a olhar os outros e também a nós
mesmos com os seus próprios olhos que, «no pecado, vê filhos carecidos de ser
levantados; na morte, irmãos carecidos de ressuscitar; na desolação, corações
carecidos de consolação. Por isso, não temas! O Senhor ama esta tua vida, mesmo
quando tens medo de a olhar de frente e tomar a sério».”
Deus ama
Chegamos, assim, à terceira certeza de hoje, disse o Santo
Padre: Deus
ama. “Deus chama, Deus surpreende, porque Deus ama. O amor é a sua
linguagem. Por isso, pede a Pedro – e a nós – para sintonizar-se com a mesma
linguagem: «… amas-Me?» Pedro acolhe o convite e, depois de tanto tempo passado
com Jesus, compreende que amar significa deixar de estar no centro.”
Pedro reconhece-se frágil, “compreende que, só com as suas
forças, não pode prosseguir. E baseia-se no Senhor, na força do seu amor, até
ao fim. Esta é a nossa força, que somos convidados a renovar todos os dias: o
Senhor ama-nos”, prosseguiu.
“Ser
cristão é um chamado a ter confiança que o Amor de Deus é maior do que qualquer
limite ou pecado. Um dos grandes desgostos e obstáculos, que hoje sentimos,
situa-se não tanto ao nível da compreensão de que Deus é amor, mas no fato de
termos chegado a anunciá-Lo e testemunhá-Lo duma maneira tal, que, para muitos,
este não é o seu nome. Mas Deus é amor, que ama, dá-Se, chama e surpreende.”
Protagonistas da revolução da caridade e do serviço
Francisco concluiu dirigindo a todos uma veemente exortação:
Aquilo
que disse aos jovens na Exortação que escrevi recentemente, quero repeti-lo a
vós também. Uma Igreja jovem, uma pessoa jovem, não pela idade, mas pela força
do Espírito, convida-nos a testemunhar o amor de Cristo, um amor que impele e
nos leva a estar prontos para lutar pelo bem comum, a ser servidores dos pobres,
protagonistas da revolução da caridade e do serviço, capazes de resistir às
patologias do individualismo consumista e superficial. Enamorados por Cristo,
sede testemunhas vivas do Evangelho em todos os cantos desta cidade.”
Fonte: Vatican News
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