O
tema da catequese de hoje foi extraído do primeiro capítulo do Livro dos Atos
dos Apóstolos, dos versículos dois e três: “Mostrou-se a eles vivo e
ordenou-lhes de esperar o cumprimento da promessa do Pai”.
Mariangela Jaguraba - Cidade do
Vaticano
O Papa Francisco iniciou seu ciclo de
catequeses sobre o Livro dos Atos dos Apóstolos na Audiência Geral, desta
quarta-feira (29/05).
O tema da catequese de hoje foi
extraído do primeiro capítulo do livro, dos versículos dois e três: “Mostrou-se
a eles vivo e ordenou-lhes de esperar o cumprimento da promessa do Pai”.
“Esse livro bíblico, escrito por São
Lucas Evangelista, nos fala da viagem do Evangelho no mundo e nos mostra a
ligação maravilhosa entre a Palavra de Deus e o Espírito Santo que inaugura o
tempo da evangelização. Os protagonistas dos Atos dos Apóstolos são ‘um casal’
vivo e eficaz: A Palavra e o Espírito”, frisou o Papa.
A Palavra de Deus corre, é dinâmica
“A Palavra de Deus corre, é dinâmica,
irriga todo terreno sobre o qual ela cai. E qual é a sua força? São Lucas nos
diz que a palavra humana se torna eficaz não graças à retórica, que é a arte do
belo discurso, mas graças ao Espírito Santo, que é a dýnamis de
Deus, a dinâmica de Deus, a sua força, que tem o poder de purificar a palavra,
torná-la portadora de vida."
“
Quando o Espírito visita a palavra humana, ela se torna dinâmica, como
“dinamite”, capaz de iluminar os corações e anular esquemas, resistências e
muros de divisão, abrindo novos caminhos e expandindo os confins do povo de
Deus. ”
Segundo Francisco, a “Aquele que dá
sonoridade vibrante e eficiência à nossa palavra humana tão frágil, capaz até
de mentir e fugir das próprias responsabilidades, é somente o Espírito Santo,
por meio do qual o Filho de Deus foi gerado. O Espírito que o ungiu e o
sustentou na missão, o Espírito graças ao qual escolheu os seus apóstolos e
garantiu ao seu anúncio a perseverança e a fecundidade, e que garante também
hoje ao nosso anúncio”.
Viver com confiança a espera da
realização da promessa do Pai
O Papa frisou que “o Evangelho se
conclui com a ressurreição e ascensão de Jesus e a trama narrativa dos Atos dos
Apóstolos parte da superabundância da vida do Ressuscitado derramada sobre a
Igreja. São Lucas nos diz que Jesus ‘se mostrou vivo depois da sua paixão: durante
quarenta dias apareceu a eles, e falou-lhes do Reino de Deus’.”
“Cristo ressuscitado cumpre gestos
humanos, como de o partilhar a refeição com os seus discípulos, e os convida a
viver com confiança a espera da realização da promessa do Pai. Qual é a promessa
do Pai?: “Vocês serão batizados com o Espírito Santo”.
“O batismo no Espírito Santo é a
experiência que nos ajuda a entrar numa comunhão pessoal com Deus e participar
de seu desejo universal de salvação, adquirindo o dom de parresia, a coragem,
ou seja, a capacidade de pronunciar uma palavra “como filhos de Deus”, não
somente como pessoas, mas como filhos de Deus: uma límpida, livre,
eficaz, cheia de amor por Cristo e pelos irmãos.”
A salvação não se paga
Segundo o Papa, “não é preciso lutar
para ganhar ou merecer o dom de Deus. Tudo é dado gratuitamente e no seu tempo.
O Senhor doa tudo gratuitamente. A salvação não se compra, não se paga.
É dom gratuito”.
Francisco frisou que “diante da
ansiedade de conhecer antecipadamente o tempo em que os eventos anunciados por
Ele acontecerão, Jesus responde aos seus: «Não cabe a vocês saber os tempos e
as datas que o Pai reservou à sua própria autoridade. Mas o Espírito Santo
descerá sobre vocês, e dele receberão força para serem as minhas testemunhas em
Jerusalém, em toda a Judéia e Samaria, e até os extremos da terra.»”
Cristo ressuscitado convida os seus
discípulos “a não viverem o presente com ansiedade, mas a fazer uma aliança com
o tempo, saber esperar o desenrolar de uma história sagrada que não foi interrompida,
mas que avança, a saber esperar os “passos” de Deus, Senhor do tempo e do
espaço”.
Francisco disse ainda que o Senhor
“ressuscitado convida os seus a não “fabricar” a missão por si mesmo, mas
esperar que o Pai dinamize os seus corações com o seu Espírito”, a fim de que
possam dar um “testemunho missionário capaz de irradiar-se de Jerusalém à
Samaria e ir além das fronteiras de Israel a fim de chegar às periferias do
mundo”.
Unidade e perseverança
“Os apóstolos viveram juntos essa
expectativa, como família do Senhor, no Cenáculo, cujas paredes ainda são
testemunhas do dom com que Jesus se entregou aos seus discípulos na
Eucaristia.”
“Como esperam a força, a dýnamis de
Deus?”, perguntou o Papa. “Rezando com perseverança”, juntos. “Rezando na
unidade e com perseverança. É com a oração que se vence a solidão, a tentação,
a desconfiança e se abre o coração para a comunhão. A presença das mulheres e
de Maria, mãe de Jesus, intensifica esta experiência: elas foram as primeiras a
aprender do Mestre a testemunhar a fidelidade do amor e a força da comunhão que
vence todo medo”.
Francisco
concluiu a catequese, pedindo a Deus para que nos conceda “a paciência de
esperar os seus passos, de não ‘fabricar’ nós mesmos a sua obra e permanecer
dóceis, rezando, invocando o Espírito e cultivando a arte da comunhão
eclesial”.
Fonte: Vatican News
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