A Catedral do Sagrado
Coração de Jesus em Skopje foi o local de encontro de Francisco com os
sacerdotes de rito latino e bizantino e com religiosos. Em discurso, o Papa
falou dos desafios de se “fazer as contas” com a vida e através da
solidariedade, mesmo em meio à precariedade humana e de recursos, seguindo o
exemplo de Madre Teresa de Calcutá: “a história é escrita por essas pessoas que
não têm medo de gastar a sua vida por amor”.
Andressa Collet – Cidade
do Vaticano
“ Vivo com uma gratidão
especial este momento em que posso ver a Igreja respirar plenamente com os seus
dois pulmões – rito latino e rito bizantino – para se encher do ar sempre novo
e renovador do Espírito Santo. Dois pulmões necessários, complementares, que
nos ajudam a saborear melhor a beleza do Senhor (cf. Francisco, Exort. ap.
Evangelii gaudium, 116). ”
Foi dessa forma que o Papa
Francisco começou se dirigindo os sacerdotes de rito latino e bizantino e
religiosos de Skopje, na Catedral do Sagrado Coração de Jesus. No discurso, o
último da viagem apostólica de três dias que o levou à Bulgária e terminou
nesta terça-feira (7) na Macedônia do Norte, o agradecimento do Pontífice a
Deus “pela possibilidade de respirar juntos, a plenos pulmões”. O Papa também
fez questão de abordar os testemunhos que ouviu no início do encontro
para que não corram o risco de, por serem poucos, “cederem a algum complexo de
inferioridade”.
Francisco, então,
aprofundou a necessidade de se “fazer as contas na vida”, principalmente quando
as mãos e os meios são poucos para tantas obras a sustentar. “Quando isso
acontece, parece que o saldo do balanço fica ‘no vermelho’”, descreveu o Papa,
“mas, o ‘fazer as contas’ pode nos levar à tentação de olhar muito para nós
próprios e, curvados sobre as nossas realidades e misérias”, impedir “de
escutar Aquele que caminha ao nosso lado e é fonte de júbilo e alegria”, como,
por exemplo:
“[...] famílias que não
conseguem continuar, pessoas idosas e sozinhas, doentes forçados a estar na
cama, jovens tristes e sem futuro, pobres que nos lembram o que somos, isto é,
uma Igreja de mendigos necessitados da Misericórdia do Senhor. Só é lícito
‘fazer as contas’, se isso nos leva a nos tornarmos solidários, atentos,
compreensivos e solícitos em nos aproximarmos das fadigas e precariedade em que
vivem submersos muitos dos nossos irmãos necessitados de uma Unção que os
levante e cure na sua esperança.”
A história se escreve com exemplos de amor
Normalmente, disse o
Pontífice, “cultivamos fantasia sem limites pensando que as coisas seriam
diferentes se fôssemos fortes, poderosos e influentes”. Mas o segredo pode
estar em outro lugar, como apresentado por um dos testemunhos que se “abaixou
até à vida diária dos irmãos para compartilhar e ungir com o perfume do
Espírito”.
O Papa então buscou
novamente a figura e o exemplo de Madre Teresa, filha da Macedônia do Norte,
para motivar a “fazer as contas” em nome da solidariedade:
“Quantos foram
tranquilizados pela ternura do seu olhar, confortados pelas suas carícias,
levantados pela sua esperança e alimentados pela coragem da sua fé, capaz de
fazer sentir aos mais abandonados que não estavam abandonados por Deus! A
história é escrita por essas pessoas que não têm medo de gastar a sua vida por
amor.”
Muitas vezes gastamos as
nossas energias e recursos, reuniões e programações “que não só não entusiasmam
ninguém, mas não conseguem sequer levar um pouco daquela fragrância evangélica
capaz de confortar e abrir caminhos de esperança”, acrescentou o Papa ao
reforçar as palavras de Madre Teresa que disse: “aquilo de que não preciso, me
pesa”. Então, “deixemos de lado todos os pesos que nos separam da missão e
impedem que o perfume da misericórdia alcance o rosto dos nossos irmãos”.
As casas com ícones da família de Nazaré
A partir de outro
testemunho, “de alegrias e preocupações do ministério e da vida familiar”, o
Papa descreveu como é “uma casa que abriga no seu interior a presença de Deus,
a oração comum e, por conseguinte, a bênção do Senhor”. Não a partir de uma
família ‘perfeita’ ou imaculada, mas como o “ícone da família de Nazaré, com o
seu dia-a-dia feito de fadigas e até de pesadelos”, capaz de desenvolver
“dimensões importantes, mas tão esquecidas na sociedade desgastada por relações
frenéticas e superficiais: as dimensões da ternura, da paciência e da compaixão
para com os outros”.
“ Queridos irmãos, obrigado
mais uma vez por esta oportunidade eclesial de respirar a plenos pulmões. ”
Fonte: Vatican News
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